SAÚDE
Preocupação com sexo seguro
Pesquisa do IBGE revela que 28,5% dos estudantes da capital com menos de 15 anos e vida sexual ativa não se preocupam com sexo seguro e uso de preservativo.
Publicado em 29/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:02

Apesar de conhecer os riscos, 28,5% dos estudantes de João Pessoa, com menos de 15 anos e que possuem vida sexual ativa, têm relações sem o uso de preservativos. É o que revela a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, 71,5% dos alunos do ensino fundamental da capital informaram que usaram camisinha na última relação sexual que tiveram. O percentual é menor que o constatado em Natal (74,2%), em São Luís (73,1%) e em Fortaleza (72,5%). Por outro lado, o índice sobre o uso de camisinha em João Pessoa é maior que o encontrado em Aracaju (71,3%), Teresina (71,1%), Maceió (70,3%), Salvador (70,1%) e Recife (69,8%).
Ainda de acordo com a pesquisa, o motivo do descuido não é falta de orientação. Na capital pessoense, 90,4% dos entrevistados afirmaram que receberam instruções na escola sobre o contágio e prevenção de Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis e 73,1% sabem onde recebem o preservativo gratuitamente. A pesquisa foi feita por amostragem e envolveu 3.222 alunos, distribuídos em 97 turmas de 75 escolas diferentes. Foram ouvidos estudantes das redes pública e privada.
Para a gerente operacional de Combate às Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Ivoneide Lucena, os adolescentes estão negligenciando os cuidados com a Aids por conta do tratamento.
“Essa geração não viu os sintomas e nem as mortes que a Aids causou na década de 80, quando não havia remédios. Hoje, como há tratamento, as pessoas pensam que a doença não oferece mais perigo, mas isso é errado. A doença não é mais um atestado de óbito, mas continua sem cura”, observa.
A especialista acrescenta que a estética é outro fator que favorece a transmissão da doença. “Por ter tratamento, muitos pacientes não emagrecem e nem demonstram os sintomas da doença como ocorria antes. Por isso, muitos jovens que têm a doença possuem corpos sarados, bonitos com aparência saudável. Na hora do sexo, não dá para esquecer a camisinha porque não dá para saber quem tem ou quem não tem Aids”, observa.
De acordo com a SES, as mortes causadas por Aids estão aumentando na Paraíba. Só nos cinco primeiros meses deste ano, 64 pessoas perderam a vida em decorrência da doença. O número corresponde a 26% do total de 246 casos registrados no ano passado. Em 2011, houve 119 óbitos. Já em 2010, a quantidade não passou de 116. Desde 1999, a Aids já matou 1.362 paraibanos.
Deste total, 272 tinham menos de 29 anos de idade. “Estamos verificando que está ocorrendo um aumento nos diagnósticos entre jovens com idades até 25 anos. Isso se deve mesmo à falta de uso de preservativos. É um problema de conscientização”, observa Ivoneide Lucena.
RELAÇÃO SEXUAL ANTES DOS 15 ANOS
João Pessoa apresentou o menor índice, entre as capitais nordestinas, de estudantes que tiveram a primeira relação sexual antes de completar os 15 anos de idade. Na cidade, 23,9% dos matriculados no ensino fundamental já praticaram sexo, segundo a PeNSE.
O percentual é menor que a média regional (24,9%) e do encontrado nos municípios de Salvador (36,5%), Aracaju (28,3%), Maceió (28,2%), São Luís (28,1%), Fortaleza (28,1%), Natal (28%) e Teresina (24,7%).
Na capital, a maior quantidade de alunos que tiveram a primeira experiência sexual com menos de 15 anos de idade está matriculada em escolas públicas. O estudo apontou que 15,2% dos estudantes de colégios privados admitiram que já praticaram sexo, antes mesmo de concluir o ensino fundamental. Já na rede pública, esse percentual é de 28%.
Segundo a chefe da Seção de DST/Aids da Secretaria de Saúde de João Pessoa, os números mostram que o sexo ainda é pouco discutido entre jovens. “Nem sempre informação e prevenção andam juntos. Os jovens sabem como se previnem as doenças, mas não usam a camisinha por falta de maturidade. Por mês, cerca de 510 mil preservativos são fornecidos pela rede pública à população da capital", disse.
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