VIDA URBANA
Estudo afirma que pessoenses estão se exercitando mais
Vigitel diz que 36% dos moradores de João Pessoa fazem atividades físicas. Número supera a pesquisa anterior.
Publicado em 16/04/2015 às 6:00 | Atualizado em 15/02/2024 às 12:28
Apesar do avanço dos fatores de risco, a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2014 (Vigitel), divulgada ontem pelo Ministério da Saúde, ainda apontou que 36% dos pessoenses praticam a quantidade recomendada de atividades físicas durante seu tempo livre. O número é superior ao registrado na pesquisa anterior, quando 31,6% afirmaram realizar a quantidade suficiente de atividades físicas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, é recomendado que se pratique, ao menos, 150 minutos de atividade física por semana.
Em João Pessoa, esse percentual cresceu desde o ano de 2006. A parcela da população que pratica atividades físicas em seu tempo livre passou de 15,8% naquele ano para 36% em 2014.
Segundo a Vigitel 2014, não só o pessoense, mas o brasileiro, de modo geral, está se exercitando mais, com aumento de 18% nos últimos seis anos do percentual de pessoas que praticam atividade física no lazer. Este ano, 35,3% dos entrevistados disseram dedicar pelo menos 150 minutos do seu tempo livre na semana com exercícios, enquanto o índice de 2009 era de 29,9%.
No país, os homens são mais ativos que as mulheres, pois 41,6% deles praticam o recomendado de atividade física contra 30% das mulheres. Os jovens, em ambos os sexos, são os que mais se exercitam, com índice de 50%. A pesquisa ainda aponta a escolaridade como um fator importante. Enquanto 47,8% das pessoas que têm 12 anos ou mais de estudo praticam exercícios no tempo livre, entre os de escolaridade menor (até oito anos de estudo) o índice é 22,9%.
Embora o número de pessoas que disseram praticar atividade física é maior que aqueles que não se exercitam, ainda é alto o índice da população fisicamente inativa, ou seja, que afirmam não ter feito nenhuma atividade nos últimos três meses: 15,4% dos entrevistados. Os mais inativos são os idosos com 65 anos ou mais (38,2%), mas 12% dos jovens de 18 a 24 anos disseram também não ter feito esforços físicos. Apesar disso, o hábito de ver televisão cai: o índice de pessoas que passam mais de três horas de frente para a 'telinha' passou de 31% para 25,3% em nove anos.
Um dos piores índices do país em colesterol. Ainda de acordo com a pesquisa Vigitel 2014, do Ministério da Saúde, João Pessoa tem um dos piores índices do país no quesito colesterol. Ao todo, 22% da população refere diagnóstico médico de dislipidemias, o chamado colesterol alto. Com esse índice, a capital fica na 22ª colocação entre as unidades da federação. O primeiro lugar é ocupado por Cuiabá-MT, onde 15% da população tem colesterol alto. Em todo o país, 20% disseram ter diagnóstico médico de colesterol alto.
CONFIRA OS DADOS NACIONAIS
Aumenta consumo de frutas e hortaliças:
36,5% dos entrevistados disseram consumir os alimentos cinco ou mais dias da semana. Mas o índice cai para 24,1%, equivalente a um quarto da população, quando se considera a quantidade recomendada pela OMS – cinco ou mais porções diárias, 400 g.
Cai consumo de carnes com excesso de gordura:
Entre 2007 e 2014, o percentual de entrevistados que disseram consumir esses alimentos passou de 32,3% para 29,4%.
Alto consumo de sal:
A frequência de adultos que consideram seu consumo de sal muito alto ou alto foi de 15,6%, sendo maior entre os homens (17,4%). Esse percentual cai com a idade, mas aumenta com os anos de escolaridade.
Cai consumo de refrigerantes e doces:
Dados de 2014 apontam que 20,8% da população toma refrigerante cinco vezes ou mais na semana, menor que o índice de 2007 (30,9%). Já os alimentos doces estão na rotina cinco ou mais dias da semana de 18,1% da população, sendo mais presentes nas refeições das mulheres (20,3%) que dos homens (15,8%).
Mudanças na alimentação:
Do total dos entrevistados, 16,2% substituem o almoço ou o jantar por lanche sete ou mais vezes na semana. Mesmo assim o consumo do feijão, tão popular no prato do brasileiro, permanece alto: 66% dos adultos consomem feijão cinco ou mais dias na semana.
NÚMEROS PREOCUPAM, DIZ ESPECIALISTA
De acordo com o diretor científico da Sociedade de Endocrinologia da Paraíba, João Modesto Filho, os números são motivo de preocupação. Ele destacou que a diminuição observada nos últimos anos pode ser considerada parcialmente positiva, mas o número ainda constantemente alto de pessoenses acima do peso e obesos demonstra que ainda é preciso uma mudança mais efetiva nos hábitos de vida da população.
O especialista destacou a proximidade desses fatores às doenças crônicas. “Esse número é particularmente preocupante porque, além de ser elevado, a obesidade costuma estar atrelada à hipertensão arterial, diabetes, gordura no sangue. Isso tudo ocasiona problemas para o sistema cardiovascular, pulmonar, articulações, fígado”, explicou.
Uma década atrás, segundo João Modesto, se estimava que 1% dos obesos tinham obesidade mórbida. Esse número, agora, subiu para 2%. “Outro dado preocupante é porque a obesidade mórbida ocasiona muitos problemas do ponto de vista de qualidade e expectativa de vida. Isso tudo é decorrente de maus hábitos alimentares e um ainda elevado índice de sedentarismo”, acrescentou
O médico explicou que a gordura que causa maior dano ao organismo é aquela que fica entre os órgãos localizados na área próxima ao abdômen, chamada de gordura intra-abdominal. Ela fica localizada entre as vísceras, criando resistência à insulina e podendo causar diabetes e gordura no sangue. Isso pode ser medido pela circunferência do abdômen. “Nas mulheres, a medida da cintura não pode ser maior que 80 centímetros. Nos homens, não pode passar dos 94 centímetros. Quando a medida ultrapassa esses limites, é sinal que a gordura é perigosa”, alertou.
Apesar de grave, essa é uma situação que pode ser revertida. Para isso é necessário uma mudança significativa não somente nos hábitos alimentares, mas também na prática de atividades físicas, que deve ser estimulada, também, pelos ór gãos governamentais. “O consumo de alimentos saudáveis e a prática de atividades físicas podem reverter esse quadro, contudo, evidentemente, isso não envolve somente a população, mas também tem que haver um envolvimento governamental. É preciso incrementar a educação quanto à orientação para hábitos alimentares específicos nos diversos espaços sociais”, completou.
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