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SAÚDE

Pneumologista alerta que exposição a telas é inimiga popular do 'sono moderno'

Sono foi o assunto do Paraíba Comunidade deste domingo (22), que reexibiu a série de reportagens de André Telis, sobre a importância do descanso para a qualidade de vida.

Publicado em 22/05/2022 às 6:37


                                        
                                            Pneumologista alerta que exposição a telas é inimiga popular do 'sono moderno'
Uso de equipamentos eletrônicos antes de dormir afeta o sono

Os distúrbios do sono possuem diversas causas, mas as consequências são quase sempre as mesmas, já que costumam desencadear sintomas físicos e psicológicos. A importância de descansar adequadamente foi o tema do Paraíba Comunidade deste domingo (22), que reexibiu reportagens da série 'Sono', do cardiologista André Telis, originalmente exibida no JPB2. O médico do sono e pneumologista Rodolfo Bacelar respondeu a dúvidas sobre causas e formas de tratar as perturbações do sono. Confira a entrevista abaixo.

>> Quantas horas de sono devo dormir?


				
					Pneumologista alerta que exposição a telas é inimiga popular do 'sono moderno'
Dr. Rodolfo Bacelar tira dúvidas sobre distúrbios do sono.. Dr. Rodolfo Bacelar tira dúvidas sobre distúrbios do sono.

As causas dos distúrbios de sono são mais físicas ou psicológicas?

É um grande somatório. A depender da patologia que se tem, o componente orgânico físico vai ser mais impactante ou o componente psíquico vai impactar mais. No final das contas, a gente vê que independente da causa, a consequência afeta ambos aspectos. Então os pacientes com problemas de sono vão ter reflexos orgânicos e também vão ter reflexos psíquicos da doença.

Até que ponto a pandemia acabou repercutindo nos distúrbios do sono?

A gente teve uma piora importante no número de pessoas com queixas de sono, e por diversos motivos. Um dos motivos óbvios é a ansiedade em relação a um fenômeno que é ameaçador da vida. Essa ansiedade tirou várias horas de sono de muitas pessoas.

Outra coisa que a pandemia provocou foi uma quebra de rotina. O sono precisa de uma rotina, de uma constância, de uma série de boas práticas para acontecer de forma natural e saudável. Então a partir do momento que eu quebro minha rotina , que eu não preciso mais acordar cedo para ir trabalhar ou estudar, que eu vou dormir muito tarde porque eu não tenho tarefas no outro dia, isso também interfere no sono saudável.

Essas pessoas ficaram mais sedentárias, ficaram em casa, elas precisaram se resguardar do contato com outras pessoas, houve uma redução das atividades físicas que impactou no peso das pessoas e isso também piora o sono, já que a obesidade pode ocasionar problemas ligados ao sono.

Existem pessoas que são propensas a pegar no sono de forma mais fácil?

É uma característica individual. Mas o que pode parecer invejável, pode ser algo que não se deseja ter. Muitas vezes pegar no sono com muita facilidade pode ser reflexo de noites mal dormidas. Então aquela pessoa pode ter apneia, ela não dorme adequadamente ou se priva de sono, tem horas inadequadas em quantidade. Então essa pessoa dorme rapidamente porque ela não dorme adequadamente quando deveria dormir.

Celular é inimigo do sono?

A maior tendência é que ele seja. É um dos problemas que a gente enfrenta hoje em relação à saúde, em um contexto do “sono moderno”. O costume de ficar deitado na cama, nas redes sociais, a própria luz que o celular apresenta muda o fisiológico normal do sono, tira o "drive'' de sono natural que temos. Muda também a secreção de melatonina, que é um hormônio que vai servir como ponteiro do nosso relógio biológico.

Junta com esse contexto de usar celular para o trabalho, que já não termina mais quando você sai dele. Então você fica constantemente ligado às atividades, tudo isso associado ao smartphone, ao uso dos aparelhos móveis, prejudica o sono natural.

E quem trabalha a noite, como vigilantes e profissionais da saúde?

Essas pessoas ganham um capítulo especial dentro do estudo do sono. A gente considera essas pessoas como trabalhadores de turno. Elas têm atividades que são imprescindíveis para o funcionamento da sociedade. Porém a gente precisa minimizar os impactos dessas atividades, nesse contexto, ter uma pausa de repouso maior entre dias de trabalho.

Se não for possível essas pausas tão grandes, existe uma série de conduta que essas pessoas podem ter. Os trabalhadores noturnos podem descansar antes dos turnos de trabalho. Além de trabalhar durante um turno e, ao saírem do trabalho, não terem atividades associadas, não ir fazer outra coisa, deixar pra resolver a vida pessoal ou profissional para um segundo momento e ir diretamente pra casa, de preferência com óculos escuros para evitar o contato com a luz solar. Isso tudo para que possam ter um tempo de sono satisfatório.

Quando a gente procura ajuda médica?

O sinal mais importante é acordar e se dar conta que aquela noite não rendeu. Outros sinais importantes são não conseguir dormir ou não conseguir dormir da maneira como gostaria. Outro ainda é dormir mais do que deveria. Ter muito sono e não conseguir satisfazer esse sono é uma outra indicação de quando procurar um profissional.

Outra queixa mais frequente é a presença do ronco. "As pessoas dizem que eu ronco”, "eu paro de respirar no meio da noite, acordo engasgado”. Esses são os principais eventos ligados ao sono que demonstram a necessidade de procurar ajuda médica.

Como educar uma criança para virar um adulto com sono tranquilo?

O primeiro passo é pelo exemplo. O sono infantil tem muito reflexo do comportamento dos pais. Então os pais que têm maus hábitos de sono podem repercutir isso na criança. Assim como os pais, uma criança não deve se expor à tela antes de dormir.

Colchão, iluminação, silêncio. Até que ponto interferem na qualidade do sono da gente?

Interferem, pois se eu tenho algo que me incomoda, logo não vou conseguir relaxar ao ponto de dormir. Então um colchão que promova um desconforto, ou alguém com sensibilidade a luminosidade que tem um quarto mais claro que deveria, o barulho da rua, tudo isso vai influenciar negativamente numa noite de sono.

Se eu tenho algum tipo de distúrbio de sono e não trato, quais são as consequências?

A gente tem diversas consequências, poderíamos enumerar várias e várias. Mas as principais seriam pensar nas doenças cardiovasculares. A pessoa tem maiores chances de ter infarto, de ter arritmias, maior chance de ter morte súbita, AVC, etc. Maior propensão a ter depressão, ansiedade, maior tendência ao sucídio.

Essa pessoa vai ter problemas metabólicos, por isso maior tendência a ter diabetes. Vai ganhar mais peso, ter dificuldade de perder peso. A gente tem diversos outros problemas. Hoje inclusive a gente sabe que existe uma relação entre os distúrbios de sono e o surgimento de cânceres, então a lista é variada. O sono é fisiológico, quando eu tenho uma dificuldade fisiológica então eu vou ter uma quebra do equilíbrio normal do corpo.

É verdade que idosos precisam dormir menos?

Fisiologicamente o corpo do idoso ele começa a demandar menos horas de sono. É natural que durmam menos horas e é natural que durma mais cedo e acorde mais cedo. É um processo fisiológico.

O primeiro caminho é reconhecer que existe um problema relacionado ao sono e a partir disso existe a especialidade da medicina do sono, que é muito mais do que o atendimento médico. Existe o médico do sono e dentro do diagnóstico ele vai fazer uso de diversos tratamentos, seja de medicação, terapia comportamental, algum aparelho dispositivo para ajudar a dormir melhor. Tudo dentro de um contexto de uma equipe multiprofissional.

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Jornal da Paraíba

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