“Promove a instabilidade política e dos poderes”, diz Julian Lemos sobre Bolsonaro

Em entrevista à CBN João Pessoa, o deputado federal também disse que dá como certa a fusão do partido dele, o PSL, com o DEM.

"Promove a instabilidade política e dos poderes", diz Julian Lemos sobre Bolsonaro
Foto: Câmara dos Deputados

O deputado federal Julian Lemos (PSL), ex-bolsonarista raiz, negou que faz oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para fundamentar a afirmação, o parlamentar argumenta que sempre vota a favor de projetos e iniciativas do Executivo. Julian faz questão de ressaltar que, mesmo assim, é perseguido pela “família real”- como ele se refere aos filhos de Bolsonaro.

O parlamentar paraibano, em entrevista à CBN João Pessoa, criticou a postura radical do presidente que ajudou a eleger. “Hoje eu vejo uma pessoa que promove a instabilidade política e dos poderes no Brasil”, cravou. Ele ressaltou que não acha que o país pode avançar sem ser dentro de um processo democrático.

Uma referência ao discurso do presidente, no 7 de setembro, quando atacou as instituições, ministros, e disse que não cumpriria decisões judicias que não concordasse, principalmente se fossem assinadas por Alexandre de Morais. Morais mandou prender os bolsonaristas que ameaçam o STF e comanda o inquérito das fake news. O presidente é investigado. “Sou conservador, liberal na economia,  pessoa de posições definidas, porém, eu nunca fiz e jamais farei parte de qualquer radicalismo”, afirmou.

Lemos acredita que o presidente foi infeliz porque faltou cautela. “A ruptura vai fazer todo mundo pagar um preço que muita gente desconhece”, afirmou.  Na entrevista, admitiu que, por causa das críticas à postura do presidente, não tem sido compreendido pelo eleitorado mais radical, que vê Bolsonaro como “o escolhido de Deus,  como o Santo Graal (objeto sagrado). Eu não vejo dessa forma, embora não seja oposição”, explicou.

Impeachment

O parlamentar afirmou que ainda não vê clima para a abertura de um processo de impeachment, mas esse pode ser um caminho natural, se o presidente continuar maltratando os aliados. Ele registra, no entanto, que, atualmente, já vê muita dificuldade de Bolsonaro se movimentar no Congresso Nacional. “Os novos aliados têm um  custo altíssimo”.

Julian se refere às alianças feitas com o centrão, Roberto Jefferson (delator do Mensalão), o ex-presidente Fernando Collor e Ricardo Barros, líder do governo. “Isso é constrangedor. Porque esse povo não estava com Bolsonaro na eleição?” E ironiza: “Roberto Jefferson ser o Leão conservado , meu amigo? Collor se colocando como patriota?”.

Quem quiser achar que Jair Bolsonaro é o melhor homem do mundo, que ele é revelação divina para terra, que faça! A minha razão não permite ter esse tipo de pensamento.

Coligações partidárias 

Lemos explicou o motivo de ter votado a favor do retorno das coligações partidárias nas eleições proporcionais. Há dificuldades, segundo o parlamentar, de juntar nomes e fazer uma chapa competitiva, no modelo de hoje (sem coligação). Ele acredita que os partidos pequenos serão extintos, independentemente da volta das coligações.

Fusão PSL e DEM 

Sobre a fusão do PSL com DEM, registrou que está quase tudo certo. “Devido essa nova reconfiguração, acredito que acontecerá ano que vem, os partidos vão se juntar para se fortalecer e conseguir avançar nas bandeiras”, disse.

“Já existe algo muito avançado […] não tenho dúvida, só se tiver um fato de força maior,  mas isso aí já é um ponto que não tem mais divergência”, confirmou.

Relação com o governador 

Jullian explicou que não faz parte do governo João Azevêdo (Cidadania), mas se for para ajudar governo, vai ajudar. “Eu sou uma pessoa de direita, mas não sou uma pessoa  intolerante”.

E continuou: “Eu não tenho problema em caminhar com João, caso eu tenha como ajudá-lo a governar, porque no momento, hoje, eu não sou governista, não faço parte do governo. Eu tenho uma relação institucional muito respeitosa com o governador João. Acho ele uma pessoa séria”, justificou.  Apesar disso, destacou que tem cobrado soluções para problemas antigos na Segurança, como o salário baixo da polícia e a incorporação da bolsa desempenho.

João e Lula 

Com relação à provável aliança de João e Lula ano que vem, ele disse: “Eu, particularmente, não sigo Lula e não subo no palanque com Lula, mas eu tenho capacidade de dividir, se meus valores não forem confrontados”. Para ele, João é Lula desde criancinha. E deixou claro que incomoda muito mais a ele a relação do presidente Bolsonaro com Collor, Roberto Jefferson e Ricardo Barros.

Veja a entrevista na íntegra:

Entrevista no site da CBN JP