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POLÍTICA

'Trama' dos vices para chegar ao poder é velha conhecida dos brasileiros

Nas últimas décadas, vários outros suplentes já seguiram o caminho que Michel Temer tenta trilhar atualmente.

Publicado em 13/12/2015 às 14:00

Longe de ser um cargo decorativo ou um prêmio pela aliança de luxo, a vaga de vice-presidente é também um dos cargos mais cobiçados por quem almeja chegar ao poder pela via indireta. Por isso, ao enviar uma carta à presidente Dilma Rousseff (PT) estabelecendo um relacionamento apenas institucional, ainda que sem oficializar o rompimento com a petista, Michel Temer (PMDB) entrou na lista dos vices suspeitos de tramar um golpe, por meio de impeachment, para tomar o poder.

Independentemente das pretensões do peemedebista, cobiçar a vaga do titular, e acabar conquistando o posto, não é novidade na história do Brasil. Dos 36 presidentes do país, nos 126 anos da República, sete eram vices que assumiram definitivamente a Presidência por impedimento do titular, seja por morte ou renúncia. Desses, pelo menos quatro chegaram lá por meio de manobras políticas próprias ou de aliados.

A verdade é que, nem bem o país experimentava o regime republicano, os brasileiros já presenciaram o primeiro golpe. Em 1881, quando o primeiro presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, dissolveu o Parlamento, amargou um contragolpe liderado pelo vice, Floriano Peixoto.

“Floriano era um mestre da dissimulação”, revela o historiador José Octávio de Arruda Melo. Segundo ele, Manoel Viturino embora tenha assumido temporariamente a presidência, no lugar de Prudente de Morais, que sucedeu Deodoro, também se articulou para tomar a cadeira, mas não conseguiu.

No período de 1945 a 1964, em que as eleições para presidente e vice eram feitas separadamente, os atritos políticos eram ainda mais exaltados. Getúlio Vargas, que havia abolido a figura do vice-presidente durante o Estado Novo, resolveu restabelecê-la na Constituição de 1946. Foi nessa que o gaúcho saiu perdendo.

Era 1954 e o governo de Vargas atravessava uma crise política, com diversos setores da sociedade pedindo a sua renúncia, principalmente após o atentado ao opositor Carlos Lacerda, no Rio de Janeiro. O vice, Café Filho, então, tentou convencê-lo a aceitar uma renúncia conjunta. Sob pressão, Vargas acabou se suicidando. Um desfecho diferente que o historiador José Octávio espera para a presidente Dilma.

“Há muitas semelhanças entre os Café Filho e Temer. A queixa dos dois é que o presidente não o atende e ambos se aproveitam da força que têm no Congresso para tramar indiretamente”, afirma.
No caso de João Goulart, que era vice de Jânio Quadros, eleitos em chapas opostas, a relação começou a definhar ainda no primeiro ano de governo, em 1961. Goulart assumiu e foi deposto em 1964.

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Jornal da Paraíba

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