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ESPORTES

O que se sabe sobre investigação de esquema de apostas no futebol em 12 estados

Entenda a operação do Ministério Público de Goiás que investiga esquema de apostas no futebol.

Publicado em 17/05/2023 às 16:25


                                        
                                            O que se sabe sobre investigação de esquema de apostas no futebol em 12 estados
Foto: Mourão Panda/América

Deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) em fevereiro deste ano, a Operação Penalidade Máxima trouxe à tona um poderoso esquema de apostas esportivas no Brasil. De lá para cá, 11 jogadores foram citados como agentes ou aliciadores, sendo que oito deles foram preventivamente suspensos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Inicialmente, as investigações apuraram indícios de manipulação nas séries A e B do Brasileirão. Parecia inevitável não aparecer resquícios nos estaduais, um prato cheio pela quantidade de jogos obscuros, pouca visibilidade e a própria situação econômica dos envolvidos. Pelo menos 12 campeonatos já foram citados como suspeitos nas investigações do MP-GO.

A Paraíba é um deles. O primeiro jogo sob suspeição é a semifinal entre Treze e São Paulo Crystal, no dia 25 de março, em Campina Grande. Uma troca de mensagens entre o ex-jogador Rodrigo Paraíba, filho de Marcelinho Paraíba, e Bruno Lopez, o BL, apontado como líder do esquema de apostas, leva margem a uma suposta manipulação no Campeonato Paraibano.

A conversa entre os dois teria acontecido na véspera da partida. BL questiona Rodrigo se “vai rolar mesmo o escanteio”, sugerindo uma suposta facilitação dos jogadores do São Paulo Crystal em favor do Treze. O filho de Marcelinho, por sua vez, diz que “o jogo todo” estaria garantido, e não apenas a cobrança de escanteio (veja o diálogo abaixo).

Além do Campeonato Paraibano, outros estaduais foram citados na investigações do MP-GO por esquema de apostas: Paulista, Carioca, Mineiro, Paranaense, Gaúcho, Mato-Grossense, Goiano, Baiano, Sergipano e Pernambucano.


				
					O que se sabe sobre investigação de esquema de apostas no futebol em 12 estados
Foto: Mário Aguiar / ge. Foto: Mário Aguiar / ge

Jogo investigado na Paraíba

Na Paraíba, o único jogo citado até aqui é a semifinal entre Treze e São Paulo Crystal, no dia 25 de março. A suspeita do Ministério Público é de que a partida teria sido manipulada a partir de um diálogo entre o ex-jogador Rodrigo Paraíba e Bruno Lopez, o BL, apontado como líder do esquema de apostas. BL questiona Rodrigo se “vai rolar mesmo o escanteio”, sugerindo uma suposta facilitação dos jogadores do São Paulo Crystal em favor do Treze. O filho de Marcelinho, por sua vez, diz que “o jogo todo” estaria garantido, e não apenas a cobrança de escanteio.

De acordo com a troca de mensagens, Rodrigo teria dito que apenas dois jogadores do São Paulo Crystal não faziam parte do esquema de apostas, e insistiu em cravar a vitória do Treze para o líder da quadrilha. BL demonstra algum receio, e o ex-jogador é contundente: "Eu não sou cobra, mano. O atleta é meu, patrão. Só vou entrar e mandar se for certeza. Achando que sou "muleke" ou idiota de entrar em alguma furada?", disse Rodrigo. 

• BL: E aí, vai rolar mesmo o escanteio?

• Rodrigo: Tô vendo aqui.

• Rodrigo: Mano, garanto o jogo todo e não o escanteio.

• BL: Entendeu. O jogo todo, isso?

• Rodrigo: Mano, o jogo todo porque sei que eles só não tem dois (jogadores) na parada.

• BL: Mas e perder?

• Rodrigo: O Treze ganha. Boatos de que já foi dado até 70 mil para os jogadores dividirem. Aí eles vão facilitar.

• BL: Entendi. Então Treze ganha. Certeza?

• Rodrigo: Isso, mano. Sim.

• BL: Meu truta, você tá querendo cobrar uma parada que nem tem certeza? Nós estamos devendo, e você? É isso mesmo?

• Rodrigo: Eu não sou cobra, mano. O atleta é meu, patrão. Só vou entrar e mandar se for certeza. Achando que sou "muleke" ou idiota de entrar em alguma furada?

• BL: Avisa ele que após o jogo eu mando.

• Rodrigo: Vou falar. Não sei se ele vai querer mais, né.

De acordo com as investigações do Ministério Público, BL seria o principal agente de apostas no Campeonato Paraibano, escolhendo quais seriam as mais vantajosas na competição. Ele foi preso no dia 14 de fevereiro, ainda durante a primeira fase da Operação Penalidade Máxima, e solto cinco dias depois. Em abril, voltou a ser preso.

Rodrigo Paraíba, por sua vez, não está entre os investigados pelo MP-GO. Também não foi convocado até aqui para prestar qualquer depoimento.

Procurado pela reportagem, o presidente do São Paulo Crystal, Múcio Fernandes, disse que o clube só vai se pronunciar oficialmente quando tiver conhecimento de todo o processo junto ao Ministério Público de Goiás. Mas disse não acreditar em esquema de manipulação com os seus jogadores no Campeonato Paraibano deste ano – muito menos na semifinal contra o Treze.

"Basta você ver como foi o jogo. Perdemos por 1 a 0, lutamos até o fim. Tivemos chance de vencer e ir para a final. Não me parece com algo que esteja vendido", argumentou Múcio.

				
					O que se sabe sobre investigação de esquema de apostas no futebol em 12 estados
Foto: João Lucas Cardoso. Foto: João Lucas Cardoso

O dirigente também disse confiar nos jogadores e que o clube tem uma política dura em relação a qualquer indício de fraude.

"O time do São Paulo é caseiro. São muitos jogadores da cidade e que estão com a gente há várias temporadas, alguns desde as categorias de base. Se tivessem envolvimento com alguma prática irregular, íamos ficar sabendo", concluiu Múcio.

FPF-PB e MP-PB devem fazer parceria

A presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF-PB), Michelle Ramalho, disse que vai propor uma força-tarefa com o Ministério Público da Paraíba (MP-PB) para combater qualquer indício de fraude em esquema de apostas esportivas. Antes mesmo de tomar conhecimento de algum caso, a dirigente disse que deve se reunir nesta quinta-feira com Romualdo Tadeu de Araújo, presidente do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudetor), ligado ao MP-PB, para discutir o assunto.

"Esse é um assunto que está nas discussões de todas as federações, da CBF... É importante investigar e combater qualquer indício de irregularidade. Estamos acompanhando o desenrolar da apuração feita pelo Ministério Público de Goiás, que mostrou ramificações em outros estados. Da nossa parte, vamos propor uma parceria com o Ministério Público da Paraíba, uma força-tarefa para apurar quaisquer indícios de manipulação", frisou a dirigente.

Michelle Ramalho disse ainda que a Paraíba é um dos estados que mais fiscalizam e combatem a manipulação de resultados, inclusive contando com o apoio da SportRadar - empresa integrante do Sistema Universal de Detecção de Fraudes (UFDS),. E que há uma cobrança da CBF para que todas as federações e tribunais desportivos sejam rigorosos a qualquer indício de irregularidade.


				
					O que se sabe sobre investigação de esquema de apostas no futebol em 12 estados
Foto: Matheus Aquino / ge. Foto: Matheus Aquino / ge

Jogadores de futebol investigados pelo STJD

Com o desenrolar das investigações da Operação Penalidade Máxima, vários jogadores foram citados e punidos por seus clubes.

Um deles é o lateral Nino Paraíba, campeão paraibano de 2009 pelo Sousa e que estava defendendo o América-MG. Ele teve o contrato rescindido após ter sido citado no processo por um suposto envolvimento no esquema fraudulento.

Pelo mesmo motivo, outros oito jogadores foram suspensos preventivamente pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por 30 dias. A decisão foi do presidente Otávio Noronha, atendendo a um pedido da Procuradoria do órgão.

"As violações, os prejuízos ao desporto, e suas repercussões, são graves o suficiente para justificar a medida excepcional de suspensão preventiva dos Denunciados, mas não na forma requerida pela Procuradoria, à mingua de arrimo legal", diz trecho da decisão.

Jogadores suspensos por suspeita de envolvimento em esquema de apostas:

• Eduardo Bauermann, do Santos

• Onitlasi Junior Moraes Rodrigues (“Moraes”), da Aparecidense/GO, ex-Juventude;

• Gabriel Ferreira Neris, o Gabriel Tota, do Ypiranga-RS, ex-Juventude;

• Jonathan Doin, que se apresenta como Paulo Miranda, hoje no Náutico e ex-jogador do Juventude;

• Igor Aquino da Silva (Igor Cariús), Sport, ex-jogador do Cuiabá;

• Matheus Phillipe Coutinho Gomes, ex-Sergipe;

• Fernando Neto, do São Bernardo, ex-Operário-PR;

• Kevin Lomónaco, do Bragantino

Todos foram denunciados pela Procuradoria do STJD pelos artigos 243 e 243 A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que tratam respectivamente sobre "atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende e "atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente.

As penas em caso de condenação são de multa de até R$ 100 mil e suspensão por até 720 dias. Em caso de reincidência, a pena pode ser de exclusão definitiva do futebol.

Operação Penalidade Máxima

O Ministério Público de Goiás abriu investigações sobre o esquema fraudulento de apostas esportivas no final do ano passado, a partir de denúncias de Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova. A partir daí, dezenas de jogos das séries A e B do Campeonato Brasileiro foram listados como suspeitos. Oito deles, da primeira divisão:

• Palmeiras x Juventude

• Juventude x Fortaleza

• Goiás x Juventude

• Ceará x Cuiabá

• Red Bull Bragantino x América-MG

• Santos x Avaí

• Botafogo x Santos

• Palmeiras x Cuiabá

Inicialmente, 16 pessoas foram investigadas. Bruno Lopez, o BL, é apontado como um dos líderes do esquema. Ele foi preso no dia 14 de fevereiro, ainda durante a primeira fase da Operação Penalidade Máxima, e solto cinco dias depois. Em abril, voltou a ser detido em São Paulo.

Com o desenrolar das investigações, foram aparecendo ramificações para os estaduais. E aparecendo novos personagens. Além dos oito jogadores inicialmente investigados e agora suspensos preventivamente pelo STJD, outros foram citados em apostas suspeitas. É aí que entra o lateral Nino Paraíba.

Mais jogadores citados em


esquema de apostas:

• Vitor Mendes (Fluminense)

• Richard (Cruzeiro)

Nino Paraíba (América-MG)

• Dadá Belmonte (América-MG)

• Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino)

• Moraes Jr. (Juventude)

• Nikolas Farias (Novo Hamburgo)

• Jarro Pedroso (Inter de Santa Maria)

• Nathan (Grêmio)

• Pedrinho (Athletico-PR)

• Bryan García (Athletico-PR)

Os jogadores seriam cooptados pelos aliciadores para receber cartões amarelos ou vermelhos, cometer pênaltis e ceder escanteios deliberados para facilitar as apostas. Alguns esquemas poderiam render até R$ 700 mil por rodada.

Foi aí que entrou em cena Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova e que também é policial militar. Ao ter conhecimento do esquema, ele fez a denúncia para o Ministério Público de Goiás que, em 14 de fevereiro, deflagrou a primeira fase da Operação Penalidade Máxima.

O caso chegou ao Governo Federal, que estuda regulamentar as apostas esportivas, inclusive responsabilizando jogadores e dirigentes.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também determinou que a Polícia Federal investigue as denúncias de esquema de apostas referentes ao Campeonato Brasileiro.

Imagem

Redação Jornal da Paraíba

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