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COMUNIDADE

Jovens indígenas buscam pelas origens do próprio povo por meio da espiritualidade

Apagamento histórico sobre as raízes do Brasil gerou dificuldade de jovens indígenas em saber a origem do próprio povo.

Publicado em 30/04/2023 às 9:50


                                        
                                            Jovens indígenas buscam pelas origens do próprio povo por meio da espiritualidade
Jovens indígenas buscam pelas origens do próprio povo através da espiritualidade - Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

O processo de colonização brasileiro não aconteceu de uma forma pacífica. Tendo a Paraíba como exemplo, das 18 tribos nativas que compunham a região à época, apenas o povo potiguara permanece em grupo no estado até os dias atuais. Todos os outros povos tiveram que se separar para sobreviver em meio a um contexto de insegurança e mortalidade. 

Devido a esse processo, muitos anos depois, jovens indígenas buscam pelas origens do próprio povo através da espiritualidade. Esse é um dos assuntos do Paraíba Comunidade deste domingo (30), exibido nas TVs Cabo Branco e Paraíba. O tema também foi episódio da série ‘Olhares Indígenas’, disponível no Globoplay. 

Em busca das origens

Parte dos povos indígenas que ainda estão na Paraíba são os Kariris, que estão espalhados em cidades do estado. Os Kariris se dividem em clãs, um deles é o Aramuru, nome de uma aldeia que foi destruída, entre os séculos XVIII e XIX. O povo não tem uma região específica demarcada dentro do estado. 

“Com o desfragmentar desses espaços, esse povo começa a se tornar pequenos agricultores ao redor da cidade. Entende-se que não deixaram de ser Kariri, não deixaram de ser Aramuru, mas recebem o nome na maioria das vezes de caboclos”, diz o educador Topázio Kariri sobre a separação desses povos. 

Topázio também falou sobre um caso da vida particular, que mesmo crescendo com tradições dos mais velhos, na casa dele não se falava em ‘ser indígena’. Somente com 30 anos de idade, ele mudou a própria percepção sobre esse olhar.

“Do final de 2015 para 2016, eu passo por dentro de um processo em que venho levantar qual território a minha família pertence, entender melhor qual os passos o meu bisavô fez, para entender de onde ele vem”, explica. 

Esse processo de descobrimento histórico é conhecido como ‘retomada indígena’, que se estende para várias pessoas dentro de cada povo. Este também é o caso de Yarubedzé Kariri, terapeuta multidimensional, que passou pelo mesmo desenvolvimento particular. 


				
					Jovens indígenas buscam pelas origens do próprio povo por meio da espiritualidade
Yarubedzé Kariri é uma das indígenas que participam do processo de retomada por parte de seu próprio povo - Foto: Reprodução/TV Cabo Branco. Yarubedzé Kariri é uma das indígenas que participam do processo de retomada por parte de seu próprio povo - Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

“Tem sido muito importante o debate dos indígenas em contexto urbano, porque durante muito tempo se conversou apenas sobre os povos aldeados e em isolamento, mas os indígenas que estão nas cidades e favelas ficaram esquecidos”, conta. 

Ela também argumenta que esse processo faz parte de um apagamento histórico, que faz com que os descendentes indígenas espalhados por centros urbanos não tenham acesso à própria história e cultura de séculos. “Ficaram esquecidos justamente para fortalecer esse processo de apagamento, como se não existíssemos, mas a gente existe”, ressalta.  

“O ser indígena não está caricaturado na imagem que o colonizador fez e faz de nós. Somos diversos, temos cabelos diversos, peles diversas, olhos diversos, traços diversos e isso não faz com que a gente seja menos ou mais indígenas”, disse Yarubedzé sobre o apagamento ao longo dos anos em relação às novas gerações. 

 A espiritualidade como retorno às origens


				
					Jovens indígenas buscam pelas origens do próprio povo por meio da espiritualidade
A espiritualidade é utilizada como forma de retornar às origens dos povos indígenas - Foto: Reprodução/TV Cabo Branco. A espiritualidade é utilizada como forma de retornar às origens dos povos indígenas - Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

A espiritualidade kariri acredita que depois da morte os ancestrais viram encantados, uma espécie de entidades da natureza. Para os indígenas que passam pela ‘retomada’, um dos locais seguros e de acolhimento da espiritualidade do povo Kariri são os bosques da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Yarubedzé conta sobre a importância disso. 

“Eu sou a própria espiritualidade dos meus ancestrais. Vou observando práticas que eu vivenciava na minha infância, que via os mais velhos vivenciando, como o curandeirismo, da reza, de benzer, tudo isso se manifesta em mim”, disse. 

Outro caso de apagamento da história de uma ancestralidade e a espiritualidade como forma de volta às raízes é o caso da estudante Sipy Kariri, que nasceu em Alagoa Grande e somente por conta de um diálogo com a própria avó conseguiu descobrir os próprios antepassados. 

“Um dia, conversando com a minha avó, ela foi e disse que a minha bisavô era indígena. Ela conseguiu passar alguns ensinamentos e coisas para a minha avó, que ela pratica até hoje, mas o processo colonizador rompeu esse passar da cultura”, afirma. 

Mesmo durante tantos anos em que os povos indígenas sofreram com essa expulsão de sua própria terra e também com a violência física e psicológica, a pesquisadora e escritora Eliane Potiguara, que passou na própria pele por esses processos, arremata que para além do local em que cada indígena está no momento, o importante é a cosmovisão desses povos, para manter vivas as tradições e cultura indígenas.

"Eu tenho uma cosmovisão indígena baseada na filosofia da minha família indígena. Território não quer dizer somente 'terra', quer dizer também espiritualidade, ancestralidade, língua, cultura, tradições, formas de ensinamentos, forma de vida, toda uma cultura oral que você recebe. Então você tem toda uma territorialidade em que você só não tem a sua terra", ressalta.

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Jornal da Paraíba

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