MEIO AMBIENTE
Bombeiros devem encerrar incêndio na serra do Cruzeiro nesta sexta (19) após uma semana
Incêndio na serra do Cruzeiro mobiliza bombeiros há uma semana. Expectativa é extinguir o último foco ainda nesta sexta (19).
Publicado em 19/09/2025 às 8:58

O Corpo de Bombeiros da Paraíba informou que a expectativa é encerrar, nesta sexta-feira (19), o incêndio que atinge a serra do Cruzeiro, localizada no município de São José do Bonfim, no Sertão paraibano.
Segundo o tenente-coronel Danilo Galvão, que coordena as operações na área, os trabalhos avançaram consideravelmente nas últimas 24 horas, restando apenas um foco ativo de incêndio. A expectativa é que esse ponto seja controlado ainda hoje.
“Ficou apenas um foco quando nós encerramos ontem à noite o trabalho. Geralmente nós passamos a noite inteira trabalhando, mas nessa região é inviável por conta das trilhas e pedras. Suspendemos durante a noite e retomamos agora pela manhã. A gente tem a expectativa de que ainda hoje encerramos esse incêndio”, explicou o tenente-coronel.
As chamas se espalham pela região há sete dias ininterruptos e já consumiram cerca de 40% da vegetação nativa. Os dados foram confirmados pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PB), que acompanha a situação em conjunto com os bombeiros.
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As condições do terreno, no entanto, dificultaram bastante a ação das equipes. O incêndio acontece em uma área de difícil acesso, com encostas íngremes e trilhas de difícil acesso, o que impossibilita a chegada das viaturas até os locais mais críticos afetados pelas chamas. Nessa situação, os bombeiros precisam transportar equipamentos e água nas costas, utilizando mochilas próprias de combate.
“É um trabalho desgastante, porque o fogo em si já é desgastante, o sol, a temperatura, e o principal, que é o relevo da região, que é complicadíssimo de trabalhar. Nossas viaturas não chegam próximo do local, não consegue combater o fogo com a água das viaturas. Tem que levar água nas costas, nas mochilas, e subir a serra abrindo trilhas para conseguir combater o fogo”, detalhou o tenente-coronel Galvão.
Para reforçar a operação, o helicóptero Acauã foi acionado e passou a atuar no combate aéreo às chamas. A aeronave consegue despejar cerca de 400 litros de água em cada sobrevoo, um trabalho que, segundo o Corpo de Bombeiros, equivale ao esforço de aproximadamente 20 bombeiros durante uma hora de subida pela serra. Dessa forma, em apenas cinco minutos de operação, o helicóptero consegue otimizar o tempo para as equipes que trabalham em solo, na encosta da serra.
De acordo com a Semas-PB, foram mobilizados 70 bombeiros militares, com apoio da aeronave Acauã e nove militares da Polícia Militar. A expectativa é de que na sexta-feira (19), o efetivo de combate ao fogo seja reforçado com 37 novos bombeiros.
Além disso, um caminhão que comporta 12 mil litros de água, sete caminhonetes, dois quadriciclos, um veículo UTV, dois drones de monitoramento, 39 mochilas com água e sete esguichos adicionais, com seis sopradores para debelar as chamas.
Também está sendo utilizado um monitoramento via satélite dos focos de calor, existentes na localidade através de plataforma do governo federal. Conforme um boletim emitido sobre a força-tarefa, com o reforço vai ser possível intensificar o combate aéreo e terrestre ao fogo.
O bioma predominante da serra do Cruzeiro é a Caatinga, que sofre com queimadas recorrentes durante o período mais seco do ano. Mesmo após a extinção total do incêndio, os impactos ambientais podem se prolongar, afetando a fauna e a recuperação da vegetação nativa.
Cerca de 40% da vegetação foi consumida pelo fogo na serra
O incêndio florestal na serra do Cruzeiro, na cidade de São José do Bonfim , no Sertão da Paraíba, já consumiu cerca de 40% da vegetação nativa no local. As informações foram confirmadas pelo Corpo de Bombeiros, que montou uma operação para conter as chamas.
De acordo com o tenente-coronel Danilo Galvão, a serra do Cruzeiro tem 400 hectares no geral e até o momento foram consumidos o equivalente a 160 hectares em vegetação. O bombeiro também informou que animais de pequeno porte foram encontrados mortos por conta do fogo.
"Essa área da serra tem cerca de 400 hectares, ou seja, 400 campos de futebol, e o fogo já consumiu cerca de 40% da vegetação nativa. Isso desde o sábado a tarde quando fomos acionados", disse.
O tenente-coronel também informou que a área atingida é comumente alvo de incêndios criminosos, nas quais pessoas colocam fogo intencionalmente com o objetivo de "limpar terrenos" e também a ação de caçadores de animais, que para encontrar os bichos mais facilmente, ateiam as chamas.
"Essa área tem muito histórico de incêndio criminoso, então, algumas pessoas colocam fogo intencionalmente, muitas vezes para limpar terrenos, muitas vezes ação de caçadores para com esse fogo achar mais facilmente os animais. Temos várias nuances aqui em relação a intenção desse fogo, mas com certeza foi intencional", ressaltou.
Em relação ao enfrentamento das chamas, o bombeiro explicou que devido a região que acontece o incêndio há problemas no acesso dos veículos, a mata fechada para o acesso por terra e também o fato do terreno ser íngreme.
A água utilizada para apagar o fogo é levada nas costas dos agentes, porque os carros que poderiam ser usados para levar o material não conseguem ter acesso ao local. A serra também é distante de lugares em que o líquido está disponível para reabastecimento, segundo os Bombeiros.
Investigação aponta que incêndio pode ter sido causado por caçadores
De acordo com o delegado Claudinor Lúcio, responsável da Polícia Civil pelo caso, duas pessoas já foram ouvidas na investigação. A polícia acredita que o incêndio tenha começado pela ação criminosa de caçadores de animais.
"Não foi uma pessoa só (que colocou fogo). Pelo que a gente está levantando de informações preliminares, são várias pessoas que estão envolvidas nesses focos de incêndio, e pela informação que temos são pessoas provavelmente ligadas à caça de animais", disse.
O delegado disse também que vai solicitar a quebra de alguns dados na investigação, mas isso depende de autorização judicial. Ele não revelou se os dados são relativos a pessoas investigadas.
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