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COTIDIANO

Sobe para 34 o número de presos na Operação Espelho de Prata

Já são 34 os presos da operação que investiga a venda de Carteiras de Habilitação da Paraíba para vários estados. Ainda há, no entanto, mais 7 mandados de prisão em aberto.

Publicado em 14/06/2010 às 19:38

Da Redação

Pelo menos 34 das 41 ordens de prisão já foram cumpridas pelas Polícias Civil e Rodoviária Federal na Operação Espelho de Prata até as 19h30 desta segunda-feira (14). Cada carteira custava entre R$ 450 e R$ 1,5 mil, sem necessidade de provas teóricas e práticas. Entre os presos estão dois médicos de Campina Grande e um dono de autoescola de Pombal.

Apesar de os nomes dos acusados detidos não estarem sendo divulgados, em locais em que houve menos prisões a imprensa já teve acesso às identidades. Em Campina Grande, foram detidos o oftalmologista Saulo Freire, a médica Jimena Lacerda de Carvalho Ribeiro e uma estudante, Ana Paula Paulino de Sousa.

Já em Pombal, Edilberto Nunes Pereira, proprietário de uma autoescola foi preso por participar da fraude. Os advogados dos acusados presos disseram que vão pedir na justiça o direito de seus clientes em liberdade. Além dos presos da Paraíba, três pessoas já foram detidas no Ceará.

De acordo com o delegado Wagner Dorta, que preside o inquérito, e o procurador-geral de Justiça Oswaldo Trigueiro Filho, há indícios de que pessoas do Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Minas Gerais adquiriam carteiras de habilitação na Paraíba.

Um fato que chamou a atenção da polícia e do Ministério Público foi uma prova ocorrida no município de Itabaiana, onde todas os 60 pessoas inscritos para prestaram o exame do Detran foram aprovadas. De acordo com as investigações, a maioria delas eram não eram da Paraíba e nem sequer pisaram no Estado para fazer as provas.

As investigações, comandadas pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba, tiveram início em outubro e mostraram que 50 mil documentos, 6 mil só em Itabaiana, foram expedidos ilegalmente nos últimos cinco anos, com o auxílio de médicos, psicólogos e agentes do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

A Operação Espelho de Prata levou 400 homens das polícias Rodoviária Federal e Civil às ruas de 10 cidades paraibanas e três Estados, com o objetivo de cumprir 93 mandados, sendo 41 de prisão e 52 de busca e apreensão. Além de servidores públicos, há proprietários de autoescolas e despachantes entre os presos. Todos estão sendo encaminhados à Central de Polícia, em João Pessoa.

Como funcionava o esquema

Em entrevista coletiva, os representante dos órgãos envolvidos nas investigações explicaram como funcionava o esquema. Para adquirir uma carteira de habilitação o candidato procurava uma autoescola. Esta, por sua vez, intermediava as negociações com os servidores do Detran. Em tempo recorde, cerca de 30 dias, o documento já estava na mão do aluno da autoescola.

Escutas revelaram que alguns dos envolvidos chegavam a encomendar as carteiras por telefone e as recebiam em casa via Sedex.

A Justiça expediu mandados de prisão, busca e apreensão para serem executados em João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Alhandra, Itabaiana, Sapé, Guarabira, Rio Tinto, Pombal e Princesa Isabel.

Os envolvidos responderão pelos crimes de falsidade ideológica, formação de quadrilha e corrupção de agente público.

O Ministério Público anunciou que a Justiça analisará os casos dos analfabetos envolvidos na compra de documentos para dirigir. Eles poderão ser submetidos a um curso de alfabetização para o trânsito, para que possam, legalmente, retirarem suas carteiras de habilitação.

Sindicato das Autoescolas responde

O presidente do Sindicato das Autoescolas da Paraíba, Claudionor Fernandes (foto), declarou que as fiscalizações devem ser intensificadas nos próprios órgãos responsáveis por fornecer as Carterias Nacionais de Habilitação (CNHs). Para ele, a instância nacional, o Denatran, deveria observar com mais atenção o que ocorre nos Detrans.

Já o coronel Américo Uchôa, ex-superintendente do Detran-PB, acompanhou o anúncio dos resultados e reiterou que sete funcionários foram demitidos depois que foi revelado um esquema em que servidores 42 autoescolas de todo o Estado foram acusados de fraudar documentos.

Imagem

Jornal da Paraíba

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