COTIDIANO
Padre investigado por intolerância religiosa: outras duas denúncias são registradas
Informações foram confirmadas pela Polícia Civil, que apura falas do padre sobre Preta Gil e intolerância religiosa.
Publicado em 31/07/2025 às 16:36
Outros dois boletins de ocorrência foram registrados contra o padre Danilo César, da cidade de Areial, Agreste da Paraíba, por intolerância religiosa e uma fala envolvendo a cantora Preta Gil, associando a morte dela à fé de religiões afro-indígenas. As informações foram confirmadas pela Polícia Civil ao Jornal da Paraíba, nesta quinta-feira (31).
De acordo com o delegado Danilo Orengo, delegado da seccional de Areial, e também com a responsável pelo inquérito policial, a delegada Socorro Silva, os outros dois boletins de ocorrência foram registrados pelo mesmo fato e, por isso, serão analisados na mesma investigação.
“Os boletins de ocorrência foram feitos um em Puxinanã, que foi lavrado na delegacia de Pocinhos, porque Puxinanã é de Pocinhos, e um foi lavrado em Campina Grande. Mas esses boletins serão encaminhados para a nossa seccional, porque versam sobre o mesmo fato”, disse o delegado.
Conforme a delegada Socorro Silva, o padre vai ser ouvido no inquérito. No entanto, as investigações ainda estão na fase de escutar testemunhas. Só posteriormente o padre será ouvido.
O Jornal da Paraíba procurou a Diocese de Campina Grande após os registros dos novos boletins de ocorrência. A instituição não se pronunciou até a última atualização desta matéria.
Em nota emitida na quarta-feira (30), a diocese disse que o sacerdote, através da assessoria jurídica, irá prestar todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes”.
Na nota, a diocese reiterou também que está comprometida com “os direitos constitucionais da liberdade de crença e de culto, da igualdade e não discriminação religiosa, do direito à honra e à imagem dos mortos e do princípio da dignidade da pessoa humana”.
A polícia começou as investigações após uma associação de religiões de matriz afro-indígena denunciar o padre por falas ditas por ele durante uma missa celebrada no domingo (27), e transmitida ao vivo.
No vídeo de grande repercussão nas redes sociais, o padre cita o caso da morte da cantora Preta Gil, que faleceu nos Estados Unidos em 20 de julho, vítima de um câncer colorretal, como forma de desdenhar de religiões de matriz africana.
“Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, disse durante a homilia.
O vídeo no qual o padre faz as declarações foi postado inicialmente no canal do YouTube da Paróquia, em uma transmissão ao vivo, no entanto o conteúdo foi tirado do ar. Assista acima.
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A primeira denúncia contra o padre sobre falas contra Preta Gil

A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria de Souza emitiu uma nota de repúdio sobre as falas do padre, condenando a postura. Conforme a associação, ele distorce a religião.
Em contato com o Jornal da Paraíba, o presidente dessa associação, Rafael Generino, disse que registrou o Boletim de Ocorrência na Polícia Civil pelo crime de intolerância religiosa e também informou que vai realizar a denúncia no Ministério Público da Paraíba (MPPB) sobre as falas do padre.
O presidente do Fórum de Diversidade da Paraíba, Saulo Gimenez, disse ao Jornal da Paraíba que o órgão também condena as falas do padre, pelo teor, e também pelo local que foi proferida as palavras, o altar da igreja.
O órgão informou que vai continuar acompanhando o caso e vai prestar suporte à associação, além de "encaminhar às autoridades competentes para retratação do padre".
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