POLÍTICA
Relator vê indícios de crime e pede abertura de impeachment de Dilma
Jovair Arantes diz haver indício de que Dilma cometeu crime de responsabilidade. Documento agora vai à votação na Comissão.
Publicado em 07/04/2016 às 7:00
No relatório que opinou pelo acolhimento da denúncia de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) afirmou que há "indícios mínimos de que a presidente da República, Dilma Vana Rousseff, praticou atos que podem ser enquadrados em crimes de responsabilidade".
Ele citou "abertura de créditos suplementares por decreto presidencial, sem autorização do Congresso Nacional" e "contratação ilegal de operações de crédito".
Na peça de 128 páginas, divulgada ontem, o relator apontou pela "admissibilidade jurídica e política da acusação e pela consequente autorização para a instauração, pelo Senado Federal, do processo por crime de responsabilidade" a partir da denúncia formulada pelos advogados Miguel Reale Júnior, ex-ministro do governo FHC, Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, e Janaina Paschoal.
Segundo Jovair, há indícios de que Dilma "tinha conhecimento do caráter proibitivo e da ilicitude" de abertura de créditos suplementares em 2015, "por decreto, sem autorização legislativa". Conforme o relator, esses indícios "decorrem do fato de já existir, em 2015 e antes da edição dos decretos, um debate público acerca do tema".
O relatório afirma que "a magnitude e o alcance das violações praticadas pela presidente da República, em grave desvio dos seus deveres funcionais e em quebra de grande confiança que lhe foi depositada, justifica a abertura do excepcional mecanismo presidencialista do impeachment".
"O comportamento do Executivo federal, ao afrouxar, por conta própria, os procedimentos de gestão fiscal, permite postergar a conscientização da sociedade sobre a real situação das finanças públicas, e adia a discussão política de medidas estruturantes urgentes e necessárias ao país", diz o relatório.
Por outro lado, o relator concluiu "pela inviabilidade de eventual processo de responsabilização da presidente da República pelo não registro de valores no rol de passivos da dívida líquida do setor público". O relator explicou que também não considerou, em seu parecer, eventos relativos à atuação de Dilma no Conselho de Administração da Petrobras entre 2003 e 2010 e eventos relacionados ao escândalo revelado pela Operação Lava Jato.
Antes da leitura do voto, houve tumulto entre governistas e a Mesa Diretora dos trabalhos.
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