ECONOMIA
Mulheres estudam mais e têm salário menor que os homens
Média salarial paraibana feminina, incluindo todos os graus de instrução, é de R$ 1.747, valor 6,53% menor que a média masculina que corresponde a R$ 1.861.
Publicado em 08/03/2016 às 7:00
As mulheres correspondem a 42,73% da mão de obra paraibana, mas são maioria no que se refere ao grupo de trabalhadores com ensino superior, com participação de 58,59%, conforme os dados da Relação Anual das Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego de 2014. Contudo, há muitas diferenças no que se refere ao salário. A remuneração das trabalhadoras com ensino superior incompleto (R$ 1.469 ) chega a ser 33% menor que dos homens (R$ 2.193) com o mesmo nível de escolaridade.
Já a média salarial paraibana feminina, incluindo todos os graus de instrução, é de R$ 1.747, valor 6,53% menor que a média masculina (R$ 1.861). A diferença não parece grande comparando as médias dos dois grupos, mas aumenta quando consideramos a faixa com o maior nível de escolaridade. Trabalhadoras com ensino superior completo têm média salarial de R$ 3.037, quantia 31,34% inferior à média masculina (R$ 4.423).
Para a psicóloga organizacional e coordenadora de pós-graduação de gestão de pessoas do Unipê, Maria Helena Morais, o ambiente de trabalho ainda é machista, mesmo no século 21. “Ainda é muito difícil para a mulher se impor, mesmo considerando todas as vitórias já conquistadas. Esta questão de diferença salarial representa uma incoerência, considerando que estamos falando de pessoas com mesma qualificação para uma mesma função. Estou falando de uma diferença que já chegou a 80% para uma mesma função de uma mesma empresa”, ressaltou a psicóloga.
A hegemonia masculina é verificada em atividades como vendas externas ou distribuição de alimentos ou de medicamentos, segundo Maria Helena Morais, mas em atividades como as de telemarketing, as mulheres lideram. Entretanto, ela frisa que são funções com baixa remuneração, normalmente próxima ao valor de um salário mínimo, para uma carga horária de seis horas de trabalho.
Empresas reduzem contratações devido a licença-maternidade e existência de filhos pequenos .
No processo de contratação, os empregadores ainda fazem distinção entre os sexos, preterindo as mulheres por causa de questões como licença-maternidade e cuidados com os filhos. De acordo com a psicóloga organizacional Maria Helena Morais, apenas o desejo de maternidade já é uma questão negativa para as mulheres numa entrevista de emprego. “Há casos em que o entrevistador pergunta se a candidata à vaga de emprego tinha planos de ser mãe, ou de o empregador demitir a funcionária, quando ele sabe que ela está tentando engravidar”, exemplifica a coordenadora.
Maria Helena afirma que muitos empregadores ainda têm o pensamento de que a mulher produz menos porque engravida. “Eles consideram não só o período de licença-maternidade, mas o fato de que é a mulher que falta ao trabalho quando o filho adoece, ou que tem que prover o lar de tudo, quando é mãe solteira.
Já presenciei vários casos em que o empregador exigiu aos selecionadores que a vaga fosse ocupada por um homem. Além da questão da maternidade, tem a aparência. A mulher não pode ser gorda, tem que seguir um determinado padrão de beleza”, explica a psicóloga.
Mas ela pondera que estas questões não são uma política de todas as empresas. “Felizmente, há muitos empregadores que apreciam as qualidades das trabalhadoras, como o compromisso, a responsabilidade e a competência”.
Acesso dos homens
Os dados da Relação Anual das Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego de 2014 apontam que os homens tiveram mais acesso ao mercado de trabalho, naquele ano, com relação a 2013. No saldo de empregos de 2014 foram criados 10.165 empregos para homens e 9.773 para mulheres, mas em termos percentuais, os índices foram de crescimento de 2,68% e 3,48%, respectivamente, sobre a base de trabalhadores.
No recorte do grupo com escolaridade de ensino médio, o ingresso de novos trabalhadores cresceu 7,44% (saldo de 10.968 contratados), enquanto que no público feminino, a alta foi de 5,79% (6.894 contratações). Já no grupo entre os que concluíram o ensino superior, as mulheres lideraram as contratações (8.088), com crescimento de 10,70%. Mas relativamente os homens cresceram mais: 12,26%, com 6.462 novos empregos.
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