ECONOMIA
PB tem 2ª maior alta do custo da construção
Com uma variação de 3,31%, o Estado só perdeu para o Rio de Janeiro, que apresentou aumento de 4,46%.
Publicado em 07/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 30/01/2024 às 14:05
A Paraíba teve o segundo maior reajuste mensal do Brasil no Índice Nacional da Construção Civil (INCC), no mês de maio.
Com uma variação de 3,31%, o Estado só perdeu para o Rio de Janeiro, que apresentou aumento de 4,46%. O custo do metro quadrado na Paraíba é o maior do Nordeste, atingindo R$ 874,14. Na região, a maioria dos estados apresentaram queda ou crescimento abaixo de 1%, à exceção de Sergipe, que teve o segundo maior reajuste (2,91%).
Nos primeiros cinco meses do ano, o custo das construções no Estado tiveram aumento de 4,62%, enquanto o acumulado dos 12 meses anteriores soma 5,65%. Considerando a desoneração da folha de pagamento – medida do governo que substituiu a contribuição de 20% sobre o valor da folha para 2% da receita bruta –, o setor de construção na Paraíba apresentou reajuste de 3,31%. No ano, o aumento foi de 4,62%, e entre maio de 2013 e maio de 2014, subiu 5,65%. Nos dois quadros, a Paraíba teve o segundo maior reajuste do Brasil.
A desoneração da folha, que foi implantada entre abril e junho de 2013, foi reintroduzida através da Lei 12.844 de 19 de julho de 2013. Com isso, empresas dos setores de construção de edifícios, instalações elétricas e hidráulicas, acabamento e outros serviços ligados ao setor tiveram o benefício prorrogado até dezembro de 2017. Entretanto, obras de incorporação imobiliária – referentes à construção de condomínios – não são contempladas. A desoneração se aplica aos contratos posteriores ao dia 1º de abril de 2013.
Para o corretor e especialista no mercado de imóveis Fábio Henriques, o aumento do preço é um fator positivo para a Paraíba. “As obras estão sendo mais valorizadas e, diga-se de passagem, sem bolha especulativa. Toda a cadeia produtiva está crescendo junto, hoje temos uma das maiores qualidades de construção do Nordeste”, comemora. Não obstante, a escassez de mão de obra qualificada entre os fornecedores eleva o custo da obra. “O Brasil tem essa carência. Para ter uma obra valorizada, o fornecedor também tem que ter qualidade, e às vezes é preciso pagar mais para isso. A produção local é pequena para a demanda das construtoras, mas temos um dos melhores custos-benefícios”, acredita.
O diretor da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil, Irenaldo Quintans, defende que o mercado imobiliário em João Pessoa teve aumentos significativos nos últimos anos, mas não tanto quanto outras regiões do Brasil, como São Paulo e Brasília.
“Atualmente o mercado passa por um processo de desaquecimento e está encontrando um ponto de equilíbrio, uma acomodação entre demanda e oferta. Assim, os reajustes devem acompanhar os índices de inflação e do INCC. Antes havia uma demanda reprimida, o que ocasionou a alta nos preços dos imóveis”, afirma.
ACORDO COLETIVO PUXOU ALTA
O INCC considera os reajustes nos preços dos materiais quanto da mão de obra, mas não inclui o terreno (área). E o principal responsável pelo alto reajuste na Paraíba foi o segundo elemento, que subiu 8,99%. O último reajuste havia sido em fevereiro, quando o custo caiu 0,03% e, antes disso, em maio do ano passado, quando teve recuo de 3,31%. O preço dos materiais em geral apresentou retração de 0,54% após quatro meses de aumentos sucessivos.
De acordo com o gerente do Sinapi, Augusto Sérgio, a homologação do acordo coletivo entre a classe dos trabalhadores e o sindicato da construção foi o que arrastou o aumento dos custos na Paraíba e nos demais estados onde houve reajustes salariais. “O custo da mão de obra fica em torno de 40% do custo total, dependendo da época. É um peso significativo”. Na Paraíba, a mão de obra representa R$ 372,30 considerando a desoneração. Já os materiais custam R$ 503,40 por metro quadrado. Fábio Henriques explica que o mês de maio é quando geralmente ocorrem as negociações salariais junto aos sindicatos, o que em parte explica o aumento. Em maio de 2013 o setor pôde sentir os primeiros efeitos da desoneração da folha.
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