POLÍTICA
Prefeita sobre ficar longe de prédios públicos: "Cidade é pequena"
Justiça proibiu Cláudia Aparecida Dias, de Monte Horebe, de se aproximar de imóveis do município pela distância mínima de 100 metros.
Publicado em 21/07/2015 às 11:09
Proibida pela Justiça de se aproximar dos prédios públicos do município pela distância mínima de 100 metros, a prefeita de Monte Horebe, Cláudia Aparecida Dias, afirmou que vai ser difícil cumprir a medida, uma vez que a cidade é muito pequena. "Eu espero que eles entendam que não é uma afronta à decisão, mas é porque a cidade é realmente muito pequena", afirmou.
As declarações foram feitas após a deflagração da Operação ‘Monte Sinai’ na manhã desta terça-feira (21) pelo Ministério Público Estadual, com o objetivo de combater o desvio de dinheiro público. A ação tem como alvo a prefeitura de Monte Horebe, no Sertão paraibano, onde os desvios estariam sendo realizados.
A prefeita Claudia Dias disse que estava a disposição da Justiça para prestar todas as informações e ressaltou que os fatos investigados são da gestão do seu antecessor, o ex-prefeito Erivan Guarita. Ela revelou que participou da gestão anterior como secretária de Administração e da Fazenda. "Eu vejo com tranquilidade e normalidade os trâmites da Justiça e como é de praxe afastar o prefeito em questão. Vamos atender a Justiça no que for possível. Estou me inteirando dos fatos e alguns desses já foram motivo de outros processos, dos quais na época como secretária eu ajudei o prefeito na sua defesa. São fatos que no decorrer do processo serão esclarecidos", disse a prefeita em entrevista a rádio CBN de João Pessoa.
Segundo ela, vários prefeitos do alto sertão são alvo de denúncias e de investigações pelos órgãos de fiscalização. "Eu vejo isso com naturalidade. A partir do momento que a gente entra numa gestão publica a gente sabe que está sujeito a qualquer situação dessa. Quando decidi ser prefeita sabia que percalços iriam acontecer", declarou.
De acordo com informações do Ministério Público Estadual, as investigações tiveram início há mais de três anos e fazem parte de um desdobramento da ‘Operação Transparência’, também realizada pelo Gaeco e que investigou esquemas de corrupção e fraudes em dezenas de municípios paraibanos.
Em Monte Horebe, os desvios investigados pelo Ministério Público teriam ocorrido entre os anos de 2010 e 2012 e vão desde desvios de recursos públicos, que deveriam ser usados para a compra de alimentação, a obras de construção civil e na contratação ilegal de “funcionários fantasmas”.
Vinte empresas e 30 pessoas investigadas
Pelo menos 20 empresas e 30 pessoas físicas também serão investigadas pelo crime de desvio de dinheiro público no município de Monte Horebe, no sertão da Paraíba, através da Operação Monte Sinai, realizada pelo Ministério Público da Paraíba em parceria com a Controladoria Geral da União. Além do cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão, o Tribunal de Justiça da Paraíba determinou o afastamento do cargo da prefeita de Monte Horebe, Cláudia Aparecida Dias (PEN), e do secretário de Administração do município, Erivaldo Jacó de Sousa. Os gestores também estão impedidos de se aproximarem de prédios públicos da cidade pela distância mínima de 100 metros.
De acordo com o coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do MPPB, Octávio Paulo Neto, as provas contra os gestores - incluindo o ex-prefeito do município, Erivan Dias Guarita - são robustas e os levarão a responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e desvio de dinheiro público. A investigação apontou, por meio de quebra de sigilo bancário e fiscal, que valores oriundos da prefeitura foram transferidos para as contas pessoais da atual prefeita e do ex-prefeito da cidade. Pelo menos R$ 50 mil foram desviados para a conta de Cláudia Aparecida e cerca de R$ 30 mil para a do ex-prefeito.
Segundo o promotor Octávio Paulo Neto, as empresas contratadas pelo município descontavam os cheques referentes aos processo licitatórios e esses valores iam parar na conta pessoal da prefeita. A investigação também descobriu que funcionários fantasmas recebiam os valores e repassavam para a gestora. A operação Monte Sinai é uma continuidade da Operação Transparência, deflagrada em 2009 pelo MPPB para desmantelar uma organização criminosa que agia na constituição de empresas “de fachada” com a única finalidade de fraudar licitações públicas.
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