ECONOMIA
Mulheres lideram desemprego
Apesar do índice registrar recuo, taxa encerrada em março deste ano em 11,4% continua superando todas as médias.
Publicado em 04/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 16:21
As mulheres nordestinas apresentaram a maior taxa de desemprego do país no primeiro trimestre deste ano. Apesar do índice registrar recuo de 2,3 pontos percentuais sobre o primeiro trimestre do ano passado, a taxa encerrada em março deste ano em 11,4% continua superando todas as médias, inclusive da Região (9,3%), ficando bem acima dos homens nordestinos (7,9%).
A média nordestina feminina também é bem acima das outras regiões do país como Norte (10,5%), Sudeste (8,4%), Sul (5,4%) e Centro-Oeste (4,6%). A média de mulheres brasileiras ficou em 8,7%.Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de cair 1,6 ponto percentual sobre o primeiro trimestre do ano passado, a taxa de desemprego do Nordeste (9,3%) no primeiro trimestre deste ano ainda supera também todas as regiões do país: Norte (7,7%), Sudeste (7%), Centro-Oeste (5,8%) e Sul (4,2%). Já a taxa de desemprego, em nível nacional, ficou em 7,1% no primeiro trimestre deste ano, acima dos 6,2% dos últimos três meses de 2013.
NO PAÍS
Na média de 2014, a taxa se de desemprego do país (7,1%) se situou num patamar mais elevado do que nas seis regiões metropolitanas do país (na faixa de 6%) - o que já era esperado por analistas, pois são áreas onde há mais competição por mão de obra e renda mais elevada. No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego nessas áreas foi de 5% - a mais baixa desde 2002.
O IBGE diz que as pesquisas não são comparáveis, pois a Pnad tem uma abrangência maior e um questionário diferente.
Tal fator permite que membros secundários das famílias (em geral, jovens e mulheres) saíam do mercado de trabalho em busca de uma oportunidade melhor ou por opção (estudar, cuidar dos filhos) com o "lastro" de um rendimento familiar que ainda cresce - apesar da freada dos salários desde o fim de 2013.
Pelos dados da nova pesquisa, o contingente de desempregados no país somou 7 milhões -15,7% a mais do que nos últimos três meses de 2013 e 9,7% abaixo do registrado de janeiro a março de 2013. Já o total de ocupados caiu 0,7% ante o quarto trimestre e subiu 2% frente aos três primeiros meses de 2013, segundo o IBGE.
Poucos são os analistas que preveem os dados da Pnad Contínua. Dentre os que fazem previsão, esperam uma aceleração da taxa neste ano, chegando a 8% na média de 2014 diante da menor oferta de trabalho e de uma retomada da procura por emprego, com o cenário de desaceleração da economia -revelado pelos dados do PIB do primeiro trimestre, que apontou um crescimento de apenas 0,2% frente aos três últimos meses de 2013.
DIVULGAÇÃO RETOMADA
Em abril, quando da última divulgação, a direção do IBGE abriu uma crise institucional que abalou o órgão ao suspender a apresentação dos dados da pesquisa neste ano. Após a repercussão negativa, a diretoria do órgão IBGE voltou atrás e decidiu manter o calendário original da Pnad Contínua. A pesquisa, porém, só trará informação sobre rendimento (o ponto mais problemático de toda a crise) em 2015.
A diretoria do IBGE afirmou no mês passado que os estudos para estimar a renda domiciliar per capita estão sendo realizados a fim de cumprir, já em 2015, a lei que alterou a regra de distribuição do Fundo de Participação dos Estados, de 2013.
O pedido de informações de senadores e a contestação deles sobre as margens de erro discrepantes entre os Estados o que poderia gerar contestações na Justiça foram o estopim da crise no IBGE.
É que, após o pedido, a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, e a maioria do conselho decidiu interromper as divulgações. A alegação de Bivar era que não havia pessoal suficiente para rever o indicador de renda e preparar os dados coletados para a divulgação.
O corpo técnico reagiu à decisão. Duas diretoras contrárias à decisão pediram exoneração e 18 coordenadores colocaram seus cargos à disposição. O grupo da área de emprego e rendimento se comprometeu a formular uma cronograma de trabalho para fazer os estudos sobre a renda e uma proposta para manter o calendário de divulgações que estava suspenso até janeiro de 2015.
Em entrevista à Folha, Bivar afirmou que 'seria bobagem' dizer que a reação não fez o IBGE voltar atrás e retomar a divulgação da pesquisa. Bivar considerou ainda que a discussão se intensificou em torno da paralisação das divulgações e ganhou força - com repercussão na mídia e nos meios sindicais e políticos - pelo fato "de ter sido um ano eleitoral", o que "contou para essa avaliação [negativa]" da decisão.
GREVE
O IBGE diz que todo o seu calendário de pesquisas está mantido, pois a greve é parcial e não afetou nem coleta de dados nem sua preparação para a divulgação. O sindicato, por sua vez, afirma que há risco, dependendo da adesão e do tempo de greve nas pesquisas de emprego, inflação, indústria e PIB. A categoria só havia garantido a divulgação da Pnad Contínua, pois foram contrários à sua suspensão.
O IBGE assegura, se for preciso, fará até com remanejamento de funcionários entre os Estados para manter as pesquisas. O IBGE estima em cerca de 15% a adesão. O sindicato dos servidores fala em 70%. (Com agências Folhapress e Brasil).
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