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VIDA URBANA

Entenda a relação entre o vírus zika e os casos de microcefalia

Médica que primeiro identificou o problema afirma que respostas cientificamente comprovadas ainda não existem, mas tira algumas dúvidas das grávidas.

Publicado em 22/11/2015 às 11:10

A confirmação da presença do zika vírus no líquido amniótico da placenta de duas mulheres grávidas em Campina Grande, Agreste, e que pode ter provocado casos de microcefalia (quando ao final da gestação o bebê tem um perímetro cefálico inferior a 33 centímetros) nos fetos gerou um surgimento de inúmeros questionamento entre os gestores, profissionais de Saúde e na população. Menos de 15 dias depois da descoberta, a médica e pesquisadora em Medicina Fetal Adriana Melo, que primeiro identificou o problema, garante que só após um estudo, que poderá demorar até um ano para ser finalizado, surgirão respostas cientificamente comprovadas. No entanto, ela já esclarece algumas dúvidas.

Uma primeira certeza que tranquiliza muitas grávidas é que nem todas as mulheres que tiveram a zika terão seus bebês atingidos por casos de microcefalia. Adriana Melo explica que até o momento não existe nada que confirme uma associação obrigatória dos problemas. “Algumas mães que tiveram zika registraram gestações normais e seus filhos nasceram sem nenhum problema. Nós temos poucos casos para pesquisar”. A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) está realizando uma investigação sobre a causa do zika vírus conseguir penetrar na placenta de algumas mulheres e em outras não.

A médica descarta o surgimento de problemas em fetos de mulheres que tiveram a zika antes de engravidar e explica que o vírus nos seres humanos adultos só permanece no corpo por, no máximo, nove dias após a contaminação. Com cinco dias, ele já não é mais encontrado na urina e com nove no sangue.

Adriana Melo explica que não existe certeza sobre o momento da gravidez em que os bebês são atingidos pela microcefalia resultando pelo zika vírus, mas levanta a possibilidade que isso acontece provavelmente nos primeiros meses da gestação, quando eles ainda estão em formação. Uma investigação sobre esse questionamento está em andamento com a coordenação de uma médica especialista em Medicina Fetal, com as pacientes atendidas pelo Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea).

O desconhecimento sobre as causas da microcefalia associada ao zika vírus tem gerado o surgimento de dúvidas entre as grávidas, até mesmo em relação aos pais dos bebês. A médica descarta qualquer associação, lembrando que a contaminação acontece com a existência do feto e não durante a concepção. Para as mulheres que tiveram zika e pretendem engravidar, Adriana Melo recomenda que se elas tiveram aguardem pelo menos 30 dias para começar a tentar.

Sobre o risco de contaminação entre mulheres, a especialista explica que a provável causa apontada para a microcefalia é um vírus e não um agente que gera a transmissão entre seres humanos. Neste caso, não existe nenhum risco do funcionamento do serviço especializado que está em implantação no Hospital Pedro I, pois seu objetivo é organizar o acompanhamento e a assistência.

ESTUDO

Só com a conclusão, dentro de aproximadamente um ano, de um estudo que investiga como o zika vírus consegue contaminar os fetos e provocar a microcefalia é que os médicos e especialistas poderão atuar com maior precisão no enfrentamento ao problema.

Adriana Melo explica que a comprovação científica da causa deste tipo de microcefalia só virá com o acompanhamento das mulheres e dos bebês, do momento da ocorrência da doença até o nascimento. “Campina Grande montou um protocolo com esse objetivo, onde todas as gestantes que tiveram exantema (manchas vermelhas na pele) vão para o Hospital Pedro I coletar a urina. Com 16 semanas de gestação realizarão ultrassonografia, repetindo com 22 semanas. Se não tiverem nenhuma anomalia voltarão para o pré-natal normal. Quando o bebê nascer serão realizadas ultrassonografias”.

Descoberta pioneira em CG

A primeira comprovação que o zika vírus tem ligação com casos de microcefalia em fetos surgiu com a realização de um exame considerado de rotina entre os especialistas em Medicina Fetal: o exame do líquido amniótico, que existe dentro da placenta. O exame serve para detectar a presença dos agentes que provocam a toxoplasmose e rubéola, e que causam várias doenças nos fetos. A médica Adriana Melo explica que antes dos casos das duas grávidas examinadas em Campina Grande, a Medicina nunca tinha constatado a presença do zika vírus em placentas.

A hipótese que está sendo trabalhada pela especialista é que o vírus depois de penetrar na placenta impede o desenvolvimento do cérebro e também pode provocar a degeneração cerebral. “Nunca tínhamos encontrado padrões semelhantes. Fiquei intrigada e depois de tomar conhecimento dos casos de microcefalia em Pernambuco, vi que as características do problema eram semelhantes. Aí decidi realizar o exame do líquido amniótico”. A constatação que as duas grávidas investigadas em Campina Grande tiveram a zika reforçou a suspeita da associação dos problemas.

Além dos temores sobre a gestação, a saúde e o desenvolvimento do bebê, muitas grávidas da Paraíba acrescentaram na lista de preocupações o medo de contrair a zika e o risco da doença provocar alterações neurológicas no feto, como a microcefalia. Muitas afirmam que se pudessem deixariam a gravidez para um momento posterior em que o risco fosse menor e os médicos tivessem mais informações sobre o surto da doença que atinge o Nordeste.

A dona de casa Mirelly Taynnaly,19 anos, moradora da cidade de Alagoa Nova, na região do Agreste, é um exemplo de mulheres que engravidaram, tiveram zika e desconhecem os riscos da situação. Ela tomou conhecimento do problema através de matérias jornalísticas e garante que até a última sexta-feira não tinha recebido nenhuma orientação médica.

Ela explica que teve zika no quarto mês de gravidez e desde aquele momento não realizou nenhuma ultrassonografia para avaliar o desenvolvimento do seu bebê. Mirelly torce para que o filho não tenha nenhum problema e revelou que não teria engravidado se soube dos casos de microcefalia.

O temor de eventuais problemas no seu filho também fez a agricultura Aldeane Coutinho Ramos, 30 anos, moradora de Campina Grande, procurar atendimento na maternidade do Isea. Ela está no sexto mês de gravidez e garante que se pudesse teria adiado a gravidez. “Se soubesse do risco não teria coragem”, garante, mesmo confirmando que até o momento não foi atingida pela zika e nem dengue

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Jornal da Paraíba

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