ECONOMIA
Projeto utiliza pneus na geração de energia
Projeto visa à elaboração de geradores de energia a baixo custo e chama a atenção pela utilização de pneus e restos de ferro velho.
Publicado em 16/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 19/01/2024 às 15:23
Com tantas discussões sobre sustentabilidade acontecendo ultimamente, o desenvolvimento de trabalhos tecnológicos que empregam elementos geralmente descartados no meio ambiente vêm ganhando cada vez mais reconhecimento. E uma dessas iniciativas ocorre justamente em um dos laboratórios do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), em João Pessoa.
Coordenado pelo professor doutor do departamento de Tecnologia em Automação Industrial Marcelo Paz, o projeto que visa à elaboração de geradores de energia a baixo custo chama a atenção, principalmente pela utilização de materiais como pneus e restos de ferro velho.
“Atualmente, estamos construindo esta turbina eólica – um aerogerador – para servir como protótipo didático que poderá ser aplicada também no semiárido nordestino. Uma turbina eólica é um dispositivo que transforma energia do vento em energia elétrica”, explica Paz.
“A diferença desta turbina para outras é que ela é feita com uma tecnologia de fácil compreensão e manuseio, utilizando materiais de reuso da indústria automobilística, como pneus velhos, requerendo menos processos de produção, uma vez que as peças já estão quase prontas”, acrescenta, frisando também a importância da ação para estudantes do ensino médio e do curso de automação industrial.
Conforme o professor, durante a realização das atividades, os integrantes do projeto colocam em prática, acima de tudo, os conhecimentos técnicos e matemáticos apresentados durante as aulas.
“O trabalho é feito com bolsistas e voluntários dentro do programa de extensão com foco no estágio obrigatório dos cursos do ensino médio integrado em mecânica e dos trabalhos de conclusão dos cursos técnicos. Como se trata de um aerogerador, muitas técnicas são desenvolvidas nos laboratórios de processos mecânicos: usinagem, ajustagem e soldagem”, comenta.
Destacando o bom preparo e a integração da equipe, Paz revela que o projeto já foi aceito em eventos importantes como o Congresso Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação e o Brasil Windpower, feira especializada no mercado de energia eólica brasileiro e latino-americano.
Ele observa, ainda, que o projeto aguarda a aprovação do Programa de Bolsas de Extensão (Probex) 2014. “Uma vez sendo avaliado e ganhando a bolsa, poderemos finalmente terminar de fabricá-lo”, torce.
De acordo com o professor, os benefícios da construção de um gerador com pneus e resíduos de automóveis são muitos e podem ser decisivos para o progresso de certas regiões.
“O objetivo é usar essa tecnologia em pequenas comunidades agrícolas para que possamos, por exemplo, bombear a água que abastece as casas e irriga as plantações”, menciona, destacando que investimentos na área são primordiais para difundir a cultura energética limpa entre estudantes e pesquisadores.
PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL ENCONTRA BARREIRA
Apesar da importância de ações como essa para a sociedade, o professor Marcelo Paz lamenta a falta de políticas que incentivem a produção energética de maneira sustentável. “As dificuldades ainda são as mesmas: incidência de tributação sobre uma energia que deveria ser incentivada, custo de instalação e dificuldade de financiamento”, enumera. “A necessidade é atualíssima e aumenta com o crescimento da população. Qualquer esforço nesta área seria bem vindo”, continua.
Segundo o especialista, passados 2 anos desde a regulamentação da geração de energia éolica em pequena e grande escala, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o governo, a agência reguladora e o mercado ainda discutem medidas para incentivá-la e tornar a modalidade competitiva.
“Atualmente a produção de eletricidade se dá através de equipamentos caros, que dependem de enormes máquinas que transformam a energia dos ventos em energia elétrica. E a energia dos ventos vem do sol que aquece a terra e dos movimentos da própria terra que ocorrem a todo instante”, ressalta.(Especial para o Jornal da Paraíba)
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