ECONOMIA
Comércio da Paraíba tem maior queda do Nordeste
Vendas sofreram recuo de 3% em janeiro, o pior desempenho entre os Estados da região e a terceira maior queda do país.
Publicado em 14/03/2015 às 6:00 | Atualizado em 19/02/2024 às 13:58
“Quem não cortar despesas vai quebrar”. Foi o que disse o empresário e presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campina Grande (CDL-CG), Artur Melo de Almeida. A declaração foi dada após a divulgação de que o comércio varejista paraibano teve queda de 3% no volume de vendas em janeiro sobre igual período do ano passado. Foi o pior desempenho entre os Estados do Nordeste e a terceira maior queda do país, ficando atrás apenas de Goiás (-5,1) e Amazonas (-4,6). Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No comércio varejista ampliado (que inclui automóveis, motos, autopeças e material de construção) a queda foi ainda maior (-5,8%). Já na comparação de janeiro sobre dezembro, as vendas registraram crescimento de 1,5%, mas o índice cresceu após o tombo de dezembro (-8,9%).
“Geralmente janeiro é um mês de queda quando comparado a dezembro devido ao Natal, mas dezembro foi muito ruim e isso influenciou. Na verdade, o histórico dos últimos três meses já é de baixas vendas. As liquidações, que são tradicionais do final de janeiro, já começaram no final de dezembro e seguiram por todo o mês de janeiro”, disse o presidente da Federação das Associações Comerciais da Paraíba, Alexandre Moura.
Para Artur Melo de Almeida, o resultado da pesquisa reflete bem o momento econômico que o país vive, com a desaceleração da economia e baixa geração de empregos. Ele ressaltou, entretanto, que o estudo realizado pelo IBGE não considera a proporção entre geração de empregos e consumo, de modo que ele acredita que para as empresas mais antigas o recuo foi ainda maior. “A pesquisa não considera, por exemplo, esse shopping novo”, disse.
O empresário afirmou que a projeção macroeconômica para este ano é de recuo, e o comércio varejista não tem como se desassociar disso. Artur Melo de Almeida observou, porém, que algumas empresas estão conseguindo driblar a crise usando a criatividade, e alguns empresários deverão sentir mais o impacto do que outros. “É um ano difícil em que vai ser necessário trabalhar dobrado e quem não cortar despesas vai quebrar”, resumiu.
Para ter uma melhor noção de como ficará a situação do comércio este ano, Alexandre Moura acredita que é necessário esperar o resultado do trimestre. Apesar disso, ele contou que em conversas com presidentes de outras associações identificou duas correntes. A corrente pessimista, que segundo ele é maioria, acredita que haverá recuo nas vendas. Já a corrente otimista, da qual Alexandre faz parte, acredita que será repetido o desempenho do ano passado, quando o comércio cresceu 2,6%. “Já seria uma grande vitória”.
APESAR DE PERDA DE RITMO, VENDAS TÊM ALTA NO PAÍS
Após um forte tombo em dezembro, o comércio varejista do país iniciou 2015 com crescimento de 0,8%. O resultado de janeiro, porém, não compensa a perda do último mês de 2014 -de 2,6%. Em novembro, o setor havia registrado expansão de 1,5%.
Em relação a janeiro de 2014, a alta das vendas do comércio ficou em 0,6%, mantendo o ritmo mais fraco também visto em dezembro (0,3%).
Em novembro, o varejo avançou 1,4% nessa base de comparação, uma desaceleração frente aos meses anteriores.
Com o dado de janeiro, o acumulado em 12 meses apresenta um crescimento de 1,8%.
O resultado mostra uma perda de ritmo do setor, que fechou 2014 com expansão de 2,2%.
DESACELERAÇÃO
Neste ano, o comércio viverá, dizem analistas, um intenso processo de desaceleração. De um lado, a inflação mais elevada compromete a renda disponível dos trabalhadores e afeta o consumo principalmente de ramos como supermercados, farmacêutica e vestuário.
Com a sinalização de piora do mercado de trabalho -alta da taxa de desemprego e menor oferta de vagas-, crédito restrito e juros maiores, os consumidores também estão menos dispostos a gastar e tomar dívidas para comprar produtos de maior valor. Diante desses desestímulos, é esperada uma piora em ramos como eletrodomésticos e móveis, veículos e informática.
PROJEÇÃO DE 1,5%
Frente a um cenário de incertezas, analistas esperam alta de 1,5% para o comércio este ano.
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