MEIO AMBIENTE
'Explosão' rara de estrela acontece neste ano e vai poder ser vista a olho nu; saiba como
Última vez que esse fenômeno ocorreu foi em 1946; "explosão" de estrela costuma acontecer a cada 80 anos e é uma ótima oportunidade para astrônomos amadores monitorarem.
Publicado em 14/03/2024 às 8:33 | Atualizado em 16/03/2024 às 16:44
No vasto e misterioso universo, eventos astronômicos fascinantes podem ocorrer a qualquer momento e um deles promete encantar os observadores da Terra até setembro de 2024. Uma estrela, localizada a 3000 anos-luz de distância, está prestes a protagonizar um espetáculo luminoso que poderá ser visto a olho nu, inclusive na Paraíba. Conhecida como T Coronae Borealis, ela está prestes a passar por um fenômeno espetacular, uma "explosão" que irá surpreender e intrigar tanto os cientistas quanto os amantes do cosmos.
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O que vai explodir?
Apesar da grandiosidade do fenômeno, há nuances que cercam esse espetáculo celeste. O astrônomo Marcelo Zurita, por exemplo, prefere chamar o evento de "surto luminoso" ou "explosão de brilho", enfatizando que não é uma explosão da estrela em si, mas sim um aumento súbito de seu brilho.
Segundo ele, o evento é resultado da interação entre uma estrela anã branca e sua companheira gigante vermelha, onde a anã branca "rouba" material da gigante, desencadeando uma reação termonuclear que a faz brilhar intensamente por um curto período.
Já o físico Felipe Sérvulo destaca que esse tipo de evento é chamado de "nova recorrente", no qual uma estrela anã branca explode mais de uma vez. Ele explica que a última vez que esse fenômeno ocorreu com a T Coronae Borealis foi em 1946. Ele aponta que estrela aumenta sua massa e sofre uma reação termonuclear após acumular material da gigante vermelha. A sua raridade, portanto, ressalta a importância do evento para o estudo da astrofísica.
Quando será possível ver o fenômeno?
A gigante vermelha, na fase final de sua vida, consome seu último resquício de combustível, expandindo-se e invadindo a órbita da anã branca, uma estrela "fóssil" que ainda brilha devido ao calor residual, mas não produz mais fusão nuclear como as estrelas em seu ciclo principal. A energia excedente da gigante vermelha fornece à anã branca o material necessário para reiniciar a fusão nuclear, prolongando seu brilho por bilhões ou até trilhões de anos.
"No caso desse sistema de coronaborealis, ela precisa de cerca de 80 anos para roubar material suficiente para reiniciar o processo de fusão nuclear na sua superfície. Por isso que a gente pode prever mais ou menos a ocorrência dessa nova para esse ano. O período previsto é entre fevereiro e setembro deste ano. Pode ocorrer a qualquer momento até o mês de setembro", explica Zurita.
Será visto a olho nu?
Quanto à visibilidade do evento, ambos os especialistas concordam que a estrela brilhará intensamente por alguns dias, atingindo uma magnitude +2, o que a tornará visível a olho nu. No entanto, após esse período, seu brilho diminuirá gradativamente, sendo necessário o auxílio de binóculos ou telescópios para observá-la.
"A estrela em questão ficará visível na constelação da Coroa Boreal que fica próxima da segunda estrela mais brilhante do céu, Arcturus, na constelação vizinha, Boieiro. Aplicativos como o Stellarium podem auxiliar na busca desta constelação", diz Sérvulo.
Zurita afirma que é uma ótima oportunidade para astrônomos amadores monitorarem o brilho e reportarem a sua variação aos órgãos que mantêm as informações de estrelas variáveis: "essa é uma estrela que a gente sabe que vai ter uma explosão de brilho neste ano. Então, astrônomos amadores que quiserem contribuir com essa pesquisa podem ficar de olho e quem sabe alguém por aqui faz o primeiro reporte dessa explosão de brilho. Deve ser alguma coisa bem interessante!", pontua.
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