Professores e estudantes da UFPB chamam nomeação de Valdiney Gouveia de 'ataque à democraria'

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A nomeação do professor Valdiney Veloso Gouveia, como novo reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pelo presidente Jair Bolsonaro, publicada no Diário Oficial da União (DOU) na manhã desta quinta-feira (5) não agradou a professores e estudantes. A Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (ADUFPB) e o Levante Popular da Juventude, entidade do movimento estudantil, afirmam que o ato do presidente fere a autonomia da instituição.  A discussão sobre a nomeação ficou tão intensa que deixou a UFPB como assunto mais comentado no Twitter na manhã desta quinta.

Segundo o presidente da ADUFPB, Fernando Cunha, nomear o terceiro colocado de uma eleição é um ataque direto à democracia. “Ele não tem legitimidade nenhuma para ser reitor da universidade”, afirmou Fernando. Valdiney Gouveia recebeu apenas 5% dos votos e no colégio dos Conselhos Superiores não teve um único voto. “Iremos agir de forma a fazer valer a eleição que nós realizamos”, garantiu o presidente da ADUFPB.

O movimento estudantil segue a mesma linha de pensamento da ADUFPB. “Nós reafirmamos que, na democracia, a autonomia dentro da universidade precisa ser respeitada. A decisão da comunidade universitária ela é soberana”, informou o integrante do movimento estudantil Levante Popular da Juventude, Ciro Caleb. Segundo ele, os estudantes da UFPB não vão aceitar essa "intervenção" do presidente. “Exigimos que o professor Valdiney decline dessa nomeação”, reforçou Ciro.

Para alinhar as ações, os professores da diretoria da ADUFPB vão realizar uma reunião urgente, ainda nesta quinta. Na ocasião, ele vão debater formas de fazer valer a eleição realizada pela instituição. Já o movimento estudantil convocou estudantes, professores e servidores da UFPB para um ato na frente da reitoria. O protesto está previsto para 16h. Ciro garantiu que o ato é necessário mesmo com a pandemia. “Recomendamos o uso de máscaras e o respeito do distanciamento social nesse ato simbólico”, informou Ciro.

A atual reitora da UFPB, Margareth Diniz, disse que desde 2019 são pelo menos 10 reitores nomeados na mesma situação da UFPB, com a escolha de um candidato que não liderou a lista tríplice. "Então a nossa foi mais uma que o presidente, usando de sua discricionariedade, ele indicou o terceiro lugar", completou a reitora.

Apesar da baixa aceitação na votação interna da comunidade acadêmica, Valdiney Gouveia disse que já tem recebido apoio de alguns integrantes da comunidade acadêmica que não votaram nele. “Estamos num momento político, mas nosso propósito é integrar e unir porque a UFPB tem o Consuni como um conjunto e todas aquelas pessoas que queiram trabalhar estarão do nosso lado com certeza e faremos uma universidade da qual todos nós possamos nos orgulhar”, comentou.

O novo reitor disse que o processo que resultou na escolha dele é legítimo. “Qualquer um dos três teria a possibilidade de assumir e ser indicado pelo presidente. Portanto, fui apenas uma das opções entre os três e o presidente considerou que eu seria a melhor opção para a conjuntura para este momento”, opinou Gouveia.

A consulta 

A consulta para escolha da reitoria da UFPB foi realizada no dia 26 de agosto. As professoras Terezinha Domiciano Dantas Martins e Mônica Nóbrega, candidatas aos cargos de reitora e de vice-reitora respectivamente,  foram as mais votadas.

Candidatas pela Chapa 2, denominada “Inovação com inclusão”, Terezinha Domiciano Dantas Martins e Mônica Nóbrega obtiveram a soma ponderada e normalizada de 964,518. A Chapa 1 (UFPB em primeiro lugar), encabeçada pelos professores Isac Almeida de Medeiros e Regina Celi Mendes Pereira da Silva, obteve soma ponderada e normalizada de 920,013. Já a Chapa 3 “Orgulho de ser UFPB” , liderada por Valdiney Veloso Gouveia e Liana Filgueira Albuquerque, teve soma ponderada e normalizada de 106,496.

A lista tríplice com os nomes dos professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que participaram da consulta eleitoral para a escolha foi enviada ao Ministério da Educação (MEC) no dia 11 de setembro. 

Apesar da possibilidade de que novos nomes fossem incluídos na lista, durante a reunião do Consuni, no documento que seguiu para o MEC constaram apenas os nomes que participaram da consulta à comunidade acadêmica.

Durante a reunião do Consuni, Terezinha Domiciano, da Chapa 2, foi novamente a mais votada (assim como ocorreu na consulta com a comunidade acadêmica). Na votação do conselho, a chapa de Terezinha obteve 47 votos. Já a chapa de Isac conseguiu 45 votos e a de Valdiney não obteve nenhum voto.