ECONOMIA
Pescado já sofre forte alta na Semana Santa
Pescado fresco está na lista dos produtos mais consumidos na Semana Santa e segundo pesquisa já apresentou alta de 12,71%.
Publicado em 15/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 19/01/2024 às 15:19
As famílias que quiserem economizar nas compras da Semana Santa devem se programar para pesquisar bem os preços e evitar surpresas de última hora. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que o aumento nos preços dos produtos mais vendidos no período como os tradicionais pescados frescos, que tiveram alta de 12,71%, o dobro da inflação oficial (6,15%).
Na reta final da Semana Santa, a procura por esses produtos aumenta e o preço também dispara. Em João Pessoa, a cioba pode ser encontrada a partir de R$ 20,00, mas varia até R$ 30,00; o atum inteiro varia entre R$ 10,00 e R$ 25,00; já o peixe meca está sendo vendido por valores entre R$ 24,00 e R$ 28,00. Importado, o bacalhau custa até R$ 45,00, apesar de ter subido menos da metade da inflação (3,02%). No Mercado de Peixes de Tambaú, alguns comerciantes sinalizaram que o preço pode subir até R$ 3,00 com a aproximação do feriado, de acordo com a procura.
A assistente social Judigley Abrantes, que vai passar o feriado com a família no interior e pesquisava preços de camarão no Mercado de Peixes de Tambaú, se impressionou com a alta nos preços. "O camarão era R$ 25,00 o quilo, agora está por R$ 40,00, tem até de R$ 60,00", reclama. Não sem razão: segundo o Ibre, em 2013 o consumidor brasileiro pagou em média R$ 48,00 a mais por produtos utilizados nas refeições da Semana Santa.
OVOS DE PÁSCOA
Os ovos de chocolate, produtos preferidos das crianças, têm preços variados de acordo com o peso e a marca. Um produto de 170 gramas, por exemplo, pode custar R$ 28,23, enquanto outro de 215 gramas é vendido a R$ 21,66 – essa diferença é oriunda, muitas vezes, porque os ovos veiculam imagens de programas e personagens infantis.
O empresário franqueado Ricardo Kretna, dono de duas unidades da Cacau Show em João Pessoa, aposta na procura por chocolates finos para aumentar as vendas. “Além do crescimento natural, estamos pegando uma fatia do mercado que consome ovos de chocolate comuns e procuram ovos finos”
De acordo com o presidente da Associação de Supermercados da Paraíba, Cícero Bernardo, o movimento só deve aumentar com a proximidade da Páscoa. “Geralmente é assim, já é tradicional. Esperamos que as vendas superem as do ano passado em torno de 10% a 15%”
CONSULTOR
Para o consultor financeiro Guilherme Baía, as famílias precisam ficar atentas não apenas ao preço dos produtos, mas principalmente às próprias escolhas. “Se escolher comer bacalhau em vez de filé de merluza, vai pagar mais por isso. O maior problema são as escolhas, isso é o que mais prejudica”, revela. Baía diz ainda que essas escolhas variam conforme o significado da Semana Santa para as famílias. “Tudo vai depender dos valores morais e religiosos associados à data. Um ovo de páscoa para minha família não tem tanto significado, mas pode ter para outra”, explica.
VENDAS DE PEIXE
Recentemente, o arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, liberou os fiéis paraibanos do jejum de carnes vermelhas e recomendou o “jejum de palavras e fofocas”. A medida não agradou os mercadores de peixes, que esperam um crescimento menor das vendas.
"Hoje em dia o movimento já não é mais tão bom. Já foi melhor. Agora que o arcebispo liberou a carne, não esperamos que seja melhor que no ano passado", afirma o vendedor Luciano dos Santos, da peixaria D. Ramos.
Já a vendedora Gilvaneide Silva Barbosa espera um crescimento de até 50% nas vendas. “Geralmente ficamos até as 14h, mas a partir de quinta ou sexta vai ter movimento até as 18h. No último fim de semana já vendemos bem”, conta. Para ela, a carne vermelha não deve competir de igual para igual com o peixe. "É uma questão de cultura, fica na cabeça das pessoas. A maioria não muda o comportamento tão fácil".
FORNECIMENTO BAIXO
Outro problema enfrentado pelos comerciantes é o fornecimento. A maioria reclama de baixo volume trazido pelos barcos de pesca.
“Nessa época, o peixe tem que vir de outros Estados, como o Ceará. A pesca aqui é arcaica, os barcos são muito pequenos”, conta Luciano.
Já Gilvaneide renova o estoque de pescados com produtos comprados em frigoríficos, mas garante que irá manter os mesmos preços até o fim da Páscoa. Ednaldo Medeiros, dono da Peixaria Bom Jesus, de Mangabeira, afirma que adquire peixes de pescadores em Baía da Traição, Cabedelo e em Tambaú para assegurar o estoque.
“Estamos vendendo bem, esperamos um aumento de até 20% em relação ao ano passado”, diz.
CG CONFIA EM COMPRAS DE ÚLTIMA HORA
Já em Campina Grande, restando menos de uma semana para o domingo de Páscoa, o movimento ainda está abaixo do esperado pelos comerciantes. Apesar da pouca procura pelos produtos típicos dessa época, os lojistas estão otimistas, acreditando que assim como nos outros anos o movimento será maior a partir de amanhã, devendo permanecer intenso até o próximo sábado.
Para José Célio Castro, gerente de um supermercado na cidade, a pouca procura pelos produtos é reflexo, principalmente, da data em que a Páscoa será celebrada esse ano. “Ano passado a Semana Santa caiu nos últimos dias de março, quase começo de abril, época que coincide com as compras rotineiras das pessoas. Este ano, como a data será celebrada no meio do mês, que tradicionalmente já é ruim em termos de movimento, a procura está abaixo da média”, explicou.
Mesmo assim, a expectativa do gerente é que as vendas aumentem 12% em relação a 2013. Os produtos mais procurados, segundo ele, são os ovos de páscoa e o peixe.
“Ano passado faltou ovo de páscoa na loja. Por isso esse ano reforçarmos o estoque, comprando 10% a mais, pois acreditamos que, mesmo com essa pré-venda ruim, vamos superar a meta do ano passado”, afirmou.
Apesar da cultura brasileira de deixar as compras para as últimas horas, algumas pessoas já estão antecipando a busca pelos produtos consumidos durante a Semana Santa. É o caso dos agricultores Josinaldo Félix e Josefa Moreira. O casal decidiu comprar ainda no começo da semana o peixe que há muitos anos é a principal refeição dos oito membros da família no domingo de Páscoa.
“Já é tradição comer o peixe no domingo. Fiquei com medo de deixar para a última hora e não encontrar mais para vender, ou então comprar mais caro, por isso decidi levar logo”, disse. (Deborah Souza)
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