PLENO PODER
Com 'coletânea' de denúncias, Alhandra é prova de que Estado investiga muito e pune pouco
Publicado em 10/07/2020 às 11:31 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:34
Hoje as equipes do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público e da Polícia Civil, juntamente com outros órgãos, amanheceram mais uma vez nas portas da prefeitura da cidade de Alhandra, no Litoral do Estado. Dessa vez para apreender documentos e equipamentos que possam comprovar indícios de fraude em licitações realizadas no município, que podem ter provocado desvios de R$ 2,5 milhões (segundo os investigadores).
Nos últimos anos, a cena tem se tornado quase rotineira na cidade. Eleito pelo povo, o prefeito de Alhandra, Renato Mendes, está no terceiro mandato e tem contra si uma 'coletânea' de denúncias e investigações feitas pelo Ministério Público e outros órgãos de fiscalização.
Ele foi preso em 2012, na 'Operação Pão e Circo', suspeito de envolvimento com um grupo que fraudaria licitações para shows musicais. Somente na 'Pão e Circo I' e 'Pão e Circo II' o gestor é alvo de 14 denúncias apresentadas pelo MP. Nenhuma delas, porém, foi até agora julgada.
Em 2018, o prefeito foi condenado pelo TCE a devolver mais de R$ 350 mil por irregularidades em obras de calçamento e pavimentação realizadas em 2011. Em 2017, também chegou a ser afastado, mas voltou ao cargo logo depois. Foi condenado por ato de improbidade administrativa com sentença transitada em julgado por não ter efetuado, no exercício de dois mandatos - de 2005 a 2012 -, o repasse do recolhimento de contribuições dos servidores ao instituto previdenciário do município.
Em março de 2020, a prefeitura de Alhandra foi alvo de uma operação para investigar um suposto desvio de quase R$ 500 mil que seriam utilizados em reformas de carteiras escolares.
Mesmo com esse histórico, Renato Mendes continua no comando da prefeitura de Alhandra. Vai concluir, certamente, o seu terceiro mandato. A investigação de hoje, muito mais do que uma ação ostensiva, é uma prova inequívoca de que o Estado brasileiro investiga muito, mas consegue punir bem pouco. Infelizmente.
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