POLÍTICA
Folha nega erro em divulgação de pesquisa sobre governo Temer
Matéria diz que tanto a Folha quanto o Datafolha agiram com transparência.
Publicado em 21/07/2016 às 16:01
Depois de publicação do site independente de notícias Intercept, questionando reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha divulgada no último fim de semana, o periódico voltou a publicar dados da pesquisa na noite dessa quarta-feira (20). Desta vez, trazendo as respostas sobre a porcentagem de entrevistados favoráveis a novas eleições em caso de perguntas estimuladas.
Na nova reportagem, o jornal mostrou que o resultado foi 62% de brasileiros favoráveis a novas eleições nas respostas estimuladas, ou seja, quando especificamente foi perguntado: “Você é a favor ou contra Michel Temer e Dilma Rousseff renunciarem para convocação de novas eleições para a Presidência da República ainda este ano?”.
A Folha, na reportagem publicada em sua versão online, alega que a diferença entre os resultados do recorte da pesquisa publicado anteriormente no fim de semana e os agora apresentados “causou polêmica na internet”, “depois que o site The Intercept publicou texto acusando a Folha de cometer fraude jornalística com pesquisa manipulada visando alavancar Temer”.
The Intercept, no artigo assinado pelos jornalistas Glenn Greenwald e Erik Dau, e publicado na manhã dessa quarta (20), em sua versão em português, afirmou que o Instituto Datafolha admitiu imprecisão na análise dos dados, ao divulgar a pesquisa sobre a preferência do brasileiro em relação à permanência de Michel Temer ou a volta de Dilma Rousseff.
Luciana Schong, do Datafolha, disse ao site de notícias que "qualquer análise desses dados que alegue que 50% dos brasileiros querem Temer como presidente seriam imprecisos, sem a informação de que as opções de resposta estavam limitadas a apenas duas."
No artigo de quarta, Luciana afirmou ao Intercept que foi a Folha, e não o instituto de pesquisas, quem estabeleceu as perguntas a serem feitas aos entrevistados e reconheceu "o aspecto enganoso na afirmação de que 3% dos brasileiros querem novas eleições", “já que essa pergunta não foi feita aos entrevistados”, quando a pergunta foi sobre a permanência de Temer ou a volta de Dilma.
Na matéria da Folha online da noite, o jornal alega que, na publicação de domingo (17) da pesquisa, há um quadro que detalha duas respostas dadas espontaneamente pelos entrevistados quando a pergunta foi o que eles pensavam sobre a volta de Dilma ou a permanência de Temer: “nenhum dos dois” ou “novas eleições”.
“Não há erro, e tanto a Folha quanto o Datafolha agiram com transparência”, diz a matéria divulgada de noite pela Folha online.
A Folha online também publicou a íntegra da pesquisa, feita com 2.792 pessoas em 171 municípios, nos dias 14 e 15 de julho. Sob o título “Avaliação do governo Michel Temer”, a pesquisa concluiu que um em cada três brasileiros (33%) não sabe o nome do atual ocupante do cargo da Presidência da República; 65% responderam corretamente que Michel Temer é o ocupante do cargo e 2% citaram nomes errados.
O Datafolha diz que consultou os brasileiros sobre a possibilidade de uma nova eleição presidencial neste ano, caso Dilma e Temer renunciassem seus cargos, e a resposta foi que a maioria, 62%, declarou ser a favor de uma nova votação. Contra essa possibilidade, foram 30% dos entrevistados, e 8% são indiferentes ou não opinaram.
O índice dos favoráveis a novas eleições é maior entre os jovens de 16 a 24 anos e entre os que têm de 25 a 34 anos. Nas duas faixas, 68% são a favor de novas eleições. Entre os que responderam que consideram o governo Temer ótimo ou bom, 50% querem nova eleição, e 44% são contrários a novo pleito.
Questionados se o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff está seguindo regras democráticas e a Constituição ou se está desrespeitando as regras democráticas e a Constituição, 49% disseram acreditar na primeira hipótese. Já os que responderam que as regras estão sendo desrespeitadas são 37%, e 14% não opinaram.
Na parcela dos mais escolarizados, 58% avaliam que o processo de impeachment segue as regras democráticas e a Constituição, índice que cai para 40% entre os menos escolarizados. Nesta última faixa, os que consideram que o processo não segue as regras são 37%, e os que não deram opinião são 23%.
Avaliação de governo
Ao perguntar o que os entrevistados pensam do governo Temer, 31% disseram considerar o governo ruim ou péssimo; 14% consideram a gestão do peemedebista ótima ou boa. Segundo o Datafolha, em pesquisa feita pouco antes de Dilma ser afastada do cargo, no início de abril, o índice de reprovação de seu governo era de 65%, enquanto os que consideravam sua gestão como ótima ou boa eram 13%.
Para o Datafolha, “essa diferença é explicada pelo índice dos que consideram a gestão de Temer regular (42%), em patamar superior ao obtido pela petista (24%). Uma parcela de 13% não soube opinar sobre a gestão do interino”. De 0 a 10, a nota média atribuída ao desempenho de Temer até o momento é 4,5.
O instituto de pesquisas também fez uma comparação da avaliação do início do governo Temer com o início do governo de Itamar Franco, ao assumir após o impeachment do então presidente Fernando Collor, em 1992. Segundo o Datafolha, em dezembro daquele ano, dois meses após assumir no lugar de Fernando Collor, a gestão de Itamar era considerada ótima ou boa por 34% dos brasileiros, regular por 45% e ruim ou péssima por 11%. Na época, 11% não deram opinião sobre o assunto.
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