COTIDIANO
Governo sírio concorda com novo cessar-fogo
Proposta de cessar-fogo foi feita pelo enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Lakhdar Brahim.
Publicado em 17/10/2012 às 6:00
O Ministério das Relações Exteriores da Síria informou ontem que concorda com um novo cessar-fogo no país durante a festa de Eid ul Adha, a partir de 25 de outubro. "A parte síria está interessada em explorar esta opção. Esperamos voltar a conversar para conhecer a posição de outros países influentes na região, com os quais ele conversou em sua viagem", disse o porta-voz do ministério, Kihad Maqdisi.
Porém, o representante destacou que o fim da violência no país deverá incluir também os rebeldes e os grupos e países que os apoiam, em referência a Arábia Saudita e Qatar, que são acusados por Damasco de fornecer armas aos rebeldes.
Mais cedo, o primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, disse que conversou sobre o cessar-fogo com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e ambos concordaram em promovê-lo.
"Achamos que seria melhor se os países com interesse primordial na crise, como Egito, Arábia Saudita e Rússia, também fizessem pedidos para promover o fim da violência".
A proposta de cessar-fogo foi feita pelo enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Lakhdar Brahimi, na segunda-feira. A festa de Eid ul Adha tem duração de quatro dias e é uma das mais importantes do calendário muçulmano.
No período, os islâmicos lembram o sacrifício do profeta Abraão, que matou o filho Ismail conforme a vontade de Deus. A festa precede a peregrinação a Meca, ponto alto do islamismo.
Prolongamento
Diplomatas dizem que o plano de Brahimi é expandir o cessar-fogo após os quatro dias para autorizar a volta dos observadores da ONU ao país.
A intenção é fazer um plano similar ao que o ex-secretário-geral Kofi Annan propôs em abril, que fracassou após 15 dias de relativa trégua.
Caso seja alcançado o fim da violência, Brahimi pediria o envio de 3.000 soldados das forças de paz da ONU para manter cessar-fogo e garantir que os combates não voltem.
Segundo os representantes, nem o ditador Bashar Assad nem a oposição deram sinal positivo para acabar com os confrontos violentos. Também não foi demonstrado interesse da Arábia Saudita e do Qatar.
TRANSIÇÃO
Os grupos rebeldes que há 19 meses combatem o regime sírio aceitam que integrantes do atual governo comandem um período de transição política na Síria, desde que o ditador Bashar Assad renuncie. A condição foi explicitada por dirigentes do Conselho Nacional Sírio (CNS), que agrupa a oposição síria no exílio.
Segundo Mulhem al Derubi, dirigente do CNS, é possível estudar a possibilidade de um governo de transição dirigido por uma personalidade do regime, desde que esse líder não tenha as mãos "manchadas de sangue".
Esta pode ser uma saída para encerrar a onda de violência que varre o país, em que já morreram mais de 25 mil pessoas, além de desalojar outras 250 mil de suas casas.
A proposta, disse Al Derubi, deve ser discutida em uma assembleia do CNS prevista para o início de novembro.
Outro grupo importante da oposição síria, o ELS (Exército da Síria Livre) também assegurou que concordaria com um governo de transição nesses moldes.
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