MEIO AMBIENTE
Barreira do Cabo Branco: pesquisa investiga se enrocamento reduz faixa de areia e aumenta erosão na calçadinha
A obra na Barreira do Cabo Branco é analisada por um grupo de pesquisadores da UFPB há cerca de seis meses. O resultado ainda não é considerado conclusivo.
Publicado em 29/10/2023 às 12:30 | Atualizado em 30/10/2023 às 16:05
Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão investigando se o enrocamento da Barreira do Cabo Branco seria responsável por reduzir a faixa de areia da praia e, consequentemente, aumentar a erosão da calçadinha, área que foi destruída pela intensa ação do mar. O grupo analisa há cerca de seis meses um trecho que vai da Praia do Seixas até a Praia do Cabo Branco, em João Pessoa, e o resultado não é considerado conclusivo.
A obra do enrocamento foi entregue em novembro de 2020, quando foi concluída a colocação de pedras no sopé da barreira do Cabo Branco, com objetivo de criar um obstáculo entre a base da barreira e as ondas que atingiam a falésia com forte intensidade e provocavam sua erosão.
“O enrocamento foi feito para proteger a barreira da erosão, está protegendo parcialmente, mas está causando erosão em outros lugares”, explica o pesquisador e coordenador da pesquisa, Saulo Vital.
O pesquisador explica que uma corrente marítima arrasta sedimentos da Praia do Seixas em direção à Praia de Cabo Branco. A areia deveria ser depositada ao longo da costa, mas os sedimentos ficam presos nas pedras do enrocamento, faltando areia no trecho próximo à rotatória.
A pequena faixa de areia permite uma maior ação do mar na calçadinha e, consequentemente, aumenta a erosão do local. “A areia da praia protege a costa da erosão. O que está entre o continente e o mar é a faixa de areia da praia, que é responsável por separar as duas coisas. Sem ela o mar avança e invade o continente. A areia tem uma função de amortecimento”, explicou.
Os pesquisadores também identificaram que a areia pode estar acumulando na Praia do Seixas, o que pode aumentar a faixa de areia da região. Até o próprio enrocamento está começando a ficar parcialmente coberto de areia enquanto falta em Cabo Branco, explica o pesquisador Saulo Vital.
Saulo Vital ressalta que os resultados da pesquisa não são conclusivos. Apenas com 1 ano de observação da região é que os resultados podem ser considerados concretos e dois anos para se tornarem definitivos. “O estudo está encaminhando para esse entendimento, mas não é uma conclusão fechada e provada”, afirmou.
A pesquisa é desenvolvida pelo Laboratório de Estudos Geológicos e Ambientais (LEGAM) da UFPB, a partir de uma parceria entre o grupo de pesquisa em geomorfologia e gestão dos riscos naturais, coordenado por Saulo Vital, e o grupo de estudos e pesquisas sobre o espaço costeiro, com coordenação de Cristiane Moura. O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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