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POLÍTICA

Hervázio vê fragilidade da oposição no Estado

Líder do governo também explicou razões de insatisfações por parte de parlamentares da base.

Publicado em 24/11/2013 às 8:00 | Atualizado em 04/05/2023 às 12:13

O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Hervázio Bezerra, elenca as dificuldades enfrentadas pelo Executivo quando detinha a minoria na Casa e, depois, os êxitos com a conquista da maioria que garantiu a governabilidade do Estado e aprovação de matérias importantes como empréstimo da Cagepa e permuta do terreno da Acadepol. Hervázio explica, em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA, as razões das insatisfações por parte de alguns parlamentares da base, e da sua migração do PSDB para o PSB.

JORNAL DA PARAÍBA - Qual o balanço que o senhor faz das votações de matérias do governo na Assembleia Legislativa?

HERVÁZIO - Nós tivemos inúmeras matérias polêmicas durante todo este período legislativo. Muito embora tenhamos iniciado o ano com minoria na Assembleia, logo no mês de fevereiro nós conseguimos conquistar a maioria, o que efetivamente deu condições ao governador Ricardo Coutinho de aprovar pedidos de empréstimo, aprovar projetos importantes para o Estado, enfim, garantir a governabilidade com o apoio indispensável do Poder Legislativo. Graças a Deus, com luta, com sacrifício e com muito trabalho, nós conseguimos aprovar todas as matérias que careciam do referendo da nossa Assembleia. Eu poderia destacar aqui o famoso empréstimo da Cagepa. É um empréstimo extremamente benéfico, onde sete empréstimos serão consolidados em apenas um, com juros bem mais vantajosos para a Cagepa e, consequentemente, para o governo e para o Estado. Nós tivemos ainda um projeto extremamente polêmico, em que tivemos debates extremamente duros, que foi a permuta dos terrenos e hoje nós já estamos colhendo os frutos. Estamos vendo o avanço socioeconômico lá do bairro de Mangabeira e bairros adjacentes como Bancários, José Américo e Geisel. Isso é visível até pela quantidade de construções e a expectativa de novos empreendimentos em função da construção do Shop- ping naquele local e de dois equipamentos importantes, frutos dessa permuta, que foi a Acadepol e a Central de Polícia. Tivemos ainda a contribuição da Assembleia com a aprovação de alguns empréstimos junto ao BNDES, onde o governo está tendo a oportunidade de fazer obras importantes em João Pessoa como a reforma do Espaço Cultural, o entorno do Almeidão, o Centro de Convenções, a drenagem e pavimentação em diversas ruas do Bessa, o restaurante popular, o trevo de Mangabeira, dentre outras ações.

JP - A bancada governista tem sido fiel nas votações realizadas na Assembleia?

HERVÁZIO - Em todas as votações a bancada tem votado de forma maciça, de forma coesa, dando suporte às ações e projetos de relevância que são encaminhados pelo governador Ricardo Coutinho.

JP - E as insatisfações que geralmente ocorrem na base aliada, como o senhor administra como líder do governo?

HERVÁZIO - Eu acho perfeitamente normal e compatível até com o estilo do governador Ricardo Coutinho. Eu faço política há mais de 20 anos e devo dizer que jamais em tempo algum eu vi uma Assembleia ou uma Câmara Municipal, onde os parlamentares venham dizer que resolvem tudo com o governo e que estão altamente satisfeitos. Agora, o que os deputados se queixam é de algumas intervenções pontuais em suas áreas de atuação. Na questão da nomeação de cargos comissionados há uma certa movimentação com relação a isso e algumas insatisfações. Mas eu acho perfeitamente normais e quando elas ocorrem, tanto o governador, como o deputado Adriano Galdino, que é secretário do governo, e eu, temos feito algumas intervenções visando minimizar esses problemas, que são perfeitamente naturais em qualquer governo. Na verdade o cobertor é muito curto para abrigar todo mundo e é normal que existam algumas insatisfações, mas que são compensadas até com as intervenções do governo em todas as regiões do Estado. Isso eu acho que contempla praticamente todos os deputados. Você quase não vê queixas nesse sentido. Então, eu acho que compensa um pouco esse problema, que existe e sempre existirá, independente de quem seja o governador e de quem integre o parlamento.

JP - Nas suas contas quantos deputados formam hoje a base do governo na ALPB?

HERVÁZIO - Nós temos 18 deputados que eu posso enumerar como integrantes diretamente da bancada e tem o deputado Márcio Roberto, que tem assumido uma postura de que projetos de relevância do Estado ele vota de forma favorável, como tem votado em alguns projetos, mesmo sendo filiado ao PMDB, a quem deve fidelidade. Mas mesmo com esse placar de 18 a 18, presidindo a sessão o deputado Ricardo Marcelo, nós vencemos as votações com um placar de 18 a 17.

JP - O presidente Ricardo Marcelo tem se comportado como um magistrado?

HERVÁZIO - Certa vez ele dizia, de forma pública e até da tribuna da Assembleia, que integrava a bancada de oposição. Eu quero crer que é legítima qualquer postura que venha adotar todo e qualquer parlamentar, dentre os quais não há como excluir o presidente. Ele tem todo o direito do mundo. É perfeitamente legítimo que ele venha integrar ou a bancada do governo ou a bancada de oposição. Logo que eu cheguei à Assembleia foi importante algumas intervenções dele, principalmente naquela ocasião quando numericamente nós tínhamos inferioridade. Mas em outros casos, não. Em outros ele claramente direcionou, até com a força que o presidente da Assembleia tem e não é diferente com relação a Ricardo Marcelo. Ele chegou a comandar algumas derrotas do governo. Eu acho que o caso mais traumático foi, sem dúvida, o empréstimo da Cagepa e aí eu, na condição de parlamentar, tive que recorrer à Justiça. Depois da decisão judicial, a Assembleia chegou a rever o seu posicionamento. Mas o que importa é que o empréstimo foi aprovado e será benéfico para a instituição Assembleia e, principalmente, para o nosso Estado.

JP - Na sua opinião, a oposição tem sido responsável ou tem dado muito trabalho ao governo?

HERVÁZIO - A oposição se encontra um tanto quanto chocada com as ações do governo. Nós estamos num ano pré-eleitoral e a verdade é que a oposição não consegue de modo algum fazer com que uma candidatura legítima venha a ter musculatura suficiente para ameaçar a coligação anterior, ou seja, entre o PSB e o PSDB, que foi uma coligação vitoriosa no último pleito. A oposição fica torcendo para que haja uma dissidência, para que quebre esse acordo. Isso é tão somente a demonstração de fragilidade da oposição em nosso Estado.

JP - O senhor tem conhecimento se o governador vai antecipar a reforma do secretariado, tendo em vista que muitos vão sair para disputar as eleições do próximo ano?

HERVÁZIO - Nós temos alguns nomes pré-lançados, já do conhecimento público, como a secretária de Comunicação, Estelizabel Bezerra, o secretário do PAC e presidente da Suplan, Ricardo Barbosa. Temos ainda os casos dos deputados que hoje ocupam cargos de secretário, que são Adriano Galdino e Manoel Ludgério e outros nomes que deverão deixar o governo para se candidatar. Em função disso o governador tem que escolher novos nomes para que o projeto administrativo não sofra solução de continuidade. Essa reforma é iminente, ela tem data certa, mas eu não sei se o governador vai antecipar para dezembro ou para janeiro como parte da imprensa chega a especular.

JP - O senhor optou em deixar o PSDB e se filiar ao PSB. O que pesou nessa sua decisão?

HERVÁZIO - Levamos em consideração alguns fatores. Primeiro, que existia e ainda existe hoje um posicionamento público do presidente do PSDB, deputado Ruy Carneiro, de que eles trabalham com a perspectiva de uma candidatura própria do partido. No telefonema que eu recebi nos 15 dias antes do prazo final para as mudanças partidárias o deputado Ruy Carneiro me dizia que não tinha a menor condição de me assegurar que o PSDB teria uma candidatura e se essa candidatura seria do senador Cássio Cunha Lima ou até de um outro nome do PSDB, mas que também ele não afastava a possibilidade da manutenção da coligação com o PSB. Mas o que ele me disse de uma forma bastante clara foi que se houvesse a candidatura do PSDB, a cúpula partidária não iria permitir qualquer divergência da orientação partidária. E aqueles que não comungassem com a tese da candidatura própria não teriam legenda. Ele me disse isso com todas as letras. Como todos sabem, eu sou suplente de deputado e por uma deferência do governador foram convocados dois companheiros para ocuparem cargos estratégicos no governo e isso deu as condições para que eu e o deputado Quintans assumíssemos a Assembleia, permanecendo ali até hoje na titularidade. Eu aprendi com meus pais que gestos a gente corresponde com gestos. Na hora que eu decidi sair do PSDB, o governador me convidou para me filiar ao PSB. Eu aceitei o convite e graças a Deus fui muito bem acolhido pelos girassóis. Eu me sinto em casa, em perfeita harmonia, tanto com o governo, com os secretários e com aqueles que integram a cúpula do partido, o presidente estadual Edvaldo Rosas e Ronaldo Barbosa, do diretório de João Pessoa.

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Jornal da Paraíba

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