PLENO PODER
Braiscompany: quem é o doleiro investigado pela Polícia Federal por ajudar na 'troca de dinheiro'
Publicado em 14/08/2023 às 18:13
Um dos pontos investigados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Halving é como o esquema da Braiscompany conseguiu transformar o dinheiro em espécie recebido de seus clientes - ou bens valiosos - em criptomoedas. Os indícios de que essas operações irregulares aconteciam são relatados na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal.
Para operacionalizar o formato os donos da empresa contavam, conforme a Polícia Federal, com o apoio do doleiro Joel Ferreira de Souza.
Ele não está na lista de denunciados pelo MPF, mas foi alvo de uma outra fase da investigação - denominada de Trade-Off. A etapa ostensiva da ação aconteceu no mês passado e cumpriu mandados de busca nos Estados de São Paulo e Sergipe.
Em um dos áudios obtidos pelos investigadores, Antônio Inácio Neto se refere ao doleiro como "professor Joel". O doleiro residiria em São Paulo.
"A IPJ n. 36/2023 retrata detalhadamente como ANTÔNIO NETO e FABRÍCIA CAMPOS valiam-se dos serviços prestados pelo “doleiro” Joel Ferreira de Souza para movimentar, transferir e dissimular a localização, a destinação e a propriedade dos recursos financeiros", relata a denúncia do MPF.
"Em outra negociação, realizada em 31/1/23, já analisada no item referente a ANTÔNIO NETO, mais uma vez, há elementos concretos de que MIZAEL MOREIRA atuou, em conjunto com GESANA ALVES, em uma operação financeira realizada com o “doleiro” Joel Ferreira de Souza, consistente na conversão de R$ 200.000,00 em espécie para criptoativos", diz outro trecho da denúncia.
Para levar o dinheiro até o doleiro o casal contou com a ajuda de Gesana Alves - uma das 13 pessoas denunciadas até agora pelo MPF.
"Em seu depoimento policial, GESANA ALVES admitiu ter, em apenas uma ocasião, pego uma mala de dinheiro na casa do casal e levado para a sede da empresa. No entanto, há elementos que demonstram que ela movimentava habitualmente recursos em espécie para o escritório de Joel Ferreira de Souza.
Em um dos casos, o doleiro ficou responsável pela conversão de R$ 5 milhões - em espécie - em criptoativos.
"Em 18/2/22, CLÉLIO CABRAL e ANTÔNIO NETO voltam a tratar da operação, oportunidade em que CLÉLIO CABRAL informa que ela foi subdividida em uma transferência de R$ 1.500.000,00, um cheque de R$ 3.450.000,00 e depósito de R$ 50.000,00 na conta acima indicada", afirmam os investigadores.
"Em razão do fato de ter havido depósito em dinheiro – prática que não é adotada por Joel Ferreira de Souza, ANTÔNIO NETO se desculpa com o “doleiro” e informa que já alinhou com o seu consultor (CLÉLIO CABRAL) para que o erro cometido não se repita", narra a denúncia do MPF.
Clélio também foi denunciado pelo MPF. Ele atuava como broker da empresa.
Em depoimento à Polícia Federal, porém, ele afirmou que por acreditar na Braiscompany chegou a investir parte de seu patrimônio no empreendimento e acabou, também, prejudicado. "Minha vida não se resume a dois anos em que fui colaborador da Braiscompany. Eu me sinto lesado e enganado duplamente", assinalou.
A investigação na Braiscompany
A operação investiga uma movimentação financeira de R$ 2 bilhões feita pela Braiscompany em criptoativos. Dois mandados de prisão foram expedidos tendo como alvos o empresário, Antônio Neto, e a esposa dele, Fabrícia Farias Campos. Os dois continuam foragidos.
Na operação a Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e a suspensão parcial das atividades da empresa.
Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campina Grande, João Pessoa e São Paulo – na primeira fase.
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