PLENO PODER
Vagas no TCE: o teatro de Tião e os sinais de que a AL não quer interferência do Governo
Deputado justificou desistência na disputa por vaga de conselheiro
Publicado em 12/03/2025 às 11:04

O deputado estadual Tião Gomes (PSB) tem exercitado, como ninguém, desde o início da semana, a arte de apresentar uma 'versão oficial' para um fato indigesto. Ontem ele afirmou que desistiu de disputar uma vaga de conselheiro do TCE por conta de uma "pendência" na Justiça.
Tião lembrou, contudo, que não é réu em nenhum processo - o que é verdade.
Ele é, juntamente com outros deputados, investigado em um inquérito junto ao STJ que resultou na Operação Livro Aberto, da Polícia Federal. O caso é um desdobramento da Operação Calvário e surgiu a partir da delação premiada da ex-secretária Livânia Farias.
Mas a justificativa para deixar a disputa não se sustenta.
Isso porque Tião afirma que continua com a disposição de concorrer às outras duas vagas no TCE que surgirão até o fim de 2026. Uma delas em outubro, com aposentadoria de Fernando Catão; e outra em 2026 com a saída de Nominando Diniz do Tribunal.
E não faz sentido porque, muito dificilmente, o procedimento chegará a um desfecho até o fim do próximo ano. Sequer denúncia foi apresentada. A única possibilidade seria o arquivamento do feito, sem transformá-lo em ação penal. Algo pouco comum, tratando-se de uma investigação da PF.
Tião, na verdade, foi convencido pelo presidente Adriano Galdino (Republicanos) de que a vaga de agora, de Artur Cunha Lima, precisa ser ocupada pelo próprio Galdino - diante do cenário imprevisível dos julgamentos do STF quanto à legalidade de três biênios seguidos na Presidência de Assembleias.
Sinais dos cochilos do Governo
Um outro aspecto a ser observado é que os deputados já sinalizaram que não querem ter interferência do Governo nas escolhas das três vagas. Diálogo pode até acontecer, conforme Tião em entrevista ontem, mas as vagas "são da Assembleia".
Esse entendimento ficou claro já esta semana, com o processo acontecendo longe de qualquer possibilidade de articulação do governador João Azevêdo (PSB) - que continua em Portugal.
E a depender do andamento das coisas, poderá ser mantido nas futuras vagas abertas. Sobretudo se o Governo continuar 'dormindo', enquanto deputados decidem sozinhos o que fazer com as cadeiras do Tribunal.
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