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POLÍTICA

Dom Aldo coleciona denúncias investigadas pelo Vaticano

Acusado de pedofilia, arcebispo deixa a Paraíba sem desfecho dos processos.  

Publicado em 06/07/2016 às 10:05

Desde que foi transferido da Arquidiocese do Ceará, em 2004, acusado de cumplicidade em crimes de pedofilia no Estado, o agora arcebispo emérito da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, se envolveu em diversas polêmicas e passou a ser investigado pelo Vaticano. Além de novas denúncias envolvendo seu nome em práticas de exploração sexual de menores, com a participação de diversos padres da Paraíba, Dom Aldo também foi duramente criticado por partidarizar a Igreja Católica com seus posicionamentos pessoais.

Devido ao processo do Vaticano, Dom Aldo está proibido de ordenar padres e diáconos e de receber novos seminaristas desde fevereiro do ano passado. Em janeiro de 2015 ele foi à Roma para uma audiência com o Papa Francisco a fim de prestar esclarecimentos sobre as investigações envolvendo seu nome. A denúncia foi apresentada por um grupo de padres, que pediu anonimato, e publicada com exclusividade no JORNAL DA PARAÍBA, em agosto do ano passado.

A proibição a Dom Aldo seguiria até que as investigações fossem finalizadas. O então arcebispo de Garanhuns (PE), Dom Fernando Guimarães, hoje arcebispo da Diocese Militar em Brasília, à época, foi o representante designado pelo Papa Francisco para conduzir o processo. Um relatório foi feito e se transformou em um processo que tramita na alta cúpula da Igreja.
Em março deste ano, foi a vez do arcebispo de Teresina, Dom Jacinto, realizar uma visita eclesiástica para continuar o processo do Vaticano contra o arcebispo da Paraíba. Ele foi designado pelo papa Francisco para realizar uma sindicância (que no Direito Canônico é chamada de visita eclesiástica) a fim de apurar as denúncias. O tema foi abordado em reportagem pelo Jornal da Paraíba.

Durante o período em que esteve na capital, Dom Jacinto ficou hospedado no Lar da Providência Carneiro da Cunha, onde ouviu relatos de algumas pessoas que teriam sido vítimas de abuso sexual, como seminaristas e coroinhas, além de padres, diáconos e leigos que serviram como de testemunha de defesa e acusação, e o próprio Dom Aldo.

Uma das peças-chaves no processo, também ouvida pelo representante do Vaticano, foi Mariana José Araújo Silva. Ligada à Paróquia São Rafael, a religiosa acusa Dom Aldo de ter tido relação afetiva e sexual com um jovem de 18 anos de idade. Em uma carta escrita por ela, encaminhada ao Vaticano, o arcebispo é acusado de realizar encontros amorosos com a presença de outros padres e jovens para experiências sexuais.A carta motivou uma ação judicial movida por Dom Aldo contra Mariana, a quem acusa de calúnia e difamação. A ação tramita no Fórum Criminal de João Pessoa. A última audiência, de conciliação, aconteceu no dia 19 de abril deste ano.

Sempre procurado pela reportagem do JORNAL DA PARAÍBA, o arcebispo Dom Aldo afirmava desconhecer as denúncias para as quais é acusado e negou o processo no Vaticano.

Relação com a política – Dom Aldo sempre manteve um posicionamento político bem marcado. Em um dos episódios em que foi criticados pelos fieis foi quando o arcebispo acompanhou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) na coletiva que deu quando teve o mandato de governador cassado pela Justiça Eleitoral.

Com a eleição do governador Ricardo Coutinho, Pagotto passou a defender o socialista. O arcebispo usou o espaço semanal que tinha em um jornal impresso para defender a gestão do PSB e dizer que a luta de Ricardo contra práticas coronelistas lhe rendiam "ataques diuturnos" de quem tentaria deturpar os fatos e os feitos do chefe do executivo paraibano.

Dom Aldo também causou polêmica ao participar dos protestos que pediu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A rixa com o PT, inclusive, é ainda mais antiga. Em 2010, o arcebispo da Paraíba publicou um vídeo de 14min59seg no Youtube, no qual critica o partido e a então candidata à presidência, por posições em relação à defesa do aborto.

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Jornal da Paraíba

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