icon search
icon search
home icon Home > cultura
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CULTURA

Mais um farol do cinema apagado

Morre aos 79 anos o cineasta carioca Paulo Cézar Saraceni, que juntamente com Linduarte Noronha apontou os caminhos do Cinema Novo.

Publicado em 17/04/2012 às 6:30


“Estávamos no lugar certo e na hora certa”, chegou a dizer o cineasta carioca Paulo Cézar Saraceni quando relembrava a sua trajetória e a do amigo Linduarte Noronha, em sua primeira visita a João Pessoa, 5 anos atrás.

Arraial do Cabo, de Saraceni, e Aruanda, de Noronha, foram os documentários que apontaram os caminhos trilhados pelo movimento do Cinema Novo no país, no começo dos anos 1960.

Depois da morte de Linduarte, ocorrida em janeiro deste ano, o cinema perdeu Saraceni no início da tarde do último sábado. Aos 79 anos, o cineasta morreu de falência múltipla dos órgãos no Hospital Federal da Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde estava internado desde outubro. Na tarde de ontem, o corpo do realizador foi cremado no Caju, Zona Portuária.

“Paulo era muito amável e inquieto”, relembra o documentarista paraibano Vladimir Carvalho, que se tornou amigo do cineasta desde o lançamento de Arraial do Cabo, quando se encontravam no célebre bar do laboratório Líder. “Dono de um extraordinário talento, de um cinema moderno e avançado. Sua obra transitava pelo universal – com temas sobre a condição humana –, mas também não deixa de falar dos elementos daqui.”

Na filmografia do diretor, que tem a adaptação 'machadiana' de Dom Casmuro em Capitu (1968), Vladimir aponta como destaque A Casa Assassinada (1971), baseado no romance , do mineiro Lúcio Cardoso (1912-1968). “Uma das melhores coisas feitas no cinema brasileiro”, elege. “Pela sua força chamativa e a natureza do tema me cativou e me deixou um sentimento muito forte.”

Além do Porto das Caixas (1962), Saraceni revisitaria décadas depois o universo de Cardoso com O Viajante (1999). "No filme, Marília Pêra tem um dos seus grandes papéis no cinema, como a viúva que sacrifica do próprio filho doente em nome do amante", escreve no seu blog o jornalista Luiz Zanin Oricchio, presidente da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). "É dos melhores filmes da época do cinema brasileiro, conhecida por Retomada, quando a cinematografia renascia do estrago causado pelo governo Collor."

'PÉSSIMO CINEASTA'
O documentário em curta-metragem de Saraceni mostra a visão dos pescadores de Arraial do Cabo, região produtora de sal no litoral carioca, que se sentem ameaçados pela chegada da fábrica da Companhia Nacional de Álcalis. "É um choque de civilização perante a modernização", define Vladimir Carvalho.

O famoso artigo de Glauber Rocha (1939-1981) – incorporado no livro Revisão Crítica do Cinema Brasileiro – imortalizou o reconhecimento verbal que o baiano tinha tanto por Aruanda quanto por Arraial. "Os dois filmes foram lançados quase que simultaneamente, por questão de meses", relembra Vladimir.

O documentarista paraibano lembra ainda que a antológica frase que se tornou emblema e síntese do Cinema Novo foi de autoria de Saraceni e não de Glauber: "Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão". De acordo com Vladimir, eles eram "unha e carne, vivendo pra cima e pra baixo no Rio."

"Considero ele um péssimo cineasta", condena o realizador paraibano Ipojuca Pontes. "Fazia filmes chatos, sem substância, apressados e que o público mal via", enumera.

Ipojuca afirma que o realizador carioca era considerado um artista de vanguarda por não obedecer critérios. "Como a massa julga isso? Não vai ao cinema."

O paraibano também discorda da visão de Glauber Rocha, equiparando o documentário de Linduarte Noronha com o de Saraceni. "O Cinema Novo é uma patota que se protege", define lembrando que o movimento fez filmes "belos" como a adaptação A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1966), de Roberto Santos. "Arraial do Cabo é um filme desconexo e sem substância, ao contrário de Aruanda, que aponta o caminho do cinema brasileiro. Sendo amigo de Saraceni, Glauber forçou a barra na igualdade de peso entre os filmes."

Amigo do cineasta italiano Bernardo Bertolucci quando estudou cinema em Roma, Paulo Cézar Saraceni também enveredou pelo mundo da bola, atuando como titular juvenil do Fluminense. "Quem era seu reserva na época foi Chico Anísio", recorda Ipojuca.

Para Valdimir Carvalho fica a saudade de uma figura extraordinária. Para Ipojuca, fica um "boa gente", como se diz no Rio de Janeiro, que estava no ramo errado. "Um excelente dançarino de samba e um bom jogador de futebol".

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp