CONVERSA POLÍTICA
Caso Padre Zé: Pe Egídio fez empréstimo de R$ 13 milhões e arcebispo se diz 'traído e envergonhado'
Por causa do pagamento do empréstimo, segundo Padre George, o hospital tem perdido mensalmente cerca de R$ 250 mil que são transferidos através do recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Publicado em 10/10/2023 às 14:33
Cinco dias após a 'Operação Indignus', que investiga um escandaloso esquema de utilização de verbas do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, para bancar, segundo denúncias, de regalias, imóveis e itens de luxo, na gestão do Padre Egídio, o Arcebispo da Paraíba, Dom Delson, e o Padre George Batista, novo administrador da entidade, concederam entrevista coletiva para prestar esclarecimentos sobre o andamento das investigações internas e junto às autoridades.
Eu sinto muita tristeza muito grande que um ministro de Deus tenha se envolvido numa coisa dessa natureza (...). O sentimento é de vergonha. Me sinto traído, porque [ele] foi preparado para anunciar o evangelho, testemunhar a fé, para estar a serviço dos mais pobres”, lamentou Dom Delson, nesta terça-feira (10).
O Conversa Política apurou na semana passada que, nos últimos cinco anos, a entidade filantrópica recebeu mais de R$ 290 milhões de convênios firmados com o governo federal, estadual e o município de João Pessoa.
O volume pode ser maior, já que o levantamento não considerou receitas de fontes de custo não detalhadas, especificamente para o Instituto São José, nem verbas provenientes de doações particulares.
Empréstimo de R$ 13 milhões
O alto volume circulando na entidade parece não ter sido empecilho para a antiga direção, que tinha Padre Egídio à frente, solicitar mais de R$ 13 milhões em empréstimos com dois bancos, em nome da instituição, segundo informações do novo administrador do hospital, Padre George Batista.
Existem dois empréstimos na Caixa e no Santander feitos entre o ano passado e esse ano. No Santander, é de R$ 600 mil e na Caixa aproximadamente R$ 12,4 milhões. O empréstimo foi feito na antiga gestão. Somando tudo dá cerca de R$ 13 milhões. Para onde foi esse dinheiro?”, disse George.
O caminho desse dinheiro agora está sendo investigada pela força-tarefa solicitada pelo novo administrador ao Gaeco do Ministério Público da Paraíba assim que assumiu. O trabalho conta com a participação também da Polícia Civil, a Secretaria de Estado da Fazenda e a Controladoria-Geral do Estado da Paraíba.
Manutenção do Padre Zé
Por causa do pagamento do empréstimo, segundo Padre George, o hospital tem perdido mensalmente cerca de R$ 250 mil que são transferidos através do recursos oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ou seja, dinheiro público, do Sus, está sendo usado para pagar um empréstimo que ninguém, ainda, sabe para onde foi.
Atualmente, segundo o diretor, a unidade precisa de cerca de R$ 1,3 milhão para se manter, sendo cerca de R$ 1 milhão de verbas enviadas pelo SUS e o restante através de doações.
Esse valor inclui a folha de pagamento do quadro de funcionários da unidade, que mantém 195 colaboradores. Segundo a nova gestão, todos os salários estão sendo pagos normalmente.
Padre Egídio e a defesa
De acordo com os promotores, não houve marcação de depoimento, mas ele apareceu por lá para avisar que quer falar. Os investigadores ficaram sem entender.
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