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SAÚDE

Aneurisma: entenda a doença que Juliette teve e revelou que “sumiu do nada”

Neurologistas explicam do que se trata, quais os sintomas, tratamentos e formas de prevenir a doença.

Publicado em 31/12/2021 às 17:31 | Atualizado em 10/03/2022 às 11:46


                                        
                                            Aneurisma: entenda a doença que Juliette teve e revelou que “sumiu do nada”
Juliette revela ter descoberto aneurisma. Foto: Igor Melo/Reprodução/Instagram

Desde que a paraibana Juliette Freire anunciou nas suas redes sociais que descobriu um aneurisma que “sumiu do nada”, as buscas para entender os sintomas e causas da doença dispararam. 

O JORNAL DA PARAÍBA conversou com dois neurologistas para explicar o que é, seu tratamento e como se prevenir ao problema.

Atenção à genética 

Para o neurocirurgião Neuton Magalhães, é comum muitas pessoas ficarem preocupadas com a possibilidade de ter um aneurisma cerebral, principalmente quando algum parente ou alguém próximo morreu de forma súbita, devido ao sangramento provocado pelo problema.

Dois aspectos dessa doença precisam ficar bem esclarecidos. Primeiro: trata-se de uma doença que tem base genética, ou seja, as pessoas nascem com uma predisposição para desenvolver aneurisma cerebral e, portanto, podem acontecer em qualquer idade, sendo mais frequente na quarta e quinta década de vida. 

Segundo: quem sofre de dor de cabeça (cefaleia) tipo enxaqueca ou cefaleia tipo tensional, aquela dorzinha de cabeça que vem de vez em quando, às vezes, mais fraca, outras vezes, mais forte, não precisa se preocupar com a possibilidade de aneurisma.  Entretanto, se um dia a sua dor de cabeça mudou de padrão, veio de forma súbita, de forte intensidade, associada a algum outro sintoma (fraqueza muscular, crise epiléptica ou paralisia de algum membro), aí sim merece investigação.

“O que precisamos explicar para a população é que a imensa maioria das pessoas que têm aneurisma cerebral nunca vão saber que tem, a não ser que ocorra um sangramento. Isso acontece porque os aneurismas cerebrais não dão sintomas; apenas quando ocorre sua ruptura” Neuto Magalhães, neurologista

Como diferenciar uma enxaqueca de uma dor de cabeça provocada por um aneurisma cerebral? 

Quando um aneurisma cerebral se rompe, provoca um sangramento cerebral (“derrame”, como popularmente é conhecido) e a dor de cabeça tem uma característica muito peculiar. É uma dor de cabeça súbita muito forte, que atinge o pico máximo de intensidade em um minuto. 

Geralmente, a pessoa consegue relatar o momento exato, por exemplo, “dói quando recebi um telefonema” ou “foi na hora que começou o jornal nacional”. Costuma ser uma dor de cabeça que envolve toda a cabeça e que não alivia com os analgésicos comuns, havendo a necessidade de procurar atendimento médico de urgência. Muitas vezes também não se alivia com medicações aplicadas na veia. Costuma aliviar apenas quando se faz o tratamento do aneurisma.

É importante reforçar que se alguém teve um parente que morreu de aneurisma cerebral, existe uma chance de parentes de primeiro grau também terem aneurisma (em 25% dos casos). Portanto, todos os parentes de primeiro grau devem procurar um neurologista ou neurocirurgião para fazer uma ressonância a fim de descartar essa possibilidade.

Quando alguém tiver uma dor de cabeça súbita de forte intensidade, deve procurar um serviço com atendimento neurológico imediato e fazer uma tomografia de crânio. 50% das pessoas que têm derrame provocado por aneurisma, morrem sem ter tempo de serem socorridas. Se houver hemorragia por ruptura de aneurisma cerebral, chamada de hemorragia subaracnóide, essa pessoa deverá ficar internada e fazer outros exames para confirmar o diagnóstico e programar o tratamento. 

Tratamento

Segundo o neurocirurgião Emerson Magno, as causas do surgimento de um aneurisma ainda são desconhecidas, mas existem predisposições cientificamente comprovadas, como condições genéticas, tabagismo, hipertensão arterial, o uso de drogas ilícitas, principalmente cocaína e o consumo excessivo de álcool.

De acordo com o cirurgião, o diagnóstico é feito através de exames de neuroimagem. A partir do momento que é identificado, o tratamento pode ser feito com o neurocirurgião. O objetivo é impedir que o aneurisma sangre ou volte a sangrar. 

“A partir do momento que é identificado um aneurisma cerebral, se procede o tratamento. Pode ser feito através de uma microcirurgia de abertura do crânio, chamada microcirurgia intracraniana. Ou através de via endovascular, que é a embolização do aneurisma. É realizada uma pulsão arterial onde é feita sua obstrução” Emerson Magno, neurocirugião

O ideal é identificar, através dos exames, o quanto antes, evitando que um derrame possa acontecer. Pois mesmo quando o paciente sobrevive ao sangramento cerebral provocado pelo problema, pode conviver com problemas neurológicos o restante da vida. 

Trata-se de uma doença grave, porém curável se tratada em tempo hábil. A Paraíba dispõe de um Hospital de referência para doenças cérebro-vasculares que é o Hospital Metropolitano. Entretanto, todas as urgências neurológicas devem passar por atendimento antes numa UPA ou no Hospital de Trauma a fim de confirmar o diagnóstico para depois serem transferidos para aquele hospital.

Imagem

Lua Lacerda

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