MEIO AMBIENTE
Projeto regenera 25 hectares de terra degradada na Grande João Pessoa
A regeneração natural assistida é uma técnica que está cada vez mais usada. Conectividade para a Conservação atuou em Santa Rita.
Publicado em 03/04/2022 às 7:49
A Regeneração Natural Assistida (RNA) é uma técnica que está cada vez mais chamando a atenção de cientistas e produtores. A estratégia utiliza o meio termo entre a recuperação natural e o plantio ativo de árvores. Na Paraíba, o projeto Conectividade para a Conservação, do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), regenerou 25 hectares que interligam reservas particulares de patrimônio natural de usinas de cana-de-açúcar em Santa Rita, na Grande João Pessoa.
Nesses remanescentes florestais existem populações, principalmente de primatas ameaçados de extinção, que com essas ações de restauração estão sendo beneficiados com o aumento do seu habitat e melhoraria da sua qualidade de vida.” Joaquim Freiras, coordenador geral do Cepan.
Um novo estudo publicado no dia 29 de março mostra como essa técnica simples e de baixo custo pode ser crucial para recuperar florestas nos diferentes biomas brasileiros, ajudar o produtor rural a se adequar ao Código Florestal e mitigar as mudanças climáticas. Desenvolvido pelo WRI Brasil, em parceria com ICV, Imazon e a empresa Suzano, apresenta casos de produtores rurais, empresas e organizações que utilizaram a estratégia, contribuindo com a recuperação de milhares de hectares no Brasil e no mundo.
“Analisamos o uso da terra, causas da degradação, perfil fundiário, fontes de financiamento e atores envolvidos para identificar os fatores-chave para o sucesso da regeneração natural assistida em cada caso particular”, explica Mariana Oliveira, coordenadora de projetos do WRI Brasil.
Como a regeneração natural assistida é feita?
Tratam-se de intervenções em geral de baixo custo, que têm como objetivo remover barreiras para que a natureza cresça novamente. Entre as intervenções há, por exemplo, o manejo do gado, para evitar o pisoteio da vegetação que está rebrotando; a instalação de cercas; o controle de espécies invasoras e, assim como em qualquer jardim ou lavoura, também o controle das formigas e insetos.
O estudo
O estudo “O papel da regeneração natural assistida para acelerar a restauração de florestas e paisagens” levantou e sistematizou 24 experiências práticas de projetos, organizações e empresas que adotaram a regeneração natural assistida como parte da sua abordagem, sendo 15 no Brasil, distribuídas em oito estados (BA, ES, MT, PB, PA, PR, SC e SP). Além disso, o trabalho reúne e apresenta algumas das técnicas para promover a condução da regeneração natural.
>>> Confira o estudo completo aqui
Aplicar técnicas de regeneração natural assistida pode garantir que essas áreas se tornem florestas novamente. “Conduzir essa regeneração com intervenções para que a floresta permaneça e se desenvolva pode ser uma grande oportunidade para proteger a biodiversidade e gerar renda a partir do uso econômico de produtos florestais não madeireiros ou por meio de mercados de carbono”, diz Andréia Pinto, pesquisadora do Imazon e uma das autoras do estudo.
Oportunidades para pequenos produtores e grandes empresas
O estudo aponta que a regeneração natural assistida é uma técnica de grande potencial para produtores que precisam recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal, para se adequarem ao Código Florestal.
“Para a agricultura familiar, é uma estratégia muito eficiente. Um dos entraves para recuperar o passivo ambiental é o limite econômico. Por ser de baixo custo de implantação, a regeneração natural assistida se torna uma técnica importante para o pequeno produtor se adequar ao Código Florestal e acessar recursos e mercados”, diz Eduardo Darvin, coordenador do Programa de Negócios Sociais do ICV, que atua com produtores rurais no norte do Mato Grosso.
A Década da Restauração
As Nações Unidas declararam a Década da Restauração de Ecossistemas até 2030, e o Brasil tem a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas no âmbito do compromisso do Acordo de Paris. O estudo mostra que a regeneração natural assistida é uma técnica eficiente para acelerar e dar escala à restauração, cumprindo os compromissos internacionais e reduzindo as emissões de gases que contribuem com o aquecimento global.
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