Watteau cobra explicações de verba do Estado para Arquidiocese

Karoline Zilah

Uma das primeiras palavras na sessão desta terça-feira (25) na Câmara Municipal de João Pessoa foi a do vereador Watteau Rodrigues, líder do PCdoB na Casa. O seu discurso consistiu em questionar o envolvimento do acerbispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, no processo de cassação do governador Cássio Cunha Lima (PSDB).

O líder do PCdoB acusou a arquidiocese de ter recebido R$ 1,6 milhão do Governo do Estado. “Cabe a Dom Aldo prestar conta desses recursos. A Paraíba precisa saber onde eles estão sendo aplicados”, cobrou Watteau Rodrigues.

Watteau ainda exigiu da mesa e dos parlamentares que fosse tomada uma iniciativa quanto às declarações de Pagotto e quanto ao fato dele ter comparecido à reunião do governador com o seu secretariado na última sexta-feira (21) para decidir quais seriam os próximos passos da equipe de governo antes que a cassação do Tribunal Superior Eleitoral fosse publicada.

Na ocasião, a autoridade católica chegou a comentar que a cassação foi um “jogo de cartas marcadas” que deixava toda a população paraibana estarrecida. “Ele tenta desmoralizar e se colocar acima do poder. Ele não pode querer defender o indefensável”, criticou Watteau Rodrigues. Ele ainda pediu aos vereadores que que a Casa tomasse providências e reagisse às atitudes do arcebispo a partir do momento em que ele tenta “se colocar de forma tendenciosa a favor de um partido”.

Em nota enviada à imprensa ainda na sexta-feira, Dom Aldo disse que aquele foi um gesto de solidariedade, compaixão e amizade com o casal Cássio e Sílvia Cunha Lima, mas descartou qualquer intenção de confronto entre a Igreja e o TSE. Ele ainda comentou que respeita a decisão do Tribunal e que sua opinião pessoal não é uma imposição aos demais fiéis.

Arquidiocese explica recursos

Em resposta aos debates que têm ocorrido na Câmara, a assessoria de imprensa da Arquidiocese da Paraíba respondeu que o valor comentado pelo vereador deve ser referente ao acumulado de cerca de 5 anos de convênios entre a Igreja e o Estado. Algumas das ações, por exemplo, que seriam fruto das verbas repassadas seriam as atividades do Centro Cultural São Francisco, que funciona como oficina-escola, recebendo visitantes e grupos de estudos.

“Ainda não é possível confirmar esse valor, mas o nosso setor de economia está preparando um levantamento e fazendo cálculos sobre o montante que foi firmado com o Governo do ano de 2003 até hoje para prestar esclarecimentos”, comentou a assessoria.

Em nota publicada na segunda-feira (24) por Dom Aldo Pagotto, ele diz que “lamenta as manifestações agressivas, expressas nos jornais e na mídia de domingo e desta segunda-feira, procurando denegrir e colocar sob suspeitas as relações existentes entre a Arquidiocese da Paraíba e o Estado da Paraíba, em razão de diversos convênios, permanentemente acompanhados transparentemente pelo Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público”.