Um partido que tem o objetivo de representar a mulher brasileira não deveria encontrar dificuldades em filiar mulheres, certo? Não é o que os dirigentes do Partido da Mulher Brasileira (PMB) vem enfrentando na missão de recrutar filiados. A bancada federal do partido é um retrato dessa realidade. Dos 21 deputados filiados, apenas dois são mulheres. Na Paraíba, a comissão provisória registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) é predominantemente feminina, mas as articulações para formação de diretórios tem acontecido em grande maioria com lideranças masculinas.
Dos sete membros da comissão provisória no Estado, cinco são mulheres, incluindo a presidente Evani Ramalho, que reconhece a dificuldade de convencer as mulheres a ingressarem na vida partidária. Na Paraíba, a maioria das mulheres que decidem enfrentar as urnas vem de famílias tradicionalmente políticas. É o caso das deputadas Camila Toscano e Daniella Ribeiro, e das prefeitas de Pombal e Cajazeiras, Pollyanna Dutra e Denise Albuquerque, mulheres de ex-prefeitos nos municípios onde atuam. A própria Evani, presidente do partido, é filha e sobrinha de vereadores da cidade de Santa Helena.
Ela reconhece que a tarefa não é fácil, mas que vem trabalhando para formar um quadro com mais mulheres. “Estamos tentando mostrar a importância da mulher no quadro político, mas é fato que as mulheres não querem se envolver muito”, afirma Ramalho. A saída tem sido atrair mulheres que já estão envolvidas com a temática, como vereadoras no exercício do mandato e candidatas que não lograram êxito nas últimas eleições.
A presidente destaca que, embora a mulher esteja no centro da questão, ela não é o único foco do PMB, até porque a legislação eleitoral exige dos partidos o preenchimento mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. A cota foi estabelecida para garantir uma maior participação das mulheres na vida política e partidária. Dada a situação atual do partido, pode ser que até o PMB seja obrigado a descartar algumas candidaturas masculinas para garantir o percentual de 30% de mulheres.
Mistério em relação às lideranças O grupo responsável pelo partido assumiu a comissão provisória em dezembro do ano passado e tem conversado com algumas lideranças do interior, como os ex-prefeitos Carlos Antônio (Cajazeiras), Fábio Tyrone (Sousa) e Nobinho (Esperança), além do prefeito de Itaporanga, Audibergue Alves (Berguinho). “Essas conversas não significam convites, mas uma abertura de diálogo que acontece em todo partido”, disse Evani Ramalho.
Na capital, o grupo faz sigilo em relação às lideranças sondadas para compor a agremiação, mas a aproximação da presidente Evani Ramalho com o grupo Santiago - ela coordenou a campanha do ex-senador Wilson Santiago -, deixa uma pista sobre os rumos do partido, lembrando que Wilson Filho é pré-candidato à prefeitura de João Pessoa.
A presidente conta que já percorreu 40 municípios da Paraíba e que deve intensificar o trabalho de articulação depois do Carnaval, especialmente na formação dos diretórios municipais. “Nós assumimos em dezembro, então a articulação ficou um pouco comprometida por causa das festas de fim de ano. Já voltamos a conversar com as lideranças e devemos intensificar os contatos após o Carnaval, com o objetivo de formar as comissões provisórias nos municípios”, disse.
Com uma bancada formada por 21 deputados, o partido já conquistou um minuto da propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio, mas Ramalho garante que esse número vai crescer até o fim de março. “Tudo indica que nós conseguiremos ampliar a bancada para 26 ou 27 deputados. Na Paraíba, o PMB com certeza será importante para a composição de 2016”, disse Ramalho.
Centro-direita
Um partido de centro-direita. Foi assim que a presidente do PMB descreveu a posição da sigla. Evani Ramalho, entretanto, evitou assuntos polêmicos e disse que ainda vai discutir com os futuros correligionários que bandeiras serão defendidas pelo partido. “São decisões que devem ser tomadas em conjunto. Até abril o partido deverá se manifestar”, disse.
A presidente nacional do partido, Suêd Haidar, já se manifestou publicamente sobre alguns temas, como a redução da maioridade penal e o aborto. Sobre o primeiro, ela disse ser pessoalmente contra, mas que discutirá o assunto internamente no partido. Em relação ao aborto, Haidar também manifestou posição contrária. Ela considera o aborto um ato de “matar vidas”, como pondera que é um problema de saúde pública e que é preciso intensificar as ações de educação sexual e difundir os métodos contraceptivos.
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