ECONOMIA
Unidos em casa e também nos negócios
Contrariando especialistas que caracterizam este tipo de negócio como complexo, casal mantém empresa juntos há mais de 10 anos.
Publicado em 11/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 15:55
Há mais de uma década trabalhando na mesma empresa, do ramo de jornais e revistas, Maria de Oliveira, 39 anos, e Roselito Pereira, 52 anos, são um exemplo de que a sociedade entre casais pode engrenar e ser próspera.
Contrariando as vozes de alguns especialistas que caracterizam este tipo de negócio como complexo ou mesmo nocivo ao relacionamento e a empresa, o casal aliou cumplicidade e confiança nos dez anos que trabalham juntos como sócios e revelam que a união no casamento pode se estender também aos negócios.
O pontapé para a abertura da 'Banca Planalto' foi de Maria de Oliveira, que já trabalhava neste segmento como empregada. A sociedade do casal com a 'Banca', que fica localizada na avenida Cruz das Armas, em João Pessoa, começou há 16 anos, período em que eles se casaram.
“De repente surgiu a ideia de montar um negócio só nosso e meu marido incentivou. Então pedi demissão do meu antigo emprego”, contou Maria.
O investimento para o empreendimento contou com a colaboração dos dois, mas no início somente Maria de Oliveira trabalhava no estabelecimento. Até então, o marido continuava com a rotina normal, trabalhando como funcionário de uma empresa de Carro Forte.
Os clientes e cresceram e também os negócios. Eles deram tão certo que após cinco anos de implantado Roselito Pereira pediu demissão e foi ajudar a esposa. “Com o tempo também tive que dividir o trabalho na banca e os meus três filhos”, recordou Maria de Oliveira.
Até hoje, eles têm como fonte de renda a Banca de Revista e destacam que há mais vantagens do que desvantagens em ter um negócio com o companheiro.
“Esse tipo de sociedade não é fácil, principalmente conciliar a vida doméstica com a profissional, mas vejo que o saldo é bem mais positivo do que negativo. Dividimos as ideias para o negócio juntos, mas também dividimos os problemas e pensamos saída. Contudo, ele me deixa muito à vontade no meu trabalho”, confessou.
CUIDADOS
O consultor empresarial José Carlos Ignácio afirma que "a ajuda mútua entre casais é a causadora de uma sinergia laboral" e significa um desempenho muito melhor no trabalho a dois do que individualmente. Porém, como tudo na vida, essa relação na empresa pode trazer desvantagens e uma delas, segundo José Carlos, é a “mistura entre as questões profissionais e as familiares”, que resulta em prejuízo em casa e no trabalho.
Apesar de reconhecer ser mais complexa uma sociedade entre cônjuges, José Carlos Ignácio afirma que há a possibilidade de sucesso nesta parceria. “Isso, se capitalizados os fatores cumplicidade e objetivos comuns”, aponta o consultor.
Para os especialistas, se o casal tiver opiniões e maneira de pensar muito parecidas ou que se complementem, é possível criar uma dupla imbatível, com resultados ainda mais admiráveis. Mas o resultado satisfatório não deve depender dessa condição.
O levantamento do International Stress Management do Brasil (Isma-BR) mostra que o relacionamento de casais que trabalham em uma mesma empresa é mais agradável. De acordo com a pesquisa, isso ocorre devido à compreensão e ao menor desgaste emocional.
O estudo aponta ainda que 80% dos casais entrevistados que trabalham juntos lidam melhor com as angústias e com a carga horária do companheiro. Em contrapartida, apenas 37% dos parceiros que trabalham em organizações diferentes têm a mesma estabilidade na relação.
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