POLÍTICA
Cachoeira fica calado e irrita parlamentares
Sessão durou duas horas e meia, e durante esse tempo, empresário não respondeu nenhuma pergunta, permanecendo calado.
Publicado em 23/05/2012 às 6:30
A sessão para ouvir o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, durou duas horas e meia, tempo em que o empresário permaneceu praticamente calado. Diante do silêncio de Cachoeira, personagem central de investigação realizada pela Polícia Federal nas operações 'Vegas' e 'Monte Carlo' sobre esquema de jogos ilegais em Goiás, o constrangimento dos integrantes da comissão era evidente. Os parlamentares aprovaram, então, requerimento da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) para que a sessão fosse suspensa.
Ao atender ontem à convocação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, o empresário decidiu não responder às perguntas dos integrantes da comissão e seu silêncio irritou os parlamentares.
Orientado por seus advogados, o empresário disse que estava respondendo a uma investigação na Justiça e, por isso, se reservava ao direito de ficar calado. "Estou aqui como manda a lei para responder o que for necessário. Constitucionalmente, fui advertido por meus advogados para não dizer nada e não falarei nada aqui. Somente depois da audiência que eu terei com o juiz, se eu, porventura, achar que eu devo contribuir, eu virei aqui para falar", disse o empresário.
Durante a sessão, o empresário deu as mesmas respostas às perguntas que lhe foram feitas e chegou a se incomodar com a insistência. Cachoeira foi inclusive xingado pelos parlamentares.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) o chamou até de "marginal".
O presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu tentar marcar uma nova data para o depoimento, depois que Cachoeira falar na Justiça.
Ao sair da sessão, o advogado do empresário, Marcio Thomaz Bastos, afirmou que seu cliente pode auxiliar nas investigações, mas ainda acredita que a Justiça irá suspender parte das provas reunidas contra ele pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. "A intenção dele é contribuir, mas é preciso que ele contribua sem que seu direito de defesa seja ferido", disse.
O advogado ressalvou que Cachoeira pode guardar silêncio. "Ele pode não falar nunca, se quiser, é um direito que ele tem", disse.
Ex-ministro da Justiça, Thomaz Bastos afirmou que o depoimento poderia ocorrer depois que Cachoeira seja julgado no processo oriundo da Monte Carlo, que corre na Justiça em Goiânia (GO). "Espero estudar as provas para dar a ele uma orientação segura".
PERGUNTAS
De início, a posição de Cachoeira já irritou alguns deputados. O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que havia preparado mais de 100 perguntas para fazer ao empresário, preferiu não fazê-las diante da opção de silêncio de Cachoeira.
“Prefiro reservá-las para outra ocasião”, disse o relator.
O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) reclamou: "O depoente não pode achar que aqui tem um bando de palhaço", disse. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) também se disse preocupado com a imagem que os senadores e deputados poderiam passar ao terem suas perguntas ignoradas pelo depoente. Diante disso, concordou com a sugestão de suspender a reunião.
"Não imaginamos que imagem estamos passando para a população. Que estamos aqui diante de um marginal, que sai da Papuda para vir para cá e mantém-se com a arrogância dos livres. Não creio que devemos continuar com esse depoimento.
Da minha parte, formulei algumas perguntas, mas as reservarei para outra oportunidade. Não farei indagação alguma, porque respostas não há", disse Álvaro Dias.
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