Produção de grãos tem a maior queda em 12 anos na Paraíba

Jean Gregório
Do Jornal da Paraíba

A escassez das chuvas na região do semiárido paraibano provocou a maior queda da safra de grãos dos últimos 12 anos. De acordo com os dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgados ontem pelo IBGE, a produção no campo foi de apenas 28 mil toneladas em 2010, o que representa uma retração de 84% quando comparada à safra do ano passado (172,8 mil). A safra deste ano somente foi superior ao ano de 1998 (12,8 mil toneladas), considerada a pior dos últimos 20 anos.

Se comparado ao prognóstico do IBGE em janeiro deste ano, a queda é ainda maior e chega a 90%. A projeção era de que o campo paraibano colhesse 271 mil toneladas. As maiores perdas foram de arroz que chegou quase a totalidade (96%), e das culturas do milho (93%) e do feijão (83%), quando comparada ao prognóstico de janeiro deste ano.

Segundo a analista agrícola do IBGE, Fernanda Teixeira, “as precipitações ficaram abaixo da média em todas as regiões do estado, com maiores desvios percentuais nas áreas do Sertão e do Cariri. Além de perdas fortes, muitos produtores dessas duas microrregiões deixaram de plantar ao longo do ano”, comentou Fernanda, que atribui a estiagem do semiárido ao fenômeno El Niño, que altera sistema as massas de ar do oceano e reflete no tempo e no clima do planeta.

De acordo com o levantamento, o arroz com a colheita de apenas 479 toneladas em 2010 a cultura registrou o maior índice de perda entre os produtos listados a queda foi de 79% em relação à safra passada e de 96% sobre o prognóstico. O milho, que representava até o ano passado o maior volume de grãos do Estado, registrou queda de 89% menor em relação ao ano passado e colheu 11,1 mil toneladas. A retração chega a 93% sobre o primeiro prognóstico de janeiro. O feijão, mesmo registrando forte queda de 79% sobre a safra passada, terá a maior produção entre as culturas de grãos (12,8 mil toneladas).

“O feijão representou 45% da safra deste ano e superou o milho (40%) em volume. Essa produção, ainda que seja pequena, teve significativa contribuição das áreas produtoras no litoral, especialmente na Grande João Pessoa, e de algumas áreas menores distribuídas pelo Estado que registram precipitações acima do Sertão, mas semelhante às demais culturas temporárias não deixou de ser atingida fortemente pela seca”, comenta Fernanda.