Diretores defendem proibição de celular em escolas da PB

Karoline Zilah
e Phelipe Caldas

A lei estadual que proíbe o uso de telefone celular dentro de salas de aula das redes pública e privada de ensino em toda a Paraíba, de autoria do deputado estadual Nivaldo Manuel (PMDB), só foi publicada no Diário Oficial do Estado da Paraíba nesta quarta-feira (4), mas já conta com o apoio de diretores de escolas. Eles aprovaram a atitude da Assembleia Legislativa, que no último dia 20 de outubro derrubou por 20 votos a 10 o veto apresentado pelo governador José Maranhão (PMDB) ao projeto de lei.

O desvio de atenção e a utilização do aparelho eletrônico como instrumento para fraudes são os principais pontos levantados pelos diretores para apoiar a causa. De acordo com o vice-diretor do Liceu Paraibano, Manoel Geraldo, a restrição chegou tarde, mas ainda está em tempo de mudar a mentalidade dos alunos.

Ele acredita que a presença de celulares em sala de aula se tornou um problema para os professores há muito tempo, causando transtornos que poderiam ter sido evitados mais cedo. “A medida é dura para os alunos, porque hoje eles não se imaginam vivendo sem celular”, falou Manoel. “Como professores, nós sabemos o quanto é difícil dar continuidade a um conteúdo com os celulares tocando”, complementou.

Para Karamuh Martins, diretor do Motiva Ambiental, em João Pessoa, o aparelho tem gerado problemas de naturezas diversas, desde dificultar o aprendizado até ser usado para que os estudantes colem em provas. “Dentro dessa perspectiva, entendo que a lei é pertinente e deve ser praticada”, explicou.

Ambos os diretores apostam no diálogo com os alunos como forma de educá-los para que eles respeitem a nova lei. “É necessário um trabalho de divulgação para que eles compreendam os prejuízos trazidos pelo manuseio do aparelho em sala, e também para que entendam que lei deve ser cumprida. Muitas vezes eles não têm uma estrutura familiar que os oriente neste sentido”, disse o diretor do Liceu.

Segundo ele, a campanha preventiva deverá ser o primeiro passo para controlar a utilização dos celulares nas escolas. No entanto, para as escolas públicas ainda é preciso aguardar a orientação da Secretaria de Estado da Educação sobre como proceder caso os estudantes sejam flagrados com o aparelho.

No caso do Colégio Motiva, o diretor Karamuh afirmou que a escola antecipou esta política. “Nosso procedimento é permitir que os celulares permaneçam desligados na bolsa do aluno. Caso ele tenha necessidade de entrar em contato com a família, a escola é a melhor ponte para intermediar”, explicou. Como medida de punição, caso o estudante seja flagrado, o aparelho é recolhido por um coordenador e entregue ao pai ou responsável.

Posição do Governo

O secretário de Educação do Governo da Paraíba, Sales Gaudêncio, falou sobre quais medidas serão adotadas para garantir “a regulamentação e o cumprimento da lei”.

Ele disse que inicialmente vai reunir todos os representantes das regionais de ensino da Paraíba para juntos definirem como ocorrerá a fiscalização nas escolas estaduais e que tipo de punição será dada ao estudante flagrado com aparelho de celular ligado em sala de aula.

Sales Gaudêncio explicou ainda que, num segundo momento, os diretores das escolas serão avisados sobre as medidas a serem adotadas. “Tudo o que posso dizer no momento é que a lei será cumprida da melhor forma possível, para garantir o cumprimento da lei e um melhor desempenho dos estudantes em sala de aula”, resumiu o secretário.