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POLÍTICA

Wilbur culpa estudos por dragagem mal feita

Presidente da Companhia Docas fala sobre MP dos Portos em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA.

Publicado em 12/05/2013 às 11:53 | Atualizado em 13/04/2023 às 15:51

As obras da dragagem do Porto de Cabedelo já consumiram cerca de R$ 40 milhões, sem que os serviços tivessem sido efetivamente concluídos. O presidente da Companhia Docas da Paraíba, Wilbur Holmes Jácome, responsabiliza o governo anterior pelos problemas nos estudos técnicos. “No governo anterior eles enviaram uma quantidade de informações que não foi suficiente para fazer uma dragagem bem feita. A gente acabou sendo vítima dos problemas dos estudos anteriores”.

Ele revelou que novos estudos tiveram de ser feitos pelo atual governo para complementar o projeto de dragagem do governo federal.

Em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA, Wilbur criticou a Medida Provisória dos Portos, que está para ser votada no Congresso Nacional. Segundo ele, a maneira como o governo federal apresentou a MP não deixou clareza jurídica para o empresário investir. “Faz seis meses que a MP foi lançada e até agora o governo federal não conseguiu fazer um único processo”, afirmou.

JORNAL DA PARAÍBA - Como está hoje a situação financeira do Porto de Cabedelo?

WILBUR - Nessa nossa gestão, a Companhia Docas deixou o Porto de Cabedelo superavitário. O porto encerrou com lucro em 2012 e vamos encerrar com lucro em 2013. Isso é uma grande vitória para essa gestão. Tão importante quanto aumentar a movimentação é deixar a companhia saneada.

JP - E como está essa movimentação?

WILBUR - A movimentação de 2012 foi muito positiva. Enquanto a média de crescimento nacional foi de 3%, o Porto de Cabedelo cresceu 6%. No biênio 2011/2012 nós acumulamos um crescimento de 34% e chegamos a recorde de movimentação de um milhão e 800 mil toneladas. Nesse primeiro trimestre de 2013 já estamos 70% acima do ano passado, com mais de 650 mil toneladas movimentadas. Isso é muito positivo, é a continuidade de um trabalho, com a atração de novos tipos de cargas, como cargas de projeto, as cargas de fábricas que estão se instalando na Paraíba estão sendo desembarcadas no Porto de Cabedelo, bases eólicas do Rio Grande do Norte estão descendo no Porto de Cabedelo. Há um novo perfil de cargas chegando ao porto, fazendo com que a gente bata recordes de movimentação.

JP - Apesar dos números positivos, o Porto de Cabedelo ainda enfrenta muitos problemas. O que o senhor destacaria como sendo o maior problema do porto, hoje?

WILBUR - O grande problema do Porto de Cabedelo é a sua infraestrutura, que é muito antiga. Nós precisamos renovar essa infraestrutura. Você tem aí, por exemplo, um cais e uma infraestrutura elétrica e terrestre que basicamente têm 68 anos. Os últimos investimentos reais na infraestrutura de cais e a parte elétrica foi em 1978. A gente precisa renovar isso. O próprio layout do porto é um layout antigo. A gente precisa requalificar o Porto de Cabedelo de uma maneira completa. Existem várias obras para serem feitas e um novo planejamento operacional para ser feito.

JP - Isso importaria em quanto em termos de investimentos?

WILBUR - No conjunto de projetos que nós temos para o porto, entre fazer um terminal de múltiplo uso novo, que seria dobrar nossa capacidade, fazer o reforço do cais e fazer uma nova dragagem e essas pequenas adequações, com R$ 750 milhões nós teríamos um conjunto de obras que renovaria a infraestrutura portuária na Paraíba.

JP - E levaria quantos anos para a conclusão?

WILBUR - Em quatro anos nós teríamos tudo novo. Algumas coisas nós já estamos fazendo. Todos os projetos para um novo dimensionamento elétrico estão prontos. Toda a reorganização hidrossanitária do porto nós fizemos. Todo o projeto de combate a incêndio foi redimensionado para uma nova situação e foi feito todo um projeto de implantação da separação de resíduos sólidos. Em relação a infraestrutura terrestre, já fizemos o projeto de toda a nova pavimentação do porto. Isso já está pronto e já tem um custo visualizado. Já foi feito o projeto e já estão instaladas as novas balanças com 36 metros. Temos um conjunto de ações que parecem coisas pequenas, mas são situações que têm interferência direta na operação. E tem também as obras e projetos para a superestrutura, que é o cais, o terminal de múltiplo uso e a dragagem.

JP - Explique melhor essas obras.

WILBUR - Vamos começar pelo terminal de múltiplo uso. Ali, ao lado do moinho, nós construiríamos 50 metros de cais novos, uma área de armazenagem com 102 mil metros quadrados. Então, você duplica a capacidade do Porto de Cabedelo. Se temos um potencial de movimentar cinco milhões de toneladas nesse porto novo, tem-se a capacidade de movimentar mais pelo menos cinco a seis mil toneladas. Então, você duplica, sem contar a capacidade de receber containers. Você cria potencialidade de movimentar 60 mil containers por ano. Isso aí é de fato um porto novo. A segunda obra seria todo o reforço do cais. A parede do cais antiga tem um estacamento de 15 metros, aumentaríamos esse estacamento para 25 metros. Isso possibilita dragagens mais profundas. O canal de acesso, se ele tem uma perspectiva de chegar a 11, 12, 13 metros, com isso se pode prever um canal de acesso até com 17. Então, você prepararia o Porto de Cabedelo para um porto novo, um reforço do cais comercial antigo e, consequentemente, você teria a nova dragagem. Estamos investindo muito dinheiro na elaboração das informações dessa nova dragagem. Estamos fazendo estudos geotécnico, geofísico, arqueológico no entorno e fazendo também o estudo de toda modelagem, que é o estudo dos ventos e das ondas. A gente está entregando finalmente essa nova fase de estudos e isso vai complementar o projeto de dragagem do governo federal. O que houve no passado? Houve um superdimensionamento da retirada de material. No governo anterior eles enviaram uma quantidade de informações que não foram suficientes para fazer uma dragagem bem feita. Acabamos sendo vítimas dos problemas dos estudos anteriores.

JP - Houve desperdício de dinheiro?

WILBUR - Nesse caso houve, porque os estudos não foram suficientes e fizeram uma dragagem em que se gastou cerca de R$ 40 milhões e a dragagem não foi concluída, porque ficou faltando 9% para ser terminada. Quer dizer, pegaram os 7 quilômetros do canal de acesso e teoricamente ficou faltando aí um quinto do canal de acesso para ser realmente dragado. É um prejuízo muito grande. Foi falta de estudo do governo anterior que acabou criando problemas na relação com a construtora e o governo federal.

JP - E agora o senhor acha que a dragagem vai sair?

WILBUR - Eu tenho certeza de que dessa vez a gente está entregando os estudos de maneira muito mais abrangente, com muito mais consistência para que realmente a gente possa atender e fazer a infraestrutura que Cabedelo precisa.

JP - Por falar nisso, como é a relação do porto com a população de Cabedelo?

WILBUR - O Porto de Cabedelo é uma grande matriz de desenvolvimento econômico do município. O que a gente gera de imposto, de emprego e renda para a cidade... Você vê que em média um estivador ganha hoje acima de R$ 2 mil. Numa comunidade que você tem mais de 300 trabalhadores diretos, quanto não é despejado na economia local? O relacionamento com o poder municipal hoje é muito mais transparente, mais aberto. A atual gestão tem ido ao porto e atendido aos pedidos para reestruturar o próprio planejamento urbano de Cabedelo para que a operação portuária não seja prejudicada. O nosso porto é de 23 de janeiro de 1935. A cidade de Cabedelo tem 56 anos de emancipada. Nessa relação a cidade na verdade cresceu em volta do porto. Infelizmente, no passado não houve planejamento urbano para deixar as áreas do porto como deveriam ter sido preservadas.

JP - A Paraíba tem aqui pertinho o Porto de Suape. Existe a possibilidade de fazer algum tipo de parceria?

WILBUR - Hoje já existe. Os containers que chegam em Suape eles seguem através de regime de DTA (Documento de Trânsito Aduaneiro) até o Porto de Cabedelo. Você movimenta de Suape para o Porto de Cabedelo cerca de 3 mil e 500 containers por ano. Isso é uma média de 7 mil caminhões, entre Cabedelo e Suape anualmente, só por causa de containers. Além disso, as empresas paraibanas chegam a movimentar em Suape por ano cerca de 50 mil containers. Para se ter uma ideia, o melhor cliente de Suape é a Coteminas, que movimenta nove mil containers por ano. Apesar de haver essa convergência logística, hoje a Paraíba precisa ter uma infraestrutura própria, para movimentar a nossa demanda de containers.

JP - A MP dos Portos é a solução para os problemas dos portos brasileiros?

WILBUR - Discutir um novo marco regulatório para a área portuária é necessário. Só que a maneira como o governo federal apresentou não deixou clareza jurídica para o empresário investir. Se houvesse clareza jurídica nessa Medida Provisória, as 154 áreas que já foram colocadas para arrendamento já teriam sido licitadas. Faz seis meses que a Medida Provisória já foi lançada e até agora o governo federal não conseguiu fazer um único processo. Dentro desse marco regulatório também não se discutiu em nenhum momento a cabotagem. Como é que você vai discutir aumento da movimentação portuária do Brasil se a nossa matriz logística tem 65% das cargas sendo movimentadas através de caminhão e você não flexibilizou a cabotagem para aumentar a movimentação dos portos, ou seja, com as cargas do próprio país? Acho que a MP não teve clareza jurídica, ela foi limitada e não tratou de temas importantes dentro do escopo da operação portuária. Colocou-se muito mais a culpa nos portos do que necessariamente trouxe soluções para o setor.

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Jornal da Paraíba

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