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Dia do Disco: Selo independente resgata trabalhos da música paraibana em vinil
Neste sábado, 20 de abril, é celebrado o Dia do Disco de Vinil.
Publicado em 20/04/2024 às 9:10 | Atualizado em 20/04/2024 às 10:39
O selo independente Taioba Discos, sediado na Paraíba, foi fundado inicialmente como um hobby, mas se tornou uma plataforma de distribuição de discos que visa levar a música paraibana para outros mercados e busca amplificar a voz de artistas locais. E é também um resgate de obras 'perdidas' da música paraibana. Neste sábado, 20 de abril, é celebrado o Dia do Disco de Vinil.
Sérgio Vilar, fundador da Taioba Discos, comenta que desde de criança consome discos de vinil por conta do seu pai, que era colecionador de discos de discos LPs dos Beatles, que ele herdou posteriormente. Contudo, seu interesse ficou mais forte no período da pandemia de Covid-19.
Meu interesse mesmo surgiu ali em 2020, no auge da pandemia, todo mundo trancado em casa, procurando coisas para se ocupar, para não pensar tanto no que acontecia lá fora, e foi aí que eu comecei. Eu comprei um tocador de discos na internet, fui atrás da coleção do meu pai, que estava na casa do meu avô há mais de 15 anos, cheia de poeira, cheia de mofo. E aí eu me ocupei muito nessa coisa de lavar os discos, limpar as capas, tirar o mofo, reformar algumas capas e mergulhar naquela coleção que era do meu pai, e aí até o ponto que eu comecei a construir a minha própria", comentou.
Ele relembra que passou a comprar discos na internet e depois passou a garimpar eles em lojas, como sebos e montar sua própria coleção.
O fundador da Taioba Discos explicou que o selo tem esse nome por causa da planta Taioba (Xanthosoma sagittifolium), mas a inspiração mesmo vem de uma música do grupo brasileiro Os Ipanemas, que gravou um disco lá na década de 60, com a música "Taioba".
Quanto à amplificação da voz e da arte dos artistas locais, a Taioba vem resgatando a música paraibana em vinil, desde artistas consagrados como Cátia de França, Elba Ramalho, Hugo Leão e Washington Espínola, até alguns um pouco mais difíceis de encontrar como Walter Luís, Elias D' Angelo, Ana Gouveia e a banda pessoense The Gentlemen (que ganhou uma reedição de seu disco no Reino Unido, mas ainda é bem difícil de encontrar no Brasil).
“Muitos destes artistas fizeram seus lançamentos em vinil por meios próprios ou através de editais, e os discos acabam sendo muito difíceis de encontrar. É onde nós entramos, no garimpo e na busca de trazer estes registros para o público. Estamos constantemente em busca de música paraibana que nunca chegou ao meio digital e trazemos estes títulos para que as pessoas também tenham acesso", explica Sérgio.
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Mídias digitais x Discos de Vinil
Sobre a melhor forma de consumir música, Sérgio comenta que é uma questão polêmica mas que gosta muito dos discos mas também não dispensa o meio digital.
"Escuto música exclusivamente nesse formato, mas eu acho que fica um pouco difícil no meu papel como empresário no ramo da música, ter que comprar um disco para conhecer aquela música. Então a plataforma digital me ajuda muito nesse quesito de descobrir novas músicas" explicou.
Formato afetuoso
Ainda sobre os discos de vinil, Sérgio fala que esse formato tem um espaço maior em seu coração. Ele gosta de dizer que discos comprados são aqueles que são amados por seus compradores e que os fazem sentir algo profundamente.
Então eu acho que é um formato mais afetuoso. É um formato que a gente consegue dar de presente, consegue receber de presente. Quando eu comecei minha coleção, ganhei muitos discos de presentes, de aniversário, de pessoas que me queriam e quando eu vou lá, estou na minha coleção procurando algo para ouvir, quando eu pego aquele disco, eu me lembro daquela pessoa que me deu aquela música de presente, e acho que é uma coisa que se perdeu um pouco no meu digitais, que é a questão da gente dar a música, da gente presentear, e a gente acaba agregando o valor àquela peça de arte que é a música", o empresário comentou.
Por onde começar a colecionar discos de vinil
Para aqueles que querem começar sua própria coleção de discos de vinil, Sérgio sugere que elas comecem comprando um disco com músicas que sejam muito especiais, um disco que as faça sentir alguma coisa ou traga alguma memória afetuosa.
Sobre títulos, ele não recomendou nenhum, explicando que esse quesito muda de pessoa para pessoa. Sérgio acrescenta que o disco precisa fazer seu ouvinte mergulhar numa onda de sentimentos.
"É sobre sentir, é sobre a emoção, sobre memórias. Eu acho que precisa ser um disco especial, o primeiro disco, até porque virão muitos depois e primeiro é sempre o primeiro" brinca Sérgio
Futuro da música
Sobre o futuro da música, Sérgio acredita que o vinil pode ser uma alternativa interessante para os artistas fugirem dos streamings e obterem uma receita mais significativa.
"O vinil aparece como uma alternativa muito interessante já que dessa forma é possível produzir maior impacto e falar com os ouvintes de forma mais direta", pontua.
Sobre o Dia Mundial do Disco de Vinil
De acordo com a Fundação Cultural Casimiro de Abreu, no Rio de Janeiro, a comemoração do Dia do Disco de Vinil surgiu em homenagem ao músico Ataulfo Alves, que morreu em 20 de abril de 1968.
Dez anos depois, em 1978, no Rio de Janeiro, os saudosistas e colecionadores de discos decidiram dedicar esta data para celebrar a sua paixão pelo vinil.
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