Como renegociar dívidas antes do fim do ano

Com o fim do ano se aproximando, muitas pessoas se organizam para quitar algumas dívidas, com o valor do décimo terceiro, mas também para começar a entrar em outras, já que o momento é de gastos maiores, por conta das festas e confraternizações e, para quem tem filhos, vem o acréscimo dos gastos escolares. Diante desses impasses, como renegociar dívidas antes do fim do ano? O Jornal da Paraíba conversou com o economista Bruno Frascaroli e dá dicas de como se organizar financeiramente.

Elenque prioridades para renegociar dívidas

Para iniciar um processo de organização financeira e renegociar dívidas é essencial elencar as prioridades tanto em relação às dívidas, como em relação ao que ainda precisa ser gasto.

Bruno Frascaroli recomenda priorizar as dívidas que podem, eventualmente, limitar o acesso do consumidor a algum serviço ou produto. Por exemplo, contas de energia, água e serviços de telefonia, que são essenciais para a condução da rotina.

“Para além disso, a gente sempre recomenda que seja feita um ranking com relação às taxas de juros mais elevadas, que em geral recaem sobre o caso dos cartões de crédito e cheque especial, que são extremamente abusivas, mais de 10% ao mês, isso significa as maiores taxas de juros praticadas no mundo”, detalha o economista.

O ranking deve ser feito de uma forma decrescente, considerando as dívidas com taxas de juros mais elevadas, tendo em vista que vão exigir um maior pagamento.

Após construir o ranking, é importante buscar oportunidades de renegociar as dívidas. Alguns programas podem auxiliar nesse processo. Veja alguns abaixo. 

Programas para renegociar dívidas

Para quitar dívidas, é importante pensar em programas que ajudam nesse processo, facilitando o pagamento. No âmbito do governo federal, o Desenrola Brasil permite que o consumidor participe de um leilão para renegociar suas dívidas, com desconto de até 90%. 

“É uma ótima oportunidade, mas além do Desenrola também tem alguns programas, por exemplo, do Serasa Experian, de alguns Procons e de algumas empresas específicas, por exemplo, como a Energisa, que lançou um programa próprio programa para que as pessoas possam renegociar dívidas em aberto. Então é um ótimo momento para as pessoas buscarem melhores oportunidades de quitar esses débitos”, explica o economista.

Desenrola Brasil

A meta do Programa Desenrola Brasil é que haja desconto pra renegociar dívidas de até R$ 5 mil. No caso, o governo vai oferecer aos credores uma garantia por meio do Fundo de Garantia de Operações (FGO), um fundo com recursos do Tesouro Nacional voltado para garantir parte do risco de empréstimos e financiamentos.

A ideia é que o FGO arque com as parcelas negociadas caso o cliente pare de pagar e isso deve diminuir o risco de inadimplência para as instituições financeiras e, na prática, facilitar a adesão das empresas.

O programa é dividido em duas faixas, prevendo o perdão de dívidas de até R$ 100.

• Veja como funciona o Programa Desenrola para renegociar dívidas

Para participar, os interessados devem obrigatoriamente se inscrever no gov.br. Sem esse cadastro, não é possível acessar o sistema e renegociar dívidas. No entanto, ainda a etapa de negociação ainda não começou.

A conta gov.br é gratuita e permite comprovar a identidade do cidadão. No caso do Desenrola, os devedores terão de habilitar contas de nível Prata ou Ouro.

Renegociação da CDL e Energisa

A segunda fase do programa do Governo Federal, Desenrola Brasil, entrou na sua última semana para renegociar dívidas e a Energisa, que aderiu ao programa, está oferecendo até 75% de desconto nas dívidas de clientes elegíveis em toda Paraíba. As negociações podem ser feitas através da plataforma do Desenrola, disponível no site www.gov.br/desenrola até o dia 29 de outubro.

O cliente que desejar aderir ao Desenrola precisa se cadastrar no portal do governo e ter as certificações Ouro ou Prata, que podem ser adquiridas num processo simples, mas que pode gerar dúvidas. Por isso, a Energisa, em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas de João Pessoa (CDL) está realizando atendimentos na sede, que fica na Rua Treze de Maio, 277 – Centro, para atender os consumidores, tirar as dúvidas e orientar como fazer para quitar as dívidas através da plataforma. 

Além disso, as agências da concessionária espalhadas pelo Estado e os canais de atendimento online, também estão mobilizados e prontos para tirar todas as dúvidas e orientar os consumidores elegíveis a acessarem o programa do governo e conseguir negociar.

Veja os critérios de elegibilidade para o cliente renegociar dívidas:

- Ser pessoa física com renda de até 2 salários mínimos (média entre janeiro e maio de 2023) ou inscrita no CadÚnico;

- Possua dívidas que foram negativadas até 31/12/2022 e que permaneçam ativas em 28/06/2023;

- Data de vencimento a partir de 01 de janeiro de 2019;

- Valor da negativação seja igual ou inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por apontamento

Programa de Regularização Fiscal - Refis

O Programa de Regularização Fiscal da Prefeitura de João Pessoa, oferecendo descontos nas multas e juros aos contribuintes com débitos na administração municipal.

O incentivo que chega à redução de até 90% nas multas e 100% juros no refinanciamento será válido até o próximo dia 17 de novembro, para dívidas em qualquer fase da cobrança administrativa ou judicial.

As negociações podem ser feitas envolvendo o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Taxa de Coleta de Resíduos (TCR), Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e multas de construção, meio ambiente e Procon.

O contribuinte que quiser aproveitar deve comparecer ao auditório do Centro Administrativo Municipal (CAM), em Água Fria, de 8h às 17h, com atendimentos por ordem de chegada.

Como aproveitar os programas para renegociar dívidas?

O economista explica que, por meio desses programas, a redução do valor da dívida pode ser mais significativa, considerando que os canais oportunizam um leilão, ou seja, várias instituições financeiras podem comprar essa dívida.

“Como já existe a questão da portabilidade do endividamento, elas podem comprar essa dívida oferecendo, inclusive, descontos mais significativos. De repente, uma dívida de mil reais pode cair para algo próximo de duzentos, dependendo do perfil e dependendo da modalidade em que a pessoa estiver endividado. Então é uma excelente oportunidade e essa plataforma gov.br oferece uma oportunidade mais ampla de negociação”, explica o economista Bruno Frascaroli.

Como conciliar gastos de fim e início do ano com as dívidas?

Para controlar os gastos que são inevitáveis no fim do ano e início do ano seguinte, é essencial fazer um planejamento financeiro, estabelecendo autoconhecimento em relação ao comportamento do ponto de vista financeiro.

Bruno Frascaroli explica que, a partir do momento que se faz um planejamento, é possível identificar os ítens que despendem mais gastos e, a partir disso, traçar um objetivo, ou seja, quitar dívidas, deixar uma reserva para aqueles gastos de início de ano, mensalidade e material escolar, além de impostos que são em geral cobrados no início de ano. 

Se, eventualmente, for necessário fazer algum gasto, com o planejamento financeiro, será possível identificar a prioridade e levar em consideração os gastos que são imprescindíveis, de acordo com as preferências e características do orçamento familiar.

Uma dica importante do economista é não fazer o orçamento familiar em cima do cartão de crédito. “Quando as pessoas vão comprando financiado no cartão de crédito, a gente tem que lembrar que isso vai imobilizando uma parte do valor daquela fatura que mesmo quando a pessoa toma ciência que ela precisa cortar gastos, isso não significa de imediato uma queda no valor da fatura do cartão, e isso é perigoso exatamente por conta de que as taxas de juros que incidem sobre essa modalidade de financiamento são as mais elevadas”, explica.

Para Bruno Frascaroli todo hábito começa eventualmente de uma provocação. Para transformar a organização financeira em rotina, é fundamental saber qual o padrão orçamentário da família, quais os gastos fixos e como essa renda pode ser planejada.