PLENO PODER
Braiscompany: MPF denuncia doleiro, donos e mais 4 por lavagem de dinheiro
Denúncia relata operações de troca de criptoativos por dinheiro em espécie
Publicado em 20/05/2024 às 12:17 | Atualizado em 20/05/2024 às 13:52
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou uma nova denúncia no caso Braiscompany. Dessa vez os procuradores relatam a prática de lavagem de dinheiro durante o funcionamento da empresa que consistia, entre outras coisas, na troca de criptoativos por dinheiro em espécie - ou o inverso.
Para isso, conforme o MPF, os donos da empresa Braiscompany contaram com a atuação de um doleiro: Joel Ferreira de Souza.
Tempos atrás fiz um post, aqui no Blog, sobre a participação dele no suposto 'esquema'. O investigado já era citado em outros momentos da investigação.
A denúncia é resultado da Operação Trade-Off, da Polícia Federal e do MPF. A ação foi um desdobramento da Operação Halving e cumpriu mandados de busca em São Paulo e outros Estados.
Foram denunciados, além de Joel, os donos da Braiscompany, Antônio Inácio da Silva Neto e Fabrícia Farias; além de Victor Augusto Veronez, filho de Joel; Mizael Moreira Silva, Clélio Cabral do Ó e Gesana Rayane Silva. Os últimos três já tinham sido denunciados em outras ação penal.
Conforme o documento do MPF, o 'esquema' montado por Joel utilizaria diversas empresas para movimentar os valores e contas até em paraísos fiscais.
"Como se demonstrará adiante, JOEL FERREIRA DE SOUZA atuava como operador financeiro em caráter habitual e profissional, realizando operações financeiras de variadas espécies para diversos clientes em todo o país e no exterior, dentre eles, a empresa Braiscompany", relatam os investigadores.
Confira aqui a denúncia na íntegra:
No total o MPF conseguiu vasculhar pelo menos R$ 2,6 bilhões que teriam passado pelas empresas.
Uma das transações feitas com a Braiscompany foi, segundo o MPF, para movimentar R$ 5 milhões provenientes da venda de uma aeronave do casal.
"Como será detalhado adiante, os dados bancários da conta dessa empresa foram repassados para Antônio Neto efetuar a transferência de R$ 5.000.000,00 correspondente à parcela da venda de uma aeronave em fevereiro/2023", discorre a denúncia.
A empresa usada para a movimentação teria sido a Versa Distribuição de Eletrônicos.
Antônio Neto está preso preventivamente na Argentina. A esposa dele, Fabrícia Farias, também continua no mesmo país, em liberdade provisória. Na primeira ação os dois foram condenados a 149 anos, juntamente com outros réus. Eles recorreram da decisão.
Outro lado
Ao Blog, a defesa de Gesana Silva informou que "expressa sua perplexidade diante da recente denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF). Segundo os advogados, a denúncia traz surpresa e indignação, visto que os fatos nela contidos já foram objeto da primeira denúncia no processo em questão, e não houve menção aos crimes agora imputados à ré naquela ocasião".
Ainda conforme os advogados, "a defesa continua a sustentar a ilegalidade do meio de prova utilizado, alegando que não houve a devida proteção dos dados na cadeia de custódia. A defesa alega que a falta de preservação adequada dos dados compromete a validade das provas e, consequentemente, a justiça do processo". A nota é assinada pelo advogado Bruno Cadé.
Já o advogado Pedro Ivo, que faz a defesa de Mizael Moreira, afirmou que "o senhor Mizael é mais uma vítima do casal golpista (Antônio Neto e Fabrícia). Tanto é verdade que, enganado pelo casal acima referido, Mizael investiu tudo que tinha e ainda convenceu os próprios pais a fazerem o mesmo".
O Blog ainda procurou advogados de outros citados na denúncia, mas ainda não obteve retorno sobre o tema. O espaço, claro, está aberto.
A investigação na Braiscompany
A operação investiga uma movimentação financeira de R$ 2 bilhões feita pela Braiscompany em criptoativos. Dois mandados de prisão foram expedidos tendo como alvos o empresário, Antônio Neto, e a esposa dele, Fabrícia Farias Campos. Os dois continuam foragidos.
Na operação a Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e a suspensão parcial das atividades da empresa.
Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campina Grande, João Pessoa e São Paulo – na primeira fase.
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