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MEIO AMBIENTE

Denúncia questiona construção de prédio em João Pessoa fora dos limites definidos por lei

Servidor público protocolou uma denúncia no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba e pede adequação de prédio que estaria com um andar a mais do que o permitido.

Publicado em 21/02/2023 às 6:16


                                        
                                            Denúncia questiona construção de prédio em João Pessoa fora dos limites definidos por lei
Edifício Mindset estaria com um andar acima do permitido

Uma denúncia protocolada no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) está questionando um possível desrespeito à legislação que limita o tamanho dos prédios construídos na orla paraibana. O autor da denúncia é o servidor público estadual Felipe Tadeu Lima Silvino e tem como alvo a Prefeitura de João Pessoa, a Secretaria de Planejamento de João Pessoa e a construtora Equilíbrio.

Felipe alega que desde 2014 a construtora está erguendo o edifício Mindset no bairro de Manaíra e que a obra fica bem em frente ao prédio onde ele mora. Muito por causa disso, o denunciante sempre acompanhou com atenção a obra e, nos últimos tempos, começou a suspeitar de que o edifício estava maior do que determina a legislação que limita o tamanho das edificações nas proximidades da orla, o que desrespeitaria o Artigo 229 da Constituição do Estado da Paraíba e o Artigo 175 da Lei Orgânica do Município de João Pessoa. Ele destaca ainda que, mesmo depois de ter comprovado a irregularidade, percebeu uma imobilidade da atual gestão municipal para impedir que a irregularidade fosse cometida.

O Jornal da Paraíba entrou em contato com construtora Equilíbrio, que informou que os diretores estavam viajando e só eles poderiam se manifestar. A Secretaria de Planejamento e a Procuradoria-Geral do Município de João Pessoa também foi procurada, mas os telefonemas não foram atendidos.

A denúncia chegou a ser apreciada pelo conselheiro substituto Antônio Cláudio Silva Santos, relator das contas de João Pessoa no TCE-PB, que decidiu pelo arquivamento da denúncia por considerar que o assunto não era de competência do Tribunal. Contudo, cabe recurso da decisão. E Felipe já informou que é o que ele vai fazer. "Ainda pretendo insistir bastante", garante.

A legislação regula os prédios construídos dentro de um raio de 500m a partir do nível máximo da maré em noites de luas cheia ou nova, já que essa área é tratada como sendo “patrimônio ambiental, cultural, paisagístico, histórico e ecológico” do estado. Assim, nas ruas costeiras, os prédios podem ter um máximo de 12,90m (pilotis e mais três andares), chegando a 35m no limite desse raio de meio quilômetro.

O prédio alvo de questionamento está localizado a aproximadamente 390m da linha que serve de referência e não poderia ultrapassar algo em torno 27m de altura. Ainda assim, ele estaria com três metros a mais, o que significaria um andar além do permitido por lei.


				
					Denúncia questiona construção de prédio em João Pessoa fora dos limites definidos por lei
Gráfico mostra projeções sobre o tamanho correto para o prédio. Gráfico mostra projeções sobre o tamanho correto para o prédio

Felipe Tadeu destaca, inclusive, que foi a própria Prefeitura quem atestou a irregularidade. Ele pondera que provocou a Prefeitura em dezembro do ano passado sobre a questão e que em 26 de janeiro deste ano técnicos da Secretaria de Planejamento fizeram a medição do prédio com a ajuda de uma trena a laser e “identificou diferença na altura total do prédio em aproximadamente 3,0 metros a mais em relação à altura que foi aprovada no processo de alvará de construção”.

O documento da Prefeitura informa que a construtora foi notificada, mas Felipe destraca que até agora nada foi feito.

“Eu fico temeroso com a possibilidade de a Prefeitura homologue a obra e acabe por legitimar a irregularidade”, destaca o servidor público.


				
					Denúncia questiona construção de prédio em João Pessoa fora dos limites definidos por lei
Parecer da Prefeitura atesta tamanho irregular do prédio. Parecer da Prefeitura atesta tamanho irregular do prédio

O denunciante explica ainda que, na visão dele, se trata de uma violação premeditada, em que a construtora já trabaha com a possibilidade de fazer um acordo com a Prefeitura. “Com medo da omissão da Prefeitura, entrei com o procedimento junto ao TCE”, explica.

Ainda de acordo com Felipe Tadeu Lima Silvino, ele enquanto servidor público tem obrigação de “dar o exemplo” e de “exercer a cidadania”, principalmente porque trata-se, segundo ele, de uma legislação que protege o meio ambiente e a questão climática das cidades, impedindo a criação de zonas de calor nas cidades. Ao mesmo tempo, ele admite estar sendo diretamente prejudicado, porque esse andar extra está prejudicando o seu próprio prédio.

De toda forma, ele disse que tentou todo o tipo de diálogo antes de resolver acionar o TCE-PB:

“O que eu fiz antes de qualquer hostilidade? Procurei primeiro as autoridades municipais e confiei na Prefeitura. Mas nada foi feito. Não foi uma medida repentina ou impensada”, destaca.

Felipe explica que quer a adequação do projeto para aquilo o que foi aprovado e quer impedir que a Prefeitura emita o “habite-se” ou de qualquer tipo de alvará ao prédio enquanto ele estiver fora do que determina a legislação municipal e estadual. E garante ter novas estratégias caso o TCE-PB não acatar a denúncia.

“A depender do resultado, vou para a justiça. Entro com uma ação popular ou com uma ação demolitória. Existem outras estratégias que estou desenhando”, garante.

Ele destaca, inclusive, que visualmente é possível perceber outros prédios de João Pessoa que desrespeitariam esses limites e que mesmo assim foram aprovados. Mas que é difícil fazer qualquer coisa depois que a obra é aprovada e que pessoas começam a morar no imóvel. Mas que, neste caso, ainda sem “habite-se” ainda tem o que se fazer para evitar a irregularidade.

Imagem

Jornal da Paraíba

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