ECONOMIA
Softwares auxiliam na inclusão tecnológica
Plataformas e aplicativos facilitam a vida de deficientes visuais em tarefas do cotidiano.
Publicado em 28/01/2015 às 6:00 | Atualizado em 27/02/2024 às 18:14
A integração entre a tecnologia e as pessoas com deficiência visual já possui plataformas facilitadoras há muitos anos, mas o crescimento dos smartphones no mercado mundial também impulsiona os investimentos em outras ferramentas que aproximam esse público das novidades.
São softwares que conseguem ler telas para o usuário, aplicativos que permitem digitar em Braille, que traçam rotas seguras até o local desejado e até que apontam lâmpadas ou janelas abertas, facilitando a vida dos deficientes.
Este é o caso da deficiente visual e dona de casa Luíza Cavalcante, que aos 35 anos considera-se mais 'conectada' com a tecnologia do que muitos adolescentes da sua família e usa ela a seu favor. Ela iniciou o contato com os computadores, há quase 15 anos, mas recentemente vem investindo em aplicativos no smartphone, com a ajuda das suas sobrinhas.
“Por ser deficiente desde os meus 15 anos, quando muita coisa começava a 'estourar', fiquei meio órfã dessas novidades. Então pedi para os meus pais investirem em um computador anos depois”, explicou.
O computador foi presente no aniversário de 19 anos e com a ajuda de outros deficientes visuais, conseguiu utilizá-lo através de softwares desenvolvidos especialmente para deficientes visuais. “Demorei uns 4 anos para aprender o Braille, mas depois que aprendi, ninguém me segurava”, brincou.
Luíza garante que faz tudo sozinha. Ligações, SMS e até grava vídeos, tudo através do seu smartphone. “Obviamente não foi fácil, exigiu muita pesquisa e até um certo investimento, mas valeu a pena e espero que cada vez mais deficientes tenham acesso a esse tipo de tecnologia. Quero que todos experimentem isso”, afirmou. Quando ela se refere ao acesso, Luíza vai direto ao ponto: “Questão financeira mesmo. Muitos aplicativos são pagos, não rodam em celulares de menor valor e por aí vai. Não acho justo, isso distancia muita gente ainda”.
O investimento em tecnologia para deficientes não deveria se restringir apenas aos computadores, é o que defende o desenvolvedor de aplicativos José Matos, que espera o maior crescimento no ramo dos smartphones. “Investir nesses softwares e aplicativos é necessário, por também se caracterizar como forma de inclusão social”, lembrou. “Somos todos cidadãos e consumidores, então porque não tornar os smartphones, líderes de venda, mais acessíveis para os deficientes?”, perguntou. Matos também defende uma baixa de preços em produtos e softwares voltados a este público, que facilitaria a integração. O desenvolvedor também indicou alguns aplicativos que ainda são pouco utilizados por esse público, principalmente pela baixa divulgação.
“Recentemente vi o Digit-eyes, que permite que você 'insira' códigos de barras autoadesivos em vários itens que podem ser reconhecidos através da câmera do celular; o Light Detector, que avisa quando há uma lâmpada acesa ou janela aberta no ambiente, auxiliando no dia a dia também. Ambos são facilitadores de tarefas do dia a dia”, comentou. “O único 'defeito' é que só estão disponíveis para aparelhos Apple, que rodam com iOS”, lembrou.
APPS POSSUEM COMANDO POR VOZ
Além do Digit-eyes e do Light Detector, o TypeInBraille também está disponível para smartphones, permitindo que o usuário escreva em braille, que é útil para uma pessoa que consegue enxergar se comunicar com outra que não consegue. Todos são pagos e podem ser obtidos através da loja de aplicativos da Apple.
O BlindSquare é a versão do foursquare que 'recita' locais próximos, como bares, lojas e praças, ajudando o usuário a chegar no local que escolher, saindo da sua localização atual. Assim como o TypeInBraille, também só está disponível para o iOS e custa 30 dólares.
Para os usuários de Android, o aplicativo Georgie (que 'recita' a função que está sendo executada) aumenta a função de comando por voz, tornando-a mais potente. Além do CPqD, que é mais completo e oferece uma interface personalizada e de navegação simples, facilitando o uso de deficientes visuais. Ambos são gratuitos e podem ser adquiridos através da loja Google Play.
O uso do computador também vai além dos softwares que digitam e até conseguem ler em braille, recitando para o usuário.
Recentemente, os maiores sites de notícias e conteúdos diversificados vêm investindo em opções de 'ouvir' para esse público, permitindo que tenham acesso à notícia. O Jornal da Paraíba é um dos portais que possuem essa ferramenta em todas as notícias do site. ( Especial para o JP)
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