Filha aprende a tocar sanfona para homenagear pai sanfoneiro internado em hospital

O idoso e sanfoneiro Antônio Pereira da Silva, de 91 anos, está internado no Hospital Metropolitano, em Santa Rita, para tratar problemas cardíacos. Ele passa por um tratamento paliativo e, pela fragilidade na saúde, não consegue mais tocar o instrumento. Por isso, a filha dele, Maria Antônia, aprendeu a tocar sanfona para homenagear o pai no hospital.

Com a família natural de Princesa Isabel, no Sertão da Paraíba, Maria Antônia explicou que recentemente começou a aprender a tocar sanfona e foi o próprio pai, quando recebeu alta temporária no tratamento, que a ensinou a tocar.

“Quando ele teve alta da última vez, eu peguei a sanfona com ele e disse que quando voltasse às aulas ele também ia me ensinar. Ele começou a me ensinar, e mesmo eu sem saber direito, toquei um pouquinho. Ele me elogiou, disse que eu tinha jeito. Falei que ia acreditar, já que era ele quem estava dizendo”, explicou.

A homenagem ao pai aconteceu dentro do Hospital Metropolitano, ao lado de toda a família do idoso. O instrumento utilizado foi do próprio pai. A filha conta que Antônio Pereira achou muito importante a homenagem e que gostou bastante. Ela fez questão, ainda, de limpar o instrumento para revitalizá-lo.

“Mesmo sem saber tocar direito, eu queria fazer essa ‘zoadinha’ para ele, pois pela situação que meu pai está, trazer a sanfona foi muito importante e ele gostou”, completou.

O tratamento paliativo

A médica que acompanha Antônio, a especialista Ana Carla Porto, disse que os gestos de afeto no tratamento paliativo ajudam muito o paciente, tendo impacto direto no bem-estar. Ela explicou que o idoso passa por problemas cardíacos e que pela idade avançada não pode passar por cirurgia.

“O paciente está internado na enfermaria clínica, recebendo assistência em cuidados paliativos. Sua doença cardíaca severa o trouxe até o Hospital Metropolitano por meio do Coração Paraibano. Devido a idade avançada e a fragilidade de uma internação prévia já prolongada, o quadro clínico vem em evolução crítica. Mas o foco em cuidar é sempre o nosso objetivo”, explicou.

Já sobre a música, a psicóloga Vaneide Delmiro, que também acompanha pacientes internados na unidade hospitalar, disse que existe potencial terapêutico no simples ouvir da melodia.

“A música, assim como outros gestos simbólicos, cria uma conexão que vai além da doença. Ela traz conforto emocional, resgata memórias afetivas, e quando a família participa de maneira tão significativa, como a Maria fez ao tocar a sanfona para o pai, estamos testemunhando um cuidado que vai além da medicina”, ressaltou a psicóloga.

A esposa do paciente, outra filha, o genro e um neto, além dos colaboradores e enfermeiros do hospital, participaram da homenagem.