João criticou o PSB, Ricardo falou mal de Veneziano… mas a roda da política girou

O mundo político, pressionado por conjunturas eleitorais, esquece rápido do passado, como aconteceu nesta segunda-feira (21) e irá acontecer na próxima quinta (24). 

Foto: Angélica Nunes
João criticou o PSB, Ricardo falou mal de Veneziano... mas a roda da política girou
Foto: Angélica Nunes

Quem já viu o ex- governador Ricardo Coutinho (PT) “detonando” o ex-senador Cássio Cunha Lima (“afastado da atividade política) também viu o mesmo Ricardo elogiando o tucano.

Quem ouviu Cássio criticando, duramente, Coutinho, entre 2014 e 2018, também ouviu a descrição das qualidades políticas de RC pela boca do tucano, entre 2010 e início de 2014.

Maranhão, na sua duradoura e elogiável vida política, também fui duro nas palavras contra Cássio e Ricardo. Mas também, os afagou quando a roda da política girava, quando mandatos e a força dos grupos estavam em jogo.

Essa breve introdução, com figuras de proa da política recente da Paraíba, foi só para lembrar que mais um episódio desse jogo de palavras ao vento do mundo político paraibano foi construído para as Eleições 2022.

Mundo que, pressionado por conjunturas eleitorais, esquece rápido do passado, como aconteceu nesta segunda-feira (21) e irá acontecer na próxima quinta-feira (24).

O PSB prepara uma festa para receber o governador João Azevêdo, que decidiu se desfiliar do Cidadania. Em 2019, após receber a carta de desfiliação, os dirigentes do PSB o acusaram de traição.

“O anúncio da desfiliação de João Azevedo do PSB, partido pelo qual se elegeu governador há pouco mais de um ano, não surpreendeu os paraibanos e apenas é a formalização de um ato de traição. Traição a seus companheiros de partido, a seus apoiadores e, principalmente, ao povo paraibano que lhe concedeu o voto para que a obra administrativa iniciada pelo PSB no governo de Ricardo Coutinho tivesse continuidade”, estava na nota.

Na carta de desfiliação, João disse que iria mudar de partido porque o PSB atual desconfigurou-se por completo na Paraíba e iria procurar um partido onde houvesse democracia.

“Vou procurar uma legenda que se afine com nossa visão de mundo e de Brasil, que não seja sectária, dona da verdade, que não exerça patrulha ideológica e refute alianças programáticas. Também que não flerte com o extremismo, com o fanatismo político, seja de direita ou de esquerda, nem tampouco pratique a idolatria personalista”, afirmou na carta.

Na época, o PSB ainda era dirigido por Ricardo Coutinho (agora adversário de primeira ordem do governador) e pelo deputado federal Gervásio Maia (PSB). RC deixou o partido. Foi para o PT. Gervásio, no comando do PSB, após afastamento do governador ensaia o começo de uma nova boa relação.

Dois anos depois, os interesses de partido (PSB) e pré-candidato (João) se convergem. Além de Gervásio, o atual presidente nacional, Carlos Siqueira, é o mesmo que dirigia o partido em 2019.

Na prática, João entende que o partido já não é mais ditador e a legenda já não vê o governador como traidor. De maneira transversal, depositam a culpa da “confusão” a outros. Talvez nos que saíram. Ou, agora, vale a pena esquecer a dureza das palavras de quem ficou.

Veneziano e Ricardo

A foto do lançamento da pré-candidatura do senador Veneziano Vital (MDB), ao lado de petistas e do ex-governador Ricardo Coutinho, também resgata lembranças recheadas de trocas de farpas e críticas duras entre ambos.

Veneziano, elogiado por petistas ontem, já foi massacrado porque, como deputado federal, foi um dos paraibanos que disse sim ao impeachment (golpe para alguns) da então presidente Dilma.

“Veneziano é um jovem com uma mentalidade totalmente ultrapassada. Ele não consegue dialogar com nada que não seja novo”, disse Ricardo, então governador.

Por outro lado, nesse mesmo período, antes a aliança de 2018 e do afastamento de 2019, Veneziano deu recados.

“Foi na base da promessa que o governador Ricardo Coutinho conseguiu ludibriar as expectativas dos paraibanos”, já disse Veneziano sobre Ricardo, quando tentava pavimentar candidatura ao governo em 2014.

São apenas duas frases pinceladas. Uma busca rápida na internet e elas se multiplicam.

Só mais algumas lembranças

Para não nos alongar, vale registrar que o mesmo Ricardo já foi “violentamente” duro com Luciano Cartaxo (PT), ex-prefeito da capital, ex-adversário e, mais um vez, aliado.

Cartaxo, por sua vez, quando Ricardo estava do outro lado, não poupou críticas duras ao comportamento e à forma “autoritária” do ex-governador fazer política.

De volta, no mesmo palanque, no mesmo partido, admitem a qualidade dos atuais aliados e, em breve, (quando a roda girar) novos adversários.

A política, sem dúvida, é a arte de unir em torno do bem comum. E é preciso sempre defender a boa política.

Mas não pense que é fácil para população entender a facilidade com que os políticos esquecem do que falam em nome de um projeto comum. Mesmo aqueles que acreditam nas boas intenções de alianças momentâneas.

O mais contraditório: a conjuntura política também faz o eleitor aceitar e esquecer.

Felizmente, a memória da internet está aí para, no mínimo, relembrar. Afinal, os registros não são obstáculos e não causam nenhum constrangimento quando é preciso, de dois em dois anos.

Vejam alguns registros:

João criticou o PSB, Ricardo falou mal de Veneziano... mas a roda da política girou

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