COTIDIANO
MPPB recomenda manter arquivamento do caso Ana Sophia por falta de novas provas
O promotor afirma que todas as linhas de investigação foram traçadas na época e que nenhum fato novo foi apresentado.
Publicado em 22/07/2025 às 9:38

O Ministério Público da Paraíba recomendou manter o arquivamento do inquérito que investigava o desaparecimento de Ana Sophia, ocorrido há dois anos no distrito de Roma, em Bananeiras. Segundo o promotor Edmilson de Campos Leite Filho, responsável pelo parecer, a decisão é baseada na ausência de fatos novos que justifiquem a reabertura do caso.
A Polícia Civil concluiu o inquérito após a morte do principal suspeito, Tiago Fontes. Segundo as investigações, Ana Sophia foi vítima de um crime premeditado, motivado por razões sexuais. Dois anos após o desaparecimento, a família solicitou a reabertura das investigações. O corpo da menina nunca foi encontrado.
O promotor Edmilson de Campos Leite Filho afirmou ao Jornal da Paraíba que todas as linhas investigativas foram devidamente exploradas pela Polícia Civil e pelo próprio MPPB. Segundo ele, todos os caminhos apontaram que Tiago Fontes foi o autor do homicídio contra a menina.
"As outras linhas também foram foram traçadas, foram efetivamente encaminhadas pela polícia judiciária e pelo Ministério Público no decorrer da investigação e todos os caminhos, todas as linhas investigativas apontaram para o Tiago Fontes como o autor do terrível homicídio que vitimou Ana Sophia", afirmou o promotor.
Segundo o promotor, a alegação de que o corpo da criança não foi localizado não configura, por si só, não justifica a reabertura das investigações. Ele também afirmou que ouvir novamente testemunhas não representa um fato novo.
"A gente não tem uma linha investigativa nova, e a alegação de que o corpo da criança não foi encontrado, não faz com que essa essas investigações possam ser reabertas", afirmou o promotor.
O parecer será agora encaminhado à Justiça, que decidirá se acata ou não a recomendação do Ministério Público.
Família pede a reabertura das investigações
Dois anos após o desaparecimento da menina Ana Sophia, de 8 anos, no município de Bananeiras, na Paraíba, a família pede a reabertura do inquérito que investigou o caso. João Simplício e Maria do Socorro, pais da menina, afirmam que não concordaram com o arquivamento do inquérito policial e querem que novas diligências sejam realizadas.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que o caso foi devidamente elucidado e que a investigação foi conduzida com rigor técnico, resultando na produção de provas periciais e testemunhais, que tornaram possível a identificação do autor do crime.
Ainda segundo a polícia, diversos recursos investigativos e tecnológicos, contando ainda com o apoio da Polícia Federal, contribuíram com elementos periciais relevantes. A Polícia Civil também informou que o relatório final foi acolhido pelo Ministério Público, que determinou o arquivamento do caso, considerando a solidez das provas reunidas.
A defesa da família questiona a condução da investigação e aponta falhas na apuração inicial. Os advogados afirmam que várias pistas e informações relevantes deixaram de ser consideradas, e defendem a abertura de novas linhas investigativas, além da reoitiva de testemunhas.
“Encontramos muitos fatos que deixaram de ser analisados, muitas pistas que não foram seguidas. Então, decidimos que é necessário que se reabra esse inquérito”, afirmou a advogada Vera Franco.
Por causa do sigilo do inquérito, eles afirmam que não podem dar detalhes sobre o que é questionado pela família.
Relembre o caso

Segundo as investigações, Ana Sophia saiu de casa por volta das 12h e foi até a casa de uma amiga. No entanto, ao chegar lá, a menina não estava em casa, então ela voltou.
Por volta das 12h36, uma câmera de segurança filmou Ana Sophia passando na calçada de um mercadinho. Cerca de 150m adiante, um vulto foi visto entrando numa casa e, segundo análise da perícia, as medidas batem com a da criança. Já o local coincidia com a entrada da casa de Tiago Fontes. Esses foram os últimos registros dela em vida.
Tiago Fontes é o único suspeito do desaparecimento de Ana Sophia. O delegado Aldrovilli Grisi informou que a família de Ana Sophia vivia em um imóvel alugado pelo sogro de Tiago, que morava em frente à residência da família da menina. O suspeito frequentava a casa do sogro.
“Ele tinha conhecimento da rotina da família de Ana Sophia. E aí vem os detalhes, corroborados em depoimentos, de um olhar, de uma cultura injusta com a mulher”, disse Aldrovilli Grisi.
As investigações encontraram no celular de Tiago buscas sobre decomposição de corpo humano, estágios de putrefação e quanto tempo um fio de cabelo perde a capacidade de ser identificado por um DNA. O homem também buscou pelo caso da criança Júlia, da Praia do Sol, que foi encontrada num poço assassinada pelo padrasto.
A Polícia Civil concluiu também que o crime foi premeditado, após pesquisas encontradas no celular do investigado, que foi encontrado morto em novembro, conforme explicou o delegado Diógenes Fernandes, que também atuou nas investigações. "Tiago planejou o crime quatro meses antes. Em março ele já pesquisava como matar asfixiada uma criança de 7 anos, idade de Sophia na época", informou o delegado.
No dia 12 de setembro, a Polícia Civil divulgou que Tiago Fontes estava desaparecido. Ele foi visto saindo de casa após uma vistoria realizada em sua residência, como parte das investigações.
Quase dois meses depois, em novembro, o corpo dele foi encontrado em uma área de mata em Bananeiras. Buscas por Ana Sophia chegaram a ser feitas no local, mas a menina não foi encontrada.
O corpo do suspeito foi encontrado sem sinais de hematomas ou perfurações, mas em avançado estado de decomposição, junto de uma garrafa de bebida alcóolica e uma cama feita com capim, numa área de mata fechada, por trabalhadores rurais. Nas palavras técnicas dos investigadores, ele cometeu uma "autoeliminação".
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