PLENO PODER
Fundação recebeu mais de R$ 20 milhões do poder público, mas vereadores de Campina queriam mais
Entidade lidera ranking nas Emendas apresentadas
Publicado em 21/05/2025 às 10:17 | Atualizado em 21/05/2025 às 12:20

A Fundação Rubens Dutra Segundo, responsável pelo mutirão de procedimentos oftalmológicos no Hospital de Clínicas de Campina Grande, recebeu mais de R$ 20 milhões do poder público nos últimos anos - entre 2021 e 2025.
A maior parte dos recursos repassada pelo Governo do Estado - mais de R$ 15 milhões. Outros R$ 5,2 milhões foram contratados junto a prefeituras paraibanas, sendo R$ 3,3 milhões de Campina Grande.
O quantitativo de recursos impressiona.
Apesar disso, o volume de recursos poderia ser maior. É que os vereadores de Campina Grande apontaram mais de R$ 3 milhões em Emendas para serem destinados à entidade em 2024.
O dinheiro não chegou a ser pago porque o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (UB), vetou à época o modelo de Emendas.
O montante 'endereçado' pelos vereadores três vezes maior que o que seria destinado à FAP - uma instituição com décadas de serviços prestados a pacientes oncológicos de todo o Estado. E seis vezes mais significativo que os recursos direcionados à APAE.

A Fundação tem como representante o ex-deputado Robson Dutra.
Entidade usou dependências de Hospital do Governo
O caso do mutirão oftalmológico precisa ser apurado de forma rigorosa. As informações de que medicamentos com validade vencida tenham sido utilizados é inaceitável. Não pode ser minimizada pelos envolvidos.
Um outro ponto que também merece avaliação é o formato adotado para a execução dos serviços.
É que a Fundação Rubens Dutra, que é filantrópica, foi contratada para oferecer os procedimentos, mas usava as dependências do Hospital de Clínicas de Campina - do Governo do Estado.
Esse modelo, aliás, já provocou problemas para a gestão. Ano passado o MPF denunciou 5 pessoas na Operação Marasmo, entre elas ex-diretores. Um dos principais questionamentos feitos é que a unidade teria contratado uma empresa para oferecer refeições prontas aos pacientes, mas utilizava a cozinha do Hospital de Clínicas para confeccionar as refeições.
No caso do Rubens Dutra é preciso avaliar os termos do contrato. Algo que deverá ser acompanhado pelo Ministério Público.
O secretário de Saúde do Estado, Ari Reis, informou à Rádio CBN que o uso do ambiente hospitalar público está previsto no contrato. Ele defendeu o modelo.
"Isso é amplamente usado a nível nacional. Traz vantagens para o ente público, que não precisa pagar pelos leitos de unidades privadas", argumentou, acrescentando que os R$ 15 milhões investidos foram usados para custear cirurgias, exames e outros procedimentos.
O contrato com a entidade foi suspenso após as denúncias.
Esse mutirão, em Campina, pode render ainda muito desgaste para os Governos. As falhas, visíveis, são absurdas.
Outro lado
A Fundação Rubens Dutra Segundo informou à Rede Paraíba de Comunicação que tem acompanhado os pacientes que se submeteram aos procedimentos. A entidade considerou que não é possível afirmar que as complicações surgidas, após os atendimentos, foram provocados por medicações vencidas.
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