SAÚDE
Teste pós vacina de covid
Um novo teste que detecta anticorpos neutralizantes foi lançado. Ele foi desenvolvido para avaliar a soroconversão do paciente e verificar a eficiência da vacinação.
Publicado em 23/03/2021 às 13:58 | Atualizado em 05/02/2024 às 11:45
Os testes rápidos pós vacina de covid estão em moda. Se antes uma das grandes dúvidas era saber qual o melhor teste para descobrir quem estava ou não contaminado pelo novo coronavírus, hoje uma pergunta bem corriqueira é se o paciente que recebeu a vacina contra COVID-19 pode realizar testes rápidos para saber se a vacina realmente desencadeou, no seu sistema imunológico, a produção de anticorpos, chamados testes pós vacina de covid.
A resposta é sim: é possível encontrar testes rápidos para detecção de anticorpos IgG/IgM facilmente nas farmácias ao redor do Brasil, inclusive no sistema Drive-thru.
Novo teste rápido
Foi lançado recentemente um novo teste rápido que detecta anticorpos neutralizantes, mais conhecido como teste de avaliação da soroconversão pós-vacinação da COVID-19. O teste foi desenvolvido especificamente para avaliar a soroconversão do paciente e verificar a eficiência da vacinação.
No entanto, nem todo teste serve para todo mundo e é preciso entender como esses testes funcionam para fazer a coisa certa na hora certa.
Ataque pelo coronavírus e contra ataque pelo sistema imunológico
As células humanas possuem o receptor de superfície ACE2 (Angiotensin Conversion Enzyme 2) ou receptor da enzima conversora da angiotensina 2, sendo o local de ligação do vírus SARS-CoV-2 para infectar a célula humana. Quando o paciente é exposto ao vírus, este microorganismo percorre seu caminho até encontrar as células hospedeiras e o vírus conecta os receptores da proteína S com o receptor ACE2 da célula humana.
Após essa ligação vírus – células hospedeiras, é introduzido no núcleo celular o material genético viral. Logo a célula começa a replicar aquele agente invasor até que o processo infeccioso seja estabelecido.
Portanto, esse receptor funciona como uma fechadura. É através dele que o vírus conecta uma chave, chamada de Spike, e aí consegue abrir a porta da célula e adentrar nessa estrutura.
Assim sendo, cada vírus tem um Spike (proteína S) único. Essa é a forma que ele é reconhecido pelo nosso sistema imunológico que prontamente luta para conter essa invasão. São produzidos anticorpos específicos para cada vírus que recebem o nome de anticorpos neutralizantes.
Com isso, podemos definir anticorpos neutralizantes como imunoglobulinas específicas que impedem o vírus de infectar uma célula, ou seja, esses anticorpos bloqueiam a ligação entre a proteína S do vírus com o receptor ACE2 das células humanas.
Quais são as diferenças entre as vacinas Covid-19?
Muitas vacinas contra o novo coronavírus estão em estudo e sendo desenvolvidas.
No caso da COVID-19 as vacinas que estão em desenvolvimento e já estão sendo aplicadas são vacinas com o vírus inativado, a vacina com subunidades proteicas, vacina com partículas similares a virais (VLP), vacina viral não replicantes e a vacina de RNA.
Quais são e como funciona o mecanismo de ação de cada vacina?
Vírus inativado – Coronavac (China). Como ela age: o vírus é isolado em um laboratório, células são infectadas para que o mesmo se multiplique, e em seguida o vírus é inativado por meio de processos químicos e uma substância adjuvante é adicionada ao vírus inativado e purificado para formular a vacina;
Subunidades proteicas – EpiVacCorona (Rússia); Novavax (USA);
Partículas similares a vírus (VLP) – Medicago (GlaxoSmithKline – GSK);
Vetor viral não replicante – AstraZeneca (Oxford); Johnson Johnson; Gam-Covid-Vac (Sputnik – Rússia). Como ela age: O gene que codifica a proteína S do vírus SARS-CoV-2 é inserido em um adenovírus proveniente de um chimpanzé e esse adenovírus é aplicado no paciente. Em seguida, o adenovírus se funde às células humanas e o gene codificante da proteína S é inserido nas células hospedeiras, então é iniciado o processo de produção da proteína S do vírus SARS-CoV-2. Quando o sistema imunológico do paciente detecta a proteína S, inicia-se a produção de anticorpos neutralizantes que se ligam ao receptor ACE2 da célula humana;
RNA – Pfizer BioNTech; Moderna. Como ela age. o RNA mensageiro induz a síntese proteica, as partículas penetram nas células do paciente induzindo a formação de proteínas spikes, em seguida a célula hospedeira degrada e essa proteína é liberada no organismo para que ocorra a produção de anticorpos.
Diferentes vacinas, diferentes testes rápidos
Basicamente, existem dois tipos de testes rápidos para a detecção de anticorpos: o teste tradicional que já é utilizado em farmácias desde o início da pandemia e o novo teste rápido de avaliação (Teste pós vacina de covid) soroconversão pós-vacinação Covid-19. A diferença é que o primeiro detecta anticorpos contra a proteína N (nucleocapsídeo) e o novo teste detecta anticorpos contra a proteína S (spike).
Então, na hora de recorrer a um testes para avaliar se houve soroconversão pós vacina ( produção de anticorpos neutralizantes), é muito importante saber qual vacina você tomou, pois é através dessa informação que é possível saber qual é o melhor teste a ser realizado.
Enfim, se o paciente recebeu a vacina com o vírus inativado, ou seja, a vacina Coronavac, tanto o teste tradicional de anticorpos IgG/IgM como o teste de avaliação de soroconversão podem ser realizados.
Agora, se o paciente recebeu outro tipo de vacina, como por exemplo Astrazeneca, Johnson johnson, Sputnik, Pfizer e Moderna, somente o teste que detecta anticorpos neutralizantes contra a proteína S é adequado para avaliar a soroconversão pós-vacinação.
Como o teste ainda é muito recente, ainda não sabemos o tempo exato para detecção da soroconversão pós-vacinação.
Portanto, é necessário de 15 a 30 dias para o organismo soroconverter, independente da vacina que você tomou.
Vale ressaltar que, alguns indivíduos não necessariamente soroconvertem, pois é um vírus novo e muitos estudos ainda estão em andamento e nem por isso não se garante que esse indivíduo não tenha adquirido imunidade. Vários mecanismos tentam explicar outras formas que o nosso sistema imunológico tenta utilizar para se defender mesmo quando não produz anticorpos.
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